Crédito: Cetem - Produção
da argamassa na unidade piloto - 23/08/2010 - 08:58
- Rejeitos finos oriundos do beneficiamento de quartzito
estão sendo utilizados como matéria-prima
para fabricação de argamassa. A produção
em escala piloto iniciou-se há cerca de 10
dias e gerou empregos diretos. Segundo o empresário
João Bosco, da Tec-Química, empresa
parceira do Centro de Tecnologia Mineral (Cetem/MCT)
no projeto Tecnologia Avançada para Mineração
de Quartzito da Paraíba, são produzidas
seis toneladas de argamassa
por dia.
O resíduo que hoje serve
de matéria-prima para a argamassa provocava
diversos danos ambientais e à saúde
da população do município de
Várzea, localizado a 320 km de João
Pessoa (PB), na região de Seridó.
Além de assorear rios, causava problemas
respiratórios, entre eles a silicose, e atraía
insetos peçonhentos.
Além dos rejeitos finos,
a atividade produz rejeitos grossos. As aparas,
como são denominados esses rejeitos, ainda
provocam graves danos ambientais, uma vez que são
depositadas em grande quantidade em terrenos próximos
às serrarias. Uma solução tecnológica
economicamente viável para o aproveitamento
desse material está em estudo. Estima-se
que serão geradas 15 toneladas de argamassa
por dia, quando a empresa iniciar o beneficiamento
das aparas, um volume duas vezes e meia maior do
que o produzido hoje.
A utilização do
resíduo na fabricação de argamassa
possibilitou que as empresas do ramo se adequassem
às normas estabelecidas pela Superintendência
de Meio Ambiente da Paraíba (Sudema) e permitirá
a continuidade da extração e beneficiamento
do quartzito, principal atividade econômica
da região. O órgão já
havia notificado os empresários locais acerca
da necessidade de melhoria dos processos, que geram
3000 quilos de rejeitos finos e 17 mil quilos de
aparas por dia.
O quartzito é uma rocha
ornamental com propriedade refratária. Por
ser resistente a altas temperaturas, é utilizada
como revestimento de paredes e piscinas, entre outros.
O projeto
O projeto Tecnologia Avançada
para Mineração de Quartzito da Paraíba
objetiva expandir e organizar a atividade do APL
de quartzito do Seridó, por meio da melhoria
da qualidade do produto e do processo de fabricação
da rocha, racionalizando o sistema de produção
de forma integrada, com a introdução
de novas máquinas e equipamentos.
Em julho, o Cetem entregou aos
mineradores de Várzea 16 máquinas
destinadas ao beneficiamento de quartzito, sendo
12 equipamentos de cortes manuais e semiautomáticos
e quatro prensas. A maioria do maquinário
adquirido será utilizada no aproveitamento
dos rejeitos grossos, que poderão ser empregados
em mosaicos de diversos tamanhos, telados, artefatos
minerais, além de outros tipos de revestimentos
de paredes. Parte desses rejeitos já é
aproveitada na confecção de mosaicos
telados.
Nesta mesma data, foi inaugurada
a usina-piloto de fabricação de argamassa
a partir de rejeitos de quartzito. O equipamento
principal para a produção da argamassa,
um misturador, foi desenvolvido no âmbito
do projeto e poderá gerar patente para o
Cetem e a Tec-Química.
Além da utilização
de rejeitos finos do quartzito em argamassa, pesquisadores
do Cetem já realizaram estudos em que verificaram
a viabilidade de aproveitamento dos mesmos para
a produção de vidro e cerâmica.
A equipe do Cetem envolvida no
projeto é composta pelos pesquisadores Francisco
Hollanda (coordenador), Julio Guedes, Antônio
Campos e Michele Babisk, da Coordenação
de Apoio Tecnológico à Micro e Pequena
Empresa. São parceiros da instituição
na execução do projeto a empresa Tec-Química,
a Associação Técnico-Científica
Ernesto Luiz de Oliveira Junior (Atecel), o Instituto
Nacional do Semiárido (Insa/MCT), a Universidade
Federal de Campina Grande (UFCG) e a Companhia de
Desenvolvimento de Recursos Minerais (CDRM), com
apoio financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep/MCT) e Sebrae/PB.