29/10/2010
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira, disse hoje (29)
que os resultados da 10ª Conferência
das Partes da Convenção das Nações
Unidas sobre Biodiversidade Biológica (COP-10),
são “muito positivos” e podem influenciar
o sucesso da negociação da ONU sobre
mudanças climáticas, no fim de novembro
em Cancún, no México.
A COP-10, que ocorre em Nagoya,
no Japão, aprovou hoje um novo plano de metas
para conservação de ecossistemas até
2020 e um protocolo para regulamentar o acesso e
repartição de benefícios do
uso de recursos da biodiversidade.
“Estamos muito satisfeitos com
os resultados. Agora, precisamos trabalhar duro
pela implementação das decisões”,
disse a ministra em entrevista após a plenária
final da COP-10, que avançou pela madrugada,
no horário do Japão.
A ministra acredita que os resultados
de Nagoya mostram que é possível chegar
a um acordo internacional satisfatório na
16ª Conferência das Partes da Convenção
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, marcada para novembro, em Cancún.
“Sou pragmática e otimista.
Acredito que podemos chegar a bons resultados em
Cancún. O que vimos aqui [na COP-10] mostra
que é possível fechar acordos apesar
das diferenças entre os países”, avaliou.
Segundo Izabella, o próximo
passo, em relação à COP-10,
é elaborar versões nacionais para
as metas de conservação e detalhar
como o Brasil irá se comprometer com a biodiversidade
até 2020. De acordo com a ministra, o combate
ao desmatamento no Cerrado será um dos grandes
desafios.
Já as novas regras internacionais
sobre acesso e uso de recursos da biodiversidade
deverão complementar e estimular a implementação
da legislação nacional sobre o tema,
segundo Izabella Teixeira. Atualmente, a questão
é regulada por uma medida provisória.
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Em conferência, ONU fecha
novo acordo para proteção da biodiversidade
29/10/2010
Da Agência Brasil
Brasília – Depois de duas semanas de negociação
na 10ª Conferência das Partes da Convenção
das Nações Unidas sobre Biodiversidade
Biológica (COP-10), mais de 190 países
aprovaram hoje (29), em Nagoya, no Japão,
um novo acordo internacional para proteção
e uso do recursos da biodiversidade do planeta.
Os negociadores aprovaram um novo
plano de metas para reduzir a perda de biodiversidade
no mundo até 2020. O plano inclui metas para
ecossistemas terrestres, marinhos e um compromisso
específico para florestas, com compromisso
de reduzir pela metade o desmatamento até
2020.
O novo conjunto de regras aprovado
na COP-10 também inclui um protocolo para
regulamentar o acesso e uso da biodiversidade, o
chamado ABS (sigla do inglês Access and Benefit-Sharing
– Acesso e Repartição de Benefícios,
na tradução livre), que era um dos
grandes nós da negociação em
Nagoya.
O acordo pretende coibir a biopirataria
e garantir o repasse de recursos para países
“donos” de biodiversidade e até para comunidades
que detêm conhecimento tradicional sobre recursos
da floresta utilizados pela indústria farmacêutica,
por exemplo.
Edição: Lana Cristina
+ Mais
Banco Mundial apoiará ações
que incluam despesas para reparar a natureza
29/10/2010
Da BBC Brasil
Brasília - O Banco Mundial lançou
um programa global cujo objetivo é ajudar
países a incluir os custos da destruição
da natureza nas contas públicas. A base de
orientação do novo programa é
o estudo denominado A Economia dos Ecossistemas
e Biodiversidade.
A proposta é ajudar governos
a incluir as revelações do estudo
em suas políticas. Pela pesquisa, das Nações
Unidas, os cálculos indicam que a degradação
do mundo natural causa prejuízos à
economia global de US$ 2 bilhões a US$ 5
bilhões por ano.
O presidente da instituição,
Robert Zoellick, disse que a destruição
ambiental é causada em parte porque os governos
não contabilizam o valor da natureza. O programa
foi anunciado durante a Convenção
da Organização das Nações
Unidas sobre Diversidade Biológica em Nagoya,
no Japão. As informações são
da BBC Brasil.
O projeto piloto envolve dez países,
entre eles a Índia e a Colômbia. "Sabemos
que o bem-estar do homem depende de ecossistemas
e da biodiversidade", disse Zoellick. "Também
sabemos que eles são degradados de forma
alarmante", acrescentou.
"Uma das causas é
o nosso fracasso em avaliar propriamente os ecossistemas
e tudo o que fazem por nós - e a solução,
portanto, está em contabilizar os serviços
[oferecidos pelo] ecossistema quando os países
fazem políticas", afirmou.
Para o ministro do Meio Ambiente
da Noruega, Erik Solheim, reavaliar a natureza a
partir desses critérios obriga uma mudança
de postura das empresas. "Nós precisamos
sair de uma situação onde os benefícios
dos serviços do ecossistema são privatizados
enquanto os custos são socializados",
disse Solheim.
Ele afirmou ainda que os custos
totais do impacto negativo sobre os ecossistemas
devem ser cobertos pelos que recebem os benefícios
de sua destruição.
+ Mais
Pesquisa constata redução
dos manguezais no litoral sul de São Paulo
27/10/2010
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Pesquisa realizada com base na
análise de imagens de satélite constatou
uma diminuição das áreas ocupadas
por manguezais na região de Iguape, no litoral
sul paulista. O estudo, financiado pela Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Fapesp) e realizado em parceria com o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), constatou
que algumas áreas têm sofrido intensa
redução com a formação
de grandes clareiras.
O litoral sul é a parte
do estado de São Paulo com as maiores áreas
de mangue preservadas. Entretanto, a entrada de
água doce pelo canal do Valo Grande está
“alterando a dinâmica do manguezal”, explica
a bióloga Marília Cunha Lignon, responsável
pelo trabalho. “Espécies invasoras têm
substituído os bosques de mangue”, diz a
especialista.
A fauna aquática também
tem sofrido com a infiltração de água
nessas regiões. “Essa água doce faz
com que uma série de peixes de água
salobra tenham morrido nessa região”, relata
a pesquisadora. Além disso, de acordo com
Marília, a falta dos mangues é um
fator que dificulta a reprodução de
diversas espécies, tanto de invertebrados,
quanto de peixes, que procriam nessas áreas.
Ela lembra que os mangues exercem
uma função relevante de proteção
da costa e têm importância crescente
com as mudanças climáticas e o provável
aumento do nível do mar.
O diretor da Divisão Municipal
de Meio Ambiente de Iguape, André Shibud
Gimenez, disse que já se verifica uma morte
“perene e constante” dos manguezais e do plâncton
em uma faixa de mais de 50 quilômetros. “Em
Ilha Comprida, por exemplo, a comunidade caiçara
de Juruvauva, que sobrevive da pesca e do cultivo
de ostras, está em sérias dificuldades.
O peixe se afastou e as ostras morreram por falta
de salinidade”, contou.
Para conter esse processo, a prefeitura
defende a recomposição das comportas
do Valo Grande. Marília Lingnon conta que
o canal foi construído há cerca de
150 anos para facilitar o transporte do arroz que
era produzido na região. O cereal era levado
das margens do Rio Ribeira até o Porto de
Iguape, que antes da construção do
terminal em Santos, tinha grande importância
para a economia local. Com o tempo, a força
das águas alargou o canal dos quatro metros
originais, para os 40 metros atuais.
O controle da vazão por
meio das comportas, no entanto, pode trazer prejuízos
às plantações de banana de
algumas comunidades quilombolas, alerta Marília.
“Não é uma questão fácil”,
ressalta.
Porém, a administração
municipal acredita que a repercussão social
do declínio do turismo e da pesca é
maior do que os possíveis problemas com a
agricultura. “A quase extinção da
fauna marinha do Mar Pequeno provoca muito mais
preocupação do que a possibilidade
de inundação em alguma área
de monocultura da banana”, destacou a prefeitura
por nota. Segundo o comunicado, a obra já
foi requisitada para o governo do estado.
A bióloga informou que
os dados que constatam a diminuição
dos manguezais são apenas os primeiros resultados
da pesquisa, que foi iniciada em julho e que deve
ser finalizada em dois ou três anos.