Estudo aponta a necessidade de
proteger 25% da área
continental e 15% dos oceanos até 2020
Washington, DC, 15 de outubro
de 2010 Os líderes mundiais que estarão
reunidos na Conferência das Nações
Unidas pela Diversidade Biológica, que começa
semana que vem em Nagoya (Japão), devem chegar
a um acordo para proteger 25% dos continentes e
15% dos oceanos até 2020, se quiserem ter
sucesso na solução da crise ambiental
do planeta. Esses dados são o resultado de
uma nova análise científica divulgada
hoje pela Conservação Internacional.
Ampliar as áreas sob proteção
oficial é crucial para asssegurar a manutenção
da biodiversidade e dos serviços vitais que
a natureza oferece às pessoas. Os habitats
naturais (e as espécies e os recursos genéticos
que eles abrigam) são a base da economia
global e fonte de recursos para bilhões de
pessoas que dependem diretamente deles para alimentação,
renda e abrigo. Atualmente, apenas 13% da superfície
terrestre e menos de 1% dos oceanos estão
sob proteção legal. Segundo o estudo
são necessários pelo menos 17% da
superfície terrestre para a proteção
de áreas prioritárias para a biodiversidade,
além de um percentual que varia entre 6 e
11% a mais para garantir um adequado estoque de
carbono em ecossistemas naturais. A pesquisa realizada
pela CI considera como áreas protegidas não
apenas unidades de proteção integral
da natureza, mas também espaços de
múltiplos usos como recreação,
atividades econômicas sustentáveis
ou dedicadas a preservar o seu valor cultural e/ou
estético único.
Quando os líderes mundiais
se reunirem na Convenção sobre Diversidade
Biológica (CDB), que começa na segunda-feira
(18/10), em Nagoya, eles irão discutir um
conjunto de 20 metas para reduzir a perda de biodiversidade
na próxima década, sendo uma delas
a necessidade de novas áreas protegidas.
Os números que estão sendo discutidos
giram em torno de 15 a 20% para superfície
terrestre e um percentualainda a ser determinado
para os oceanos.
"As metas atuais são
claramente míopes e deixam a desejar na proteção
da biodiversidade e dos serviços ambientais
essenciais ao ser humano. A ciência nos mostra
que precisamos de mais áreas protegidas e
indica a localização das áreas-chave
", afirma Frank Larsen, da Conservação
Internacional, e principal autor da análise.
"Há também evidências de
que os custos da expansão das áreas
protegidas são compensados pelos inúmeros
benefícios gerados, incluindo novos empregos
e pela capacidade das pessoas de resistirem aos
efeitos da mudança climática",
conclui o cientista.
Lina Barrera, uma das lideranças
da Conservação Internacional para
as negociações na CDB, explica que
o problema é que a maior parte dos custos
são locais, enquanto a maior parte dos benefícios
são globais. Por isso os políticos
não vêm muito incentivo para fazer
as coisas acontecerem. Chegou a hora de sermos corajosos
e realistas sobre a necessidade premente de adotar
um caminho rumo a um futuro mais sustentável",
acrescenta.
De acordo com o estudo conduzido
pela CI, a meta de proteção dos 25%
da superfície terrestre e 15% dos oceanos
ainda é uma estimativa preliminar e conservadora.
A análise enfocou apenas a necessidade de
garantir estocagem de carbono. Quando outros importantes
serviços ambientais como fornecimento de
água, polinização e pescado
são adicionados à conta, os números
aumentarão. Além do mais, sabe-se
que, em regiões sob alto impacto de degradação
ambiental, as áreas protegidas são
provavelmente a única porção
de ambiente natural que restará intacta.