30/08/2010
Ana Flora Caminha
Cinco municípios da Amazônia Legal,
considerados prioritários no combate ao desmatamento,
oficializaram nesta segunda-feira (30), em
Brasília, a parceria com o Ministério
do Meio Ambiente para implementar o Projeto de Assistência
Técnica para realização de
Cadastro Ambiental Rural (CAR). As cidades escolhidas
são Feliz Natal, Brasnorte e Juína,
no estado do Mato Grosso, e Santana do Araguaia
e Marabá, no estado do Pará. Esses
municípios fazem parte da lista dos 42 que
mais desmatam na região amazônica.
O projeto-piloto, que poderá
ser ampliado a outros municípios e estados
da Amazônia brasileira, será executado
até julho de 2011, com recursos de doação
do Banco Mundial - 3,5 milhões de dólares
e contrapartida de 3 milhões de dólares
do Brasil - e parceria da The Nature Conservancy
do Brasil para sua execução. Com os
recursos disponibilizados, "os custos individuais
para a regularização ambiental das
propriedades rurais, que estão entre R$ 0,30
e R$ 1,00 por hectare, serão reduzidos",
explicou Mauro Pires, diretor do Departamento de
Políticas de Combate ao Desmatamento.
Com imagens de satélite,
será montada uma base cartográfica
das propriedades, com mapeamento do uso do solo.
"Em síntese, o CAR apresenta o estado
ambiental da propriedade, o quanto existe de área
de preservação permanente, de reserva
legal, de área degradada, área produtiva
e área de desmatamento", disse Mauro
Pires.
O objetivo do projeto é
que estabelecimentos rurais estejam em conformidade
com a legislação ambiental e que os
órgãos estaduais de meio ambiente
possuam a informação técnica
necessária para monitoramento e controle
ambiental de imóveis rurais, com as informações
do CAR inseridas no Sistema Integrado de Monitoramento
e Licenciamento Ambiental (Simlam).
+ Mais
ONU proclama Década sobre
Desertos e de Combate à Desertificação
na ICID 2010
04/08/2010
Cadija Tissiani
Como parte dos esforços para conter o acelerado
processo de desertificação enfrentado
por mais de 100 países e para mitigar os
impactos do aquecimento global em regiões
áridas e semiáridas do planeta, as
Nações Unidas lançam, oficialmente,
durante a abertura da II Conferência Internacional
sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento
em Regiões Áridas e Semiáridas
(ICID 2010), a Década da ONU sobre Desertos
e de Combate à Desertificação.
O lançamento global da
Década será conduzido pelo Secretário
Executivo da Convenção das Nações
Unidas de Combate à Desertificação
(UNCCD), Luc Gnacadja, na presença dos Ministros
do Meio Ambiente do Brasil, da Suíça,
do Niger, de Burkina Faso, do Senegal e de Cabo
Verde, além do governador do Ceará,
Cid Gomes, do coordenador da ICID 2010, Antônio
Rocha Magalhães, e diversas autoridades envolvidas
na agenda de combate à desertificação.
"Será uma década de discussões,
debates e buscas de soluções para
os problemas enfrentados por muitos países
no mundo", prevê Gnacadja.
A Década das Nações
Unidas sobre Desertos e de Combate à Desertificação
pretende ser um marco de conscientização
sobre as dimensões alarmantes da desertificação
em todo planeta, e de cooperação entre
os países desenvolvidos e em desenvolvimento,
e entre os setores público, privado e sociedade
civil, na elaboração de políticas
de prevenção e de adaptação
às mudanças climáticas nas
áreas consideradas de risco.
A UNCCD considera áreas
com risco de desertificação as zonas
áridas, semi-áridas, subúmidas,
e todas as áreas - com exceção
das polares e das subpolares - com Índice
de Aridez entre 0,05 e 0,65. Trinta e três
por cento da superfície do planeta se encontram
nessa faixa, atingindo cerca de 2,6 bilhões
de pessoas.
Na região Subsaariana,
na África, de 20% a 50% das terras estão
degradadas, atingindo mais de 200 milhões
de pessoas. A degradação do solo é
também severa na Ásia e América
Latina, onde mais de 357 milhões de hectares
são afetados pela desertificação,
segundo dados da UNCCD. Como resultado desse processo
perde-se a cada ano, nos 11 países da América
Latina, 2,7 bilhões de toneladas da camada
arável do solo, o que equivale a um prejuízo
de US$ 27 bilhões por ano.
Custo elevado - Segundo um estudo
sobre os custos da desertificação
na América Latina, conduzido pelo representante
da UNCCD na América Latina, Heitor Matallo,
mesmo considerando que a metodologia existente para
a avaliação econômica deve ser
aperfeiçoada, a fim de oferecer dados mais
precisos, as estimativas das perdas em solos e recursos
hídricos representam uma enorme perda econômica
que afeta milhões de pessoas e contribui
para a pobreza e a vulnerabilidade social.
No Brasil, onde mais de um milhão
de quilômetros quadrados é afetado
pela desertificação nos estados do
Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo,
o custo das perdas de solo e de recursos hídricos
chegam a US$ 5 bilhões por ano, o equivalente
a 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB), e afetam
negativamente a vida de mais de 15 milhões
de pessoas. Caso a previsão mais pessimista
se confirme - de que a temperatura do planeta suba
mais de 2 graus célsius -, até 2100
o País poderá perder até um
terço de sua economia.
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