Panorama
 
 
 

NOVAS AÇÕES CONTRA AS MUDANÇAS DO CLIMA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Outubro de 2010

26 Outubro 2010
Na reunião anual do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, no dia 26/10 em Brasília (DF), o governo informou que o Brasil emitiu 2,2 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (tCO2eq), em 2005, e que devido a políticas ambientais, deve reduzir suas emissões para 1,8 bilhões de tCO2eq enviados à atmosfera no ano passado.

Pelos cálculos oficiais, a queda pode chegar 33,6% em relação a 2004, quando houve um pico das emissões brasileiras, de 2,6 bilhões de toneladas de CO2eq, tipo de medida que considera todos os gases de efeito estufa. As estimativas estão baseadas na contenção do desmatamento da Amazônia.

“Em 2009, o desmatamento na Amazônia foi de aproximadamente 7 mil quilômetros quadrados, número bem menor quando comparado com os quase 20 mil verificados em 2005 e 25 mil em 2004. A tendência é de que tenhamos uma redução para 5 mil quilômetros quadrados em 2010”, disse o ministro Sérgio Rezende, baseado em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais que devem ser consolidados em novembro.

O superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, comemora o resultado e avalia que o país pode pensar em desmatamento zero para a Amazônia, ultrapassando e antecipando a meta de redução de 80% do desmatamento na região até 2020, bem como ampliando a proteção para outros biomas brasileiros.

"Podemos celebrar os resultados, que mostram que dá para pensar em desmatamento zero e não apenas no corte de 80% nas emissões na Amazônia. Inclusive porque, até 2020, as emissões podem crescer e mudar o cenário atual em função de mudanças nas políticas públicas e aumento das emissões. Alterações no Código Florestal e avanço do desmatamento no Cerrado já são ameaças reais a essas projeções positivas sobre a capacidade do Brasil de atingir seu compromisso voluntário de redução de emissões. Manter o desmatamento baixo é um desafio", ressaltou Scaramuzza.

Reforço no combate

O governo também informou ontem sobre novas medidas para conter as emissões nacionais de gases que ampliam o efeito estufa e aquecem o planeta. Entre elas, está a regulamentação do Fundo Nacional sobre Mudanças do Clima, o estabelecimento de diretrizes para reduzir as emissões por setores da indústria e a apresentação da Segunda Comunicação Nacional à Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima.

A partir do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, o Brasil reduziu em mais de 70% a taxa anual de desmatamento na Amazônia nos últimos sete anos. Isso contribuiu para reduzir as emissões nacionais de gases de efeito estufa em 2,9 bilhões de toneladas de carbono equivalente até 2009. Esses números, conforme o governo, revelam o avanço no compromisso voluntário apresentado pelo país na 15ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Copenhague, ano passado.

"Desde 2003, estamos trabalhando fortemente em nossas ações de mudanças climáticas. Mesmo com o nosso forte crescimento econômico, nossas ações já resultam em uma redução de 2,8 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Se continuarmos assim, e tudo indica que vamos continuar, a nossa meta voluntária de redução será cumprida em 2016, quatro anos antes do que tínhamos prometido", disse o presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Conforme dados oficiais, as emissões brasileiras de gases de efeito estufa aumentaram cerca de 60% entre 11000 e 2005, passando de 1,4 gigatoneladas para 2,2 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente. O desmatamento ainda é o principal vilão das emissões nacionais. As perdas diretas de florestas são responsável por 61% do total de emissões. A agricultura aparece em seguida, com 19% e o setor de energia é responsável por outros 15%. O inventário também contabiliza emissões da indústria e do tratamento de resíduos, responsáveis por 3% e 2% do total nacional, respectivamente.

A Segundo Comunicação Nacional à UNFCC é um inventário atualizado das emissões nacionais de gases de efeito estufa por setor econômico, de 11000 a 2005. Mais de 600 instituições e cerca de 1.200 especialistas de vários setores - energia, florestal, industrial, agricultura e tratamento de resíduos - foram mobilizadas para a sua preparação. A primeira comunicação foi apresentada em 2004, com dados para o período de 11000-2000.

A assinatura de um decreto com as regras para o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima estabeleceu um comitê diretor para gerir, monitorar e avaliar a alocação de recursos financeiros para projetos nacionais, estudos e ações para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas e seus efeitos. O comitê será composto por representantes do governo brasileiro, comunidade científica, empresários, trabalhadores e organizações não-governamentais.

O orçamento inicial do fundo previsto para 2011 é de R$ 226 milhões. O fundo permite que os recursos já existentes e os previstos na Lei do Petróleo sejam utilizados para adaptação e mitigação às mudanças do clima. Além dos recursos oriundos da participação especial nos lucros da cadeia produtiva do petróleo, o fundo poderá receber recursos de outras fontes, inclusive internacionais.

Outra medida foi a apresentação de planos de ação para prevenção e controle do desmatamento (Amazônia e Cerrado) e para os setores de energia, agricultura e siderurgia. Esses planos reúnem diretrizes e propostas de ações estratégicas para a redução voluntária da emissão de gases previstos na Política Nacional sobre Mudança do Clima, aprovada em 2009. A elaboração desses planos contou com a participação de diversos segmentos da sociedade representativos dos setores, afirma o governo. Os Sumários serão entregues ao Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas para discussão em reunião prevista para novembro.

As iniciativas anunciadas ontem definirão as bases para a estratégia do Brasil para a 16ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP16), de 29 de novembro a 10 de dezembro, em Cancún (México).
* com informações do Ministério da Ciência e Tecnologia e CDN

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Ministros amazônicos manifestam interesse na conservação integrada da região em Nagoia

27 Outubro 2010
Ligia Paes de Barros, de Nagoia
WWF-Brasil
Durante a 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, que acontece em Nagoia até 29 de outubro, as negociações em torno de um Plano Estratégico para a próxima década que reduza a perda da biodiversidade no mundo continuam. E uma das reivindicações da Rede WWF e do WWF-Brasil para esse Plano Estratégico é o compromisso dos países em conservar, em áreas protegidas, 20% de diferentes ecorregiões do planeta.

O Programa de Trabalho de Áreas Protegidas da CDB recomenda que, uma vez que as ecorregiões são áreas com características naturais comuns e que não necessariamente estão inteiramente dentro de apenas um país, os diversos países de uma mesma ecorregião trabalhem conjuntamente na conservação da biodiversidade para atingir resultados mais expressivos.

Nesse contexto, hoje, ministros de Meio Ambiente de seis países amazônicos - Brasil, Peru, Equador, Suriname, Colômbia e França (Guiana Francesa) - se reuniram em Nagoia e confirmaram interesse em trabalharem conjuntamente para conservação da região.

Os ministros afirmaram que irão apoiar, nos próximos dez anos, a implementação de um plano de ação indicado no primeiro relatório regional de implementação do Plano de Trabalho da CDB sobre Áreas Protegidas na Amazônia, realizado por diretores de áreas protegidas dos nove países amazônicos com apoio de organizações, entre elas o WWF.

“Esperamos poder trabalhar juntos nessa iniciativa de conservação regional da Amazônia e também contribuir para o sucesso dessa COP 10”, afirmou a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira. “nós precisamos reconhecer o trabalho que já foi feito nesse sentido até agora, com resultados impressionantes, mas também fornecer um aparato político para que esse trabalho continue a ser feito”, ressaltou Teixeira.

Para Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil, esse encontro mostrou uma convergência de interesses excepcional. “Essa disposição de todos os ministros em cooperar é muito positiva. A possibilidade de troca de experiências entre os países amazônicos é fundamental para conseguirmos cumprir as metas da CDB relacionadas a áreas protegidas e conservar eficientemente essa região fundamental para a saúde do planeta”, afirmou Hamú.

Os ministros ainda apontaram a importância desse trabalho conjunto na conservação da Amazônia para a manutenção dos serviços ecológicos da região e a resistência frente às ameaças das mudanças climáticas.

“Estamos falando de uma das regiões ecológicas mais importantes do mundo – a Amazônia – de um dos esforços de conservação mais significativos do mundo – as áreas protegidas dos nove países amazônicos –, com um vínculo muito grande com a implementação das decisões da CDB, afirmou Cláudio Maretti, superintendente de conservação do WWF-Brasil.

Segundo Maretti esse encontro e comprometimento dos ministros dos países para a conservação integrada da Amazônia é fundamental para a efetividade desse trabalho conjunto já iniciado. “Esperamos que o que aconteceu hoje continue se repetindo em outros encontros internacionais para que esse trabalho seja consolidado cada vez mais”, afirmou Cláudio Maretti.

Primeiro relatório de conservação regional da Amazônia

Essa semana, foi apresentado em evento paralelo na COP 10, o primeiro Relatório Regional de Implementação do Plano de Trabalho de Áreas Protegidas da CDB. O trabalho é uma parceria entre diversos países por meio da Redparques (Rede Latino-americana de Áreas Protegidas), com o apoio técnico da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), secretariado da CDB, e a Rede WWF, e a participação da Comunidade das Nações Andinas (CAN) e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Otca).

O relatório apresentado mostrou resultados alcançados pelo trabalho na região em relação à identificação de oportunidades de conservação regional, efetividade de gestão, sustentabilidade financeira e experiências de conservação de populações indígenas e comunidades locais.

“Estamos no começo desde trabalho que possui muitas possibilidades, mas também muitos desafios”, afirmou Fábio França, diretor de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente do Brasil.

O desafio do financiamento

Segundo França, entre as principais dificuldades encontradas na implementação do programa de trabalho regional foi a falta de recursos financeiros: há uma lacuna financeira para apoiar o programa de 500 milhões de dólares e mais 150 milhões de dólares anuais, além do volume já investidos pelos países com seus orçamentos nacionais.

“A dificuldade encontrada pelos países amazônicos na implementação de um trabalho conjunto de conservação demonstra a importância da discussão em torno da mobilização de recursos financeiros durante essa conferência em Nagoia, pois é necessário dar condições para implementação do plano estratégico que se espera seja aprovado aqui” afirmou Cláudio Maretti.

Esse assunto também foi abordado durante o encontro dos ministros amazônicos. “É preciso fazer com que a comunidade internacional reconheça a importância desse trabalho e forneça o apoio financeiro necessário para a sua continuidade”, disse a ministra Teixeira ressaltando a importância mundial da Amazônia.

A importância das áreas protegidas da Amazônia

As áreas protegidas são um instrumento fundamental em qualquer estratégia de desenvolvimento sustentável e conservação da diversidade ecológica e cultural. O conjunto de sistemas nacionais de áreas protegidas nas áreas amazônicas nos nove países representa aproximadamente 21% do total da região, sem incluir os 26% do território em terras indígenas e outras categorias que contribuem para a conservação da biodiversidade. Além disso, 78% de todas as áreas protegidas criadas no mundo entre 2003 e 2009 estão na Amazônia e este bioma contém 2,16% de todas as áreas protegidas do mundo. Esse esforço na região foi reconhecido pela terceira edição do relatório “Panorama Global de Biodiversidade” como um dos principais resultados obtidos em termos de conservação da biodiversidade na última década.


 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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