(17/09/2010) Está comprovado:
o plantio direto, associado ao sistema integrado
lavoura-pecuária, com rotação
a cada quatro anos, é a alternativa
mais eficaz para o controle da emissão de
gases poluentes pela agricultura, como o dióxido
de carbono, o grande vilão do aquecimento
global. A pesquisa avaliou sistemas de produção
agrícola desenvolvidos nos municípios
de Santo Antônio de Goiás, em Goiás;
e em Bom Jesus, no Piauí.
O pesquisador Luiz Fernando Leite,
da Embrapa Meio-Norte, responsável pelo estudo,
trabalhou com cinco situações de cultivo
em Santo Antônio de Goiás: plantio
direto mais integração lavoura-pecuária
utilizando rotação de soja e braquiária
a cada dois e a cada quatro anos; preparo convencional
– com grade pesada e niveladora – mais integração
lavoura-pecuária usando arroz e braquiária
a cada três anos; plantio direto de soja e
milho; e plantio convencional de soja.
Do município de Bom Jesus,
ele pesquisou os sistemas de plantio direto de soja
e milho; plantio direto e integração
lavoura-pecuária com rotação
de braquiária e soja a cada dois anos; e
preparo convencional de soja. Tanto no Goiás
como no Piauí, os estudos revelaram que houve
seqüestro de carbono apenas nos sistemas de
plantio direto mais a integração lavoura-pecuária
a cada dois e quatro anos.
O resultado é importante,
segundo o pesquisador, para subsidiar o programa
de agricultura de baixo carbono, implementado no
País pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento e a Embrapa. O trabalho
é um aprofundamento da pesquisa iniciada
em 2006, com modelos de simulação
em computador.
A conclusão desse estudo,
com o título Modelagem do Sequestro de Carbono
em Sistema Integração Lavoura-Pecuária
no Brasil, será apresentada por Luiz Fernando
Leite no 4º Simpósio Internacional sobre
Estabilização da Matéria Orgânica.
O evento, que acontecerá de 19 a 23 deste
mês, na península de Presqu’ile de
Giens, no sul da França, é promovido
pelo Instituto Nacional Francês para Pesquisa
na Agricultura, e reunirá cientistas de vários
países.
A tecnologia
O plantio direto é caracterizado
pelo o não uso de máquinas e implementos
na lavoura. Ou seja: ao invés da utilização
de grades e arados, o produtor planta diretamente
sobre os restos das culturas da safra passada. Já
a integração lavoura-pecuária
consiste na diversificação da produção,
buscando o aumento e a eficiência na utilização
dos recursos naturais e a preservação
do meio ambiente.
O melhor é que o consórcio
de culturas ou cultivos múltiplos que, nesse
sistema, permite, durante o ano e numa mesma área,
a produção de grãos no período
das chuvas, que no estado do Piauí é
de novembro a abril, e de forrageira para o gado
bovino na entressafra – de maio a outubro -, além
de palhada em quantidade e qualidade para a viabilidade
do plantio direto.
Fernando Sinimbu
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Pesquisa tem projeto pioneiro
de compostagem de carcaças de grandes animais
(28/09/2010) As carcaças
de grandes e médios ruminantes causam graves
problemas ao meio ambiente. Dados zootécnicos
apontam que o índice de mortalidade de bovinos
pode atingir 3% do rebanho em condições
normais. Em situações extremas, como
raios, enchente, seca ou mudanças bruscas
de temperatura, este índice pode subir de
forma significativa. No último inverno, por
exemplo, o Mato Grosso do Sul registrou a morte
de cerca de três mil cabeças de gado
devido ao frio.
As carcaças destes animais
se decompondo ao tempo facilitam a transmissão
de doenças afetando outros animais e até
mesmo o homem. Enterrar as carcaças também
traz riscos. O pesquisador da Embrapa Gado de Leite,
Marcelo Otenio, diz que a decomposição
dos animais gera chorume e o resultado pode ser
a contaminação do lençol freático,
rios e lagos.
A compostagem é a proposta
ambientalmente correta para o destino dos animais
mortos. Trata-se de processo controlado de decomposição
de animais(foto). As carcaças são
depositadas sobre matéria vegetal (folhas
de árvores, galhos, restos de silagem, serragem,
picados em tamanho máximo de 2 cm) e esterco
seco.
Segundo Otenio, em um mês
um bovino é totalmente decomposto, sem produzir
chorume ou mau cheiro, podendo restar apenas alguns
ossos mais resistentes. O material resultante da
compostagem pode ser usado como adubo. “A Embrapa
Gado de Leite pretende iniciar uma pesquisa para
verificar a qualidade deste adubo e as condições
seguras para que ele possa ser utilizado na fazenda”,
diz Otenio.
O Brasil já desenvolve
cotidianamente a compostagem de pequenos animais,
como suínos e aves. A expectativa da Embrapa
Gado de Leite e da Embrapa Caprinos e Ovinos é
que a técnica conquiste o produtor. Otenio
diz que o processo não demanda tanta mão-de-obra
e nem interfere de forma significativa nos custos
de produção, considerando o retorno
positivo para o meio ambiente.
Os trabalhos de compostagem
desenvolvidos fazem parte do Projeto de Gestão
Ambiental da Embrapa. Os pesquisadores que estão
à frente das ações foram capacitados
na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.
Na Embrapa Gado de Leite a compostagem é
realizada no Campo Experimental de Santa Mônica,
em Valença – RJ.
Rubens Neiva