Panorama
 
 
 

PRESIDENCIÁVEIS RECEBEM QUESTIONÁRIO SOBRE MUDANÇAS NO CÓDIGO FLORESTAL

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2010

27/08/2010 - A preocupação com as mudanças propostas pelo Projeto de Lei 1.876/99 no Código Florestal brasileiro levaram o movimento SOS Florestas e 12 organizações socioambientais a encaminhar, nesta sexta-feira (27/8), aos quatro candidatos melhor situados nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República, um questionário para que eles expressem suas posições e compromissos diante desse tema.

O questionário, com oito perguntas, foi enviado a Dilma Rousseff, José Serra, Marina Silva e Plínio de Arruda Sampaio. As respostas serão amplamente divulgadas no dia 21 de setembro, Dia da Árvore. O SOS Florestas é um movimento em favor de uma legislação ambiental mais justa e é coordenado por oito ONGs ambientalistas.

Na carta em que explicam a iniciativa, o SOS Florestas e as organizações afirmam que o Código Florestal (Lei Federal 4.771/65), tem sofrido nos últimos anos repetidas tentativas de flexibilização. “O mais recente ataque aconteceu por intermédio de projeto aprovado em julho de 2010 numa comissão especial da Câmara dos Deputados, dominada por parlamentares ruralistas, e relatado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PcdoB-SP). A carta ainda destaca alguns dos pontos preocupantes: “Tal projeto prevê substancial redução das áreas de preservação permanente (APPs), anistia a desmatadores, dispensa de reserva legal em mais de 90% dos imóveis e uma série de mudanças que classificamos como retrocessos e que atentam contra as metas de conservação e recuperação de nossos biomas (2010 é o ano internacional da biodiversidade) e ao atingimento das metas de redução de emissões assumidas pelo Brasil na Conferência do Clima em Copenhague e consagradas na Política Nacional de Mudanças Climáticas, aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado.“

As cartas com o questionário foram postadas nos Correios, com registro de AR (aviso de recebimento). As organizações definiram a data de 8 de setembro para que os candidatos enviem suas respostas com até 900 caracteres (cerca de 13 linhas para cada resposta). Elas serão reunidas em um documento único para a divulgação no Dia da Árvore.

As organizações que assinam a carta (leia abaixo) aos candidatos são: Associação Ambientalista Copaíba, Fundação SOS Mata Atlântica, Greenpeace, Grupo Ambientalista da Bahia (Gamba), Instituto Ambiental Vidagua, Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Instituto Socioambiental (ISA), Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, Mira-serra, Rede de ONGs da Mata Atlântica e WWF-Brasil
Brasília, 27 de agosto de 2010

Prezado(a) candidato(a),

Os temas ambientais vêm assumindo crescente importância na agenda de formuladores de políticas públicas e na opinião pública em geral, dada a importância que têm para a qualidade de vida das populações e a economia mundial.

O Código Florestal (Lei Federal 4771/65), que hoje é um dos pilares jurídicos das políticas nacionais de conservação da biodiversidade, de proteção aos recursos hídricos e de proteção a áreas frágeis, tem sofrido nos últimos anos repetidas tentativas de enfraquecimento.

O mais recente ataque aconteceu por intermédio de projeto aprovado em julho de 2010 em comissão especial da Câmara dos Deputados, dominada por parlamentares ruralistas, e relatado pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP). O documento (PL 1876/99) prevê substancial redução das áreas de preservação permanente (APPs), anistia a desmatadores, dispensa de reserva legal em mais de 90% dos imóveis e uma série de mudanças que classificamos como retrocessos.

Além disso, a proposta atenta contra as metas de conservação e recuperação de nossos biomas (2010 é o ano internacional da biodiversidade) e o atingimento das metas de redução de emissões assumidas pelo Brasil na Conferência do Clima em Copenhague e consagradas na Política Nacional de Mudanças Climáticas, aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado.

A partir deste preocupante quadro, as organizações abaixo-assinadas elaboraram um breve questionário para esclarecer à sociedade o posicionamento de sua candidatura em relação às propostas de mudança do Código Florestal.

Além de V.Sa., os seguintes candidatos receberão as mesmas questões, dispondo do mesmo tempo e espaço para respondê-las: Dilma Rousseff, José Serra, Marina Silva e Plínio de Arruda Sampaio. De posse das respostas, agruparemos todo o material e faremos uma ampla divulgação para imprensa e sociedade, em 21 de setembro, Dia da Árvore.

Solicitamos, assim, que V.Sa. responda às questões abaixo, utilizando até 900 caracteres sem espaços para cada resposta.

Consta do relatório aprovado pela Comissão Especial do Código Florestal que, quem desmatou ilegalmente antes de 2008, será anistiado. O(a) senhor(a) é favorável ou contrário a esta proposta? Por quê?

2. O(a) senhor(a) acredita que a atual legislação ambiental represente um entrave à produção agropecuária brasileira? Explique, por favor.

3. O(a) senhor(a) considera legítima a necessidade de se preservarem áreas de floresta em imóveis particulares para garantir a manutenção dos serviços ambientais ou acredita que só caiba ao Estado conservar estas áreas? Por quê?

4. O(a) senhor(a) acredita que seja possível ao país cumprir suas metas de redução de emissões de gases efeito estufa com uma lei menos protetiva às florestas? Como trabalhar a política florestal sob uma perspectiva de redução nas emissões nacionais?

5. O país tem vivenciado nos últimos anos um número crescente de desastres (deslizamentos, enchentes, secas) decorrentes da ocupação irregular de áreas que deveriam ser de preservação permanente, como encostas e beiras de rio.
6. A proposta de novo Código Florestal aprovada na comissão dispensa a recuperação dessas áreas. O(a) senhor(a) está de acordo com isso? Por quê?

7. Embora em algumas regiões da Amazônia ainda exista uma cobertura florestal extensa, no restante do país há um grande passivo florestal, ou seja, áreas que, mesmo protegidas por lei, estão desmatadas. Isso faz com que muitos imóveis rurais estejam em desacordo com o Código Florestal, gerando problemas aos proprietários, que podem ser multados, e à sociedade, que perde serviços ambientais. O(a) senhor(a) acredita que a melhor solução para esse problema seja retirar a proteção legal dessas áreas, e assim acabar com as multas, ou criar incentivos públicos para que os proprietários possam recuperá-las e assim se legalizarem? Quais suas propostas para a questão?

8. Como o(a) senhor(a) pretende encaminhar as discussões acerca da matéria caso venha a ser eleito?

Para que a divulgação ocorra na data planejada, é essencial que recebamos as respostas até o dia 8 de setembro, por correio eletrônico.
Agradecendo desde já pela participação nesse processo, de grande importância para dar visibilidade às propostas dos candidatos diante de tão relevante tema, colocamo-nos à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.

Atenciosamente,

Associação Ambientalista Copaíba
Fundação SOS Mata Atlântica
Greenpeace
Grupo Ambientalista da Bahia – Gamba
Instituto Ambiental Vidagua
Instituto Centro de Vida (ICV)
Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora
Instituto Socioambiental (ISA)
Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais
Mira-serra
Rede de ONGs da Mata Atlântica
WWF-Brasil

+ Mais

Sugestões do ISA sobre normas para sementes e mudas serão avaliadas pelo Ministério da Agricultura

03/09/2010 - As propostas também serão encaminhadas à assessoria jurídica do órgão para manifestação sobre a legalidade do conteúdo. Após essa etapa, a minuta daí resultante será publicada como norma. Ainda não há prazo para a definição da minuta.

A Coordenação de Sementes e Mudas (CSM), órgão do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), vai definir um grupo de trabalho para avaliar as sugestões feitas ao projeto de Instrução Normativa (IN) que regulamenta a produção e a comercialização de sementes e mudas de espécies florestais nativas e exóticas no país. A informação foi transmitida ao Instituto Socioambiental (ISA) pela assessoria de imprensa do MAPA.

Com a experiência que reuniu nas campanhas Y Ikatu Xingu e Cílios do Ribeira, o ISA encaminhou à CSM propostas de regras mais simples, que atendam ao mercado de restauração florestal e ao mesmo tempo permitam que grande parte dos atuais produtores de sementes e mudas de espécies nativas se regularizem. As sugestões foram apresentadas dentro da consulta pública instituída pela Portaria 320, de 25 de junho de 2010.

As propostas passarão por avaliação jurídica. Mas ainda não há prazo para a definição. Quando o trabalho for concluído, a minuta de norma será encaminhada à Consultoria Jurídica do Ministério da Agricultura para a devida manifestação sobre a legalidade do conteúdo. Após essa etapa, será publicada como norma. Uma vez constituído o grupo de trabalho, a equipe vai formular sua agenda conforme o prazo a ser estipulado pela CSM e pelo Departamento de Fiscalização de Insumos Agrícolas (DFIA), informa a assessoria.

O prazo para as contribuições terminou dia 31 de agosto. Mas a CSM ainda aguarda sugestões encaminhadas pelo Correio. Por isso, o MAPA não tem como definir número de autores e de propostas enviadas.

O grupo de trabalho será composto por fiscais federais agropecuários da CSM, das Superintendências Federais de Agricultura (SFAs) nos Estados e mais quatro membros representantes da Comissão Técnica de Sementes e Mudas de Espécies Florestais Nativas e Exóticas. Todas as manifestações recebidas serão respondidas e encaminhadas a quem as enviou, segundo o ministério.

A decisão de impor as complexas normas do Sistema Nacional de Sementes e Mudas igualmente para a silvicultura comercial e para o atendimento à demanda de plantios de interesse ambiental, somada às restrições que têm sido impostas à colheita de sementes em áreas protegidas são equívocos que precisam ser corrigidos. Essa é a opinião da professora Giselda Durigan, pesquisadora científica do Instituto Florestal do Estado de São Paulo.

Ela elogia as sugestões encaminhadas pelo ISA que vão favorecer especialmente os pequenos coletores de sementes e mudas de espécies nativas para restauração florestal. "A verdade é que à medida que se tornam mais complexas as exigências legais e burocráticas relativas à restauração de ecossistemas, diminui, na mesma proporção, a probabilidade de que uma área venha a ser restaurada em qualquer lugar do mundo", afirma.

Giselda lamenta a situação brasileira, quando comparada à de outros países. "Governos no primeiro mundo têm tomado todas as medidas necessárias para facilitar a vida de quem quer restaurar. Eles fornecem recursos, assistência técnica, sementes e mudas, etc. Enquanto isso, no Brasil, parece que os legisladores querem, cada vez mais, transformar o ato de restaurar ecossistemas em uma penitência, com muitos obstáculos", afirma.

"É louvável a iniciativa do ISA ao tentar, em última instância, conseguir que a colheita de sementes e produção de mudas com finalidade de restauração de ecossistemas sejam tratadas como exceções, que a própria norma admite, mas não apresenta no texto. Minha esperança é de que a redação final da Instrução Normativa me faça crer que a preocupação do governo com a recuperação dos ambientes degradados suplanta a preocupação com a arrecadação de mais tributos."

Além da pesquisadora, apoiaram o documento encaminhado à CSM os seguintes especialistas, empresas e organizações: Antônio Carlos Galvão de Melo – analista de recursos ambientais da Floresta Estadual de Assis, Instituto Florestal, SMA-SP; APREMARINE - Associação de Preservação do Meio Ambiente de Rio Negro – MS; empresas NBL Engenharia Ambiental Ltda, Bio Flora Comercial ltda – EPP, e Uliana & Rodrigues Ltda; Instituto Centro de Vida – ICV; Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ; The Nature Conservancy – TNC Brasil.


 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

Universo Ambiental  
 
 
 
 
     
SEJA UM PATROCINADOR
CORPORATIVO
A Agência Ambiental Pick-upau busca parcerias corporativas para ampliar sua rede de atuação e intensificar suas propostas de desenvolvimento sustentável e atividades que promovam a conservação e a preservação dos recursos naturais do planeta.

 
 
 
 
Doe Agora
Destaques
Biblioteca
     
Doar para a Agência Ambiental Pick-upau é uma forma de somar esforços para viabilizar esses projetos de conservação da natureza. A Agência Ambiental Pick-upau é uma organização sem fins lucrativos, que depende de contribuições de pessoas físicas e jurídicas.
Conheça um pouco mais sobre a história da Agência Ambiental Pick-upau por meio da cronologia de matérias e artigos.
O Projeto Outono tem como objetivo promover a educação, a manutenção e a preservação ambiental através da leitura e do conhecimento. Conheça a Biblioteca da Agência Ambiental Pick-upau e saiba como doar.
             
       
 
 
 
 
     
TORNE-SE UM VOLUNTÁRIO
DOE SEU TEMPO
Para doar algumas horas em prol da preservação da natureza, você não precisa, necessariamente, ser um especialista, basta ser solidário e desejar colaborar com a Agência Ambiental Pick-upau e suas atividades.

 
 
 
 
Compromissos
Fale Conosco
Pesquise
     
Conheça o Programa de Compliance e a Governança Institucional da Agência Ambiental Pick-upau sobre políticas de combate à corrupção, igualdade de gênero e racial, direito das mulheres e combate ao assédio no trabalho.
Entre em contato com a Agência Ambiental Pick-upau. Tire suas dúvidas e saiba como você pode apoiar nosso trabalho.
O Portal Pick-upau disponibiliza um banco de informações ambientais com mais de 35 mil páginas de conteúdo online gratuito.
             
       
 
 
 
 
 
Ajude a Organização na conservação ambiental.