22/09/2010
Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As populações
das regiões Norte e Nordeste serão
as mais afetadas nas próximas décadas
se houver agravamento das condições
climáticas no Brasil, o que pode aprofundar
as atuais desigualdades regionais e de renda. O
diagnóstico consta na quarta edição
do Boletim Regional, Urbano e Ambiental, elaborada
por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), e feita com a participação
de especialistas de diversos setores no país.
O documento associa os problemas
climáticos ao aquecimento global e prevê
resultados de longo prazo. A perspectiva macroeconômica
traçada pelo estudo indica em uma das simulações
que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional poderia
ser, numa primeira hipótese prevista para
2050, de R$ 15,3 trilhões (no valor do real
em 2008). Em outra alternativa, com menos danos
para o meio ambiente, poderá chegar a R$
16 trilhões, se o clima ajudar.
O Ipea estima o risco de reduções
de 0,55% ou 2,3% respectivamente para esses valores.
O aquecimento global poderá elevar a temperatura
no Norte e Nordeste até 8 graus Celsius (ºC)
em 2100 como consequência do desmatamento
da floresta amazônica.
Entre os compromissos assumidos
pelo país no Protocolo de Quioto, a redução
do desmatamento figura como a contribuição
de menor custo. O valor médio de carbono
estocado na Amazônia foi estimado em US$ 3
por tonelada ou US$ 450 por hectare. Se esses valores
forem utilizados para remunerar os agentes econômicos
poluidores, seriam suficientes para desestimular
até 80% a pecuária na Amazônia.
Seria possível reduzir em 95% o desmatamento
com o custo de US$ 50 por tonelada de carbono, aponta
o Boletim Regional, Urbano e Ambiental divulgado
pelo Ipea.
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Estudo do Ipea mostra que mudanças
climáticas podem reduzir capacidade de geração
energia
22/09/2010
Lourenço Canuto
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As mudanças climáticas
poderão provocar, nas próximas décadas,
impactos "alarmantes" em algumas bacias
hidrográficas brasileiras, especialmente
no Nordeste. A redução dos estoques
de água até 2100 seria mais moderada
na Região Norte. Mas, nas demais, pode haver
redução da capacidade de geração
de energia hidrelétrica, de 29,3% a 31,5%.
Os dados são do divulgado hoje (22) pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Os impactos seriam menores no Sul e no Sudeste,
mas não o suficiente para repor as perdas
das regiões Norte e Nordeste.
Na agricultura, o aquecimento
do clima só não afetaria a lavouras
de cana-de-açúcar. As plantações
de soja sofreriam redução de 34% a
30%, as de milho, de 15%, e as de café, de
17% a 18%, com agravamento mais sério na
cultura de subsistência no Nordeste. A quarta
edição do Boletim Regional, Urbano
e Ambiental, divulgada hoje, avalia que o impacto
sobre as culturas agrícolas poderia ser compensado
ou amenizado nas próximas décadas
com modificações genéticas
dos produtos, o que exige investimento anual de
R$ 1 bilhão em pesquisas.
O uso de combustíveis renováveis,
no lugar dos derivados de petróleo evitaria
emissões de 203 milhões a 923 milhões
de toneladas de gás carbônico em 2035,
de acordo com o estudo. A produção
necessária para obter os combustíveis
alternativos envolveria o uso de 17,8 milhões
a 19 milhões de hectares e não seria
necessário usar áreas das culturas
de subsistência nas regiões. A necessidade
de produção dos alternativos não
pressionaria o desmatamento da Amazônia. Mas,
nas regiões Sudeste e Nordeste, no entanto,
poderia haver danos florestais e de matas se não
forem empregadas políticas adequadas para
os biocombustíveis.