por Thiago de Mello Bezerra última
modificação 19/11/2010 15:38
Brasília (19/11/2010) – O Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio) promoveu entre os dias 7 e 12, em Brasília,
a Oficina de Avaliação do Estado de
Conservação das Espécies de
Chondrichthyes (tubarões, arraias e quimeras)
no Brasil. O evento, que terá
uma segunda edição no próximo
ano, contou com a parceria da União Internacional
para a Conservação da Natureza (IUCN,
na sigla e inglês) e da Gerência de
Biodiversidade Aquática do Ministério
do Meio Ambiente.
O objetivo foi avaliar os riscos
de extinção de 78 das 178 espécies
de tubarões, arraias e quimeras que ocorrem
no Brasil. Participaram da oficina vários
especialistas brasileiros, entre taxonomistas, ecólogos
e biólogos pesqueiros, além de integrantes
da Coordenação de Avaliação
do Estado de Conservação da Biodiversidade
(COABio/CGESP), do ICMBio. Os trabalhos tiveram
o apoio de dois facilitadores da IUCN e dois do
ICMBio.
Segundo Monica Peres, do Ibama,
coordenadora de avaliações de peixes
marinhos, 45% das espécies de tubarões
e arraias foram avaliadas em alguma categoria de
ameaça, sendo 23% consideradas criticamente
ameaçadas, 6% em perigo e 15% vulneráveis.
Além disso, uma espécie está
regionalmente extinta no Brasil, 27% estão
quase ameaçadas e 27% foram classificadas
como dados insuficientes.
Essas avaliações
ainda passarão por uma etapa de revisão
cientifica ao serem publicadas na revista eletrônica
do ICMBio, “Biodiversidade Brasileira”. Preocupados,
os participantes da oficina elaboraram um documento
solicitando a implementação de medidas
de conservação para essas espécies.
O documento foi entregue ao presidente do ICMBio,
Rômulo Mello.
Os coordenadores desse grupo taxonômico,
Patricia Charvet (Senai-PR), Ricardo Rosa (UFPB)
e Rosangela Lessa (UFRPE), junto com Monica Peres
(Ibama), continuarão o trabalho de articular
os especialistas na compilação dos
dados necessários para completar as avaliações
na próxima oficina em 2011.
Os tubarões, arraias e quimeras, também
conhecidos como Chondrichthyes, Elasmobrânquios
ou peixes de couro, são peixes que tem esqueleto
cartilaginoso e apresentam características
biológicas, ecológicas e comportamentais
muito diferentes dos peixes ósseos, ou peixes
de escama.
Muitas dessas espécies
tem vida longa, baixa fecundidade e baixa mortalidade
natural. Por isso, a capacidade de reposição
populacional é bastante reduzida. Somado
ao fato de que muitas dessas espécies costumam
agregar em épocas e locais definidos para
a cópula ou para o parto e terem seus berçários
em águas rasas, isso torna o grupo especialmente
vulnerável a qualquer nível de intensidade
de pesca, como foi confirmado pelas avaliações
realizadas durante a oficina.
Os peixes incluem as classes Agnatha
(peixes sem mandíbula), Ostheichthyes (peixes
ósseos) e Chondrichthyes e são o grupo
de vertebrados mais numeroso e mais diversificado,
com mais de 40.000 espécies descritas no
mundo. O Brasil abriga mais de 1.300 espécies
de peixes marinhos e quase 4.000 espécies
de peixes continentais.