Há exatos
23 anos o Brasil se comoveu com um dos mais emblemáticos
acidentes com lixo radioativo que já aconteceu
no mundo.
O desastre começou no dia
13 de setembro de 1987, quando dois catadores de
lixo de Goiânia, curiosos com o brilho azul
emitido pelo Césio 137, recolheram o material
encontrado nos escombros de um antigo hospital e
o levaram para suas casas.
Em pouco tempo o material radioativo,
que estava dentro de um aparelho de radioterapia
abandonado, se espalhou pela cidade, contaminando
pessoas, animais e solo.
Após o desastre foram recolhidos
mais 13,4 toneladas de lixo radioativo, armazenados
posteriormente em um depósito construído
na cidade de Abadia (GO), distante 24 quilômetros
de Goiânia. Mas a pior herança do Césio
foi a contaminação de mais de mil
pessoas, que até hoje sofrem com as consequências
do acidente.
O acidente do césio é
o ícone do que acontece frequentemente no
programa nuclear brasileiro. "A tragédia
de Goiânia é reflexo da falta de estrutura
e de segurança do programa nuclear brasileiro",
diz André Amaral, responsável pela
campanha de energia nuclear no Greenpeace. "Assim
como aconteceu no caso do Césio, existem
várias pessoas que foram contaminadas pelo
programa nuclear irresponsável e várias
que possivelmente ainda sofrerão, caso o
governo insista nesse plano de aventura nuclear."
Em entrevista ao Portal EcoDebate,
Odesson Alves Ferreira, presidente da Associação
das Vítimas do Césio 137 (AVCésio),
fala sobre a lentidão do processo de indenização
das pessoas contaminadas, da ignorância dos
responsáveis e da falta de educação
sobre os riscos da radioatividade em geral. "O
desastre daqui foi o maior acidente radioativo em
área urbana do mundo", afima Ferreira.
+ Mais
Promessas pela proteção
da floresta
Hoje, Dia da Árvore, o
Greenpeace e outras 11 organizações
socioambientalistas, protocolaram no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) um documento com o posicionamento
dos presidenciáveis sobre as mudanças
no Código Florestal promovidas pelo deputado
Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e seus colegas ruralistas.
Os questionamentos foram feitos
em agosto aos quatro principais candidatos à
Presidência. Dilma Rousseff (PT), José
Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio
de Arruda Sampaio (PSOL) se manifestaram contra
os principais pontos da proposta, em especial o
que anistia quem desmatou ilegalmente.
A petista Dilma Rousseff defendeu
que “a eventual conversão de multas só
deve ocorrer após ações efetivas
de recuperação das áreas desmatadas
ilegalmente”, e citou o Programa Mais Ambiente do
governo federal como um caminho seguro para a regularização
ambiental das propriedades agrícolas.
Dilma diz não acreditar
que a atual legislação ambiental seja
um entrave à expansão agropecuária.
“O Brasil pode expandir sua produção
agrícola sem desmatar. Hoje existem 60 milhões
de hectares de pasto mal utilizados ou subutilizados
que precisam ser recuperados.”
Serra também se posicionou
contrário à anistia a desmatadores,
defendeu a recuperação de matas ciliares
em propriedades rurais e a retirada de ocupações
em encostas e beiras de rios.
O presidenciável tucano
falou ainda sobre a importância da proteção
das florestas no cumprimento das metas de redução
da emissão de carbono. “Uma forte política
de recuperação florestal poderá
absorver importante volume de carbono da atmosfera.”
A candidata do Partido Verde,
Marina Silva, disse que a proposta do deputado Aldo
Rebelo de anistiar desmatadores gera impunidade,
favorecendo o descrédito da lei e o aumento
do desmatamento. “No lugar da anistia deveriam ser
criados meios para que o produtor recupere as áreas
e possa se aliar à defesa do Código
Florestal.”
Marina também defendeu
a proteção das florestas brasileiras
como um dos meios de contribuir para a redução
das emissões. “O desmatamento é o
principal fator de emissão de gases de efeito
estufa no Brasil, de modo que a busca pelo cumprimento
das metas de redução por parte do
governo federal deve ser coerente, colocando a garantia
da preservação na discussão
sobre a alteração da legislação.”
Como os demais candidatos, Plínio
de Arruda Sampaio se declarou contrário à
mudança aprovada por ruralistas na Câmara
e à anistia. “O Brasil é o único
lugar que conheço que reforma um código
florestal para permitir mais corte de árvores
e não para proteger a natureza.” Plínio
afirmou que a atual legislação não
representa um entrave à produção
rural, defendeu o desmatamento zero e a remoção
de moradores de áreas de risco que deveriam
ser preservadas, como encostas e beiras de rios
para locais seguros.
As respostas serão enviadas
ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo
Lewandowski, com o pedido de que sejam anexadas
aos programas de governo apresentado pelos partidos.