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ESTUDO AFIRMA QUE MUDANÇAS NO CÓDIGO FLORESTAL PODEM IMPEDIR BRASIL DE CUMPRIR METAS DE EMISSÃO DE CO2

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2010

23/11/2010 - Um estudo encomendado pelo Observatório do Clima, que reúne 35 organizações socioambientais no Brasil, apresentado nesta terça-feira, 23 de novembro, revela que as mudanças propostas no Código Florestal pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) podem comprometer a meta brasileira de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) anunciada na COP 15, em Copenhague, em dezembro de 2009.

O documento informa que as mudanças geram o risco potencial de lançar ou deixar de retirar da atmosfera quase 7 bilhões de toneladas de carbono acumuladas em diversos tipos de vegetação nativa. Isto representaria 25,5 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa, mais de 13 vezes as emissões do Brasil no ano de 2007.

O estudo se restringe aos impactos potenciais sobre estoques de carbono e emissões, sem detalhar outras consequências. Leia aqui a íntegra do estudo. A análise teve por base as propostas do substitutivo ao Projeto de Lei nº 1.876/99, aprovado pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, no dia 6 de julho de 2010, e que ainda aguarda, sem data definida, a votação em plenário.

De acordo com André Rocha Ferreti, coordenador do Observatório do Clima, o estudo visa contribuir com o debate sobre o assunto. "Considero uma questão gravíssima o fato de o Brasil ir às convenções internacionais, ter um papel de destaque nas propostas de mudanças climáticas, se comprometer a dar exemplo às outras nações e, em seguida o Congresso Nacional votar uma lei que joga tudo isso no lixo", disse Ferreti.

Presidente deve vetar

Para o coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace, Nilo D’Ávila, o substitutivo não terá sucesso. "Mesmo que não seja modificado na Câmara e no Senado, será vetado pela Presidente da República, porque é ruim para o Brasil. Tira o Brasil de uma situação capaz de fazer a diferença, de dar a base de uma economia nova, criativa, de baixo carbono."

Na opinião de Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, superintendente de programas temáticos do WWF-Brasil, o Código Florestal Brasileiro poderia ser modificado, mas não com a base utilizada por Rebelo: "A proposta correta seria começar tudo de novo, em outra base, ouvindo as diferentes opiniões, inicialmente identificando os verdadeiros problemas e suas possíveis soluções, para gerar uma nova proposta de substitutivo que seja baseada na ciência e que facilite a implementação da lei."

Ele aponta que as críticas da ciência e dos técnicos a essa proposta não são isoladas. "Não se referem a um ou dois itens. São doze, treze ou quinze pontos estruturais que não se sustentam cientificamente. Não vejo como aproveitar algo dessa proposta", diz Scaramuzza.

Isenção, o maior impacto

Na avaliação do Observatório do Clima, a proposta de mudança que terá maior impacto potencial nas emissões de gases do efeito estufa é a que trata da isenção de manter e recuperar a reserva legal em pequenas propriedades rurais (até quatro módulos fiscais). A isenção também se aplica ao equivalente a quatro módulos em grandes e médias propriedades. Tal medida deixaria uma área total de 69,2 milhões hectares sem proteção da Reserva Legal, área maior que o estado de Minas Gerais. Segundo o levantamento, o estoque potencial estimado de carbono nestas áreas é de 6,8 bilhões de toneladas, correspondendo a um volume de gases do efeito estufa de 25 bilhões de toneladas de CO2eq (gás carbônico equivalente).

Outra modificação importante prevê a redução de 30 metros para 15 metros na área de preservação de matas ciliares em rios com até 5 metros de largura. Esta mudança faria com que os seis biomas brasileiros deixassem de estocar 156 milhões de toneladas de carbono, correspondendo a mais de 570 milhões de toneladas de CO2eq, numa área de 1,8 milhão de hectares, o equivalente a mais de 2 milhões de campos de futebol.

Ferretti confirma que o estudo contempla apenas uma das diversas implicações da proposta. "Com a aprovação do texto, a meta do Brasil de reduzir as emissões nacionais de gases causadores do aquecimento global viraria pó, mas são inúmeros os demais impactos causados à biodiversidade."

O Brasil assumiu ano passado, em Copenhague, o compromisso de cortar aproximadamente 1 bilhão de toneladas de suas emissões de gases no ano de 2020.

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Comunidades quilombolas validam resultados e definem ações do circuito de turismo

22/11/2010 - As comunidades de São Pedro, Ivaporunduva, André Lopes, Sapatu, Mandira, Pedro Cubas e Pedro Cubas de Cima, no Vale do Ribeira, apresentaram em 8 e 9 de novembro, os resultados do planejamento estratégico participativo que realizaram em diferentes módulos ao longo dos meses de setembro e outubro e na sequência, debateram e definiram as ações que vão realizar, no curto, médio e longo prazos.

A apresentação da proposta de gestão integrada de turismo de base comunitária foi feita em 8 e 9 de novembro na Pousada do Quilombo de Ivaporunduva, em Eldorado (SP) foi validada pelas sete comunidades envolvidas. Além delas, estiveram presentes Bruno Farias, do Proecotur, do Ministério do Meio Ambiente, Josinei Gabriel Cara, da Fundação Florestal e Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e Lélis Ribeiro, da Prefeitura Estância Turística de Eldorado.

A partir dos resultados, elaborou-se um plano de ação ordenado, com propostas de curto, médio e longo prazos para o turismo de base comunitária.

Os representantes de cada uma das comunidades traçaram objetivos estratégicos incluindo:

:: A melhoria da qualidade de vida aqui entendida como a complementação da renda, a geração de trabalho, como alternativa para fixação dos jovens e integração familiar e melhoria de infraestrutura das comunidades;

:: A promoção de um modelo de desenvolvimento sustentável, de respeito e integração do homem com a natureza e de cooperação comunitária com a articulação para seu desenvolvimento de forma igualitária;

:: O resgate da autoestima, da união e da convivência entre comunidades e seus integrantes, com a recuperação da história e da cultura quilombola, para servir de instrumento de educação tanto dos visitantes quanto das comunidades visitadas.

As ações estabelecidas forma:

De Curto Prazo - 2011-2012

:: Ordenamento do processo de desenvolvimento do Circuito Quilombola, por meio do planejamento territorial, enquadramento legal e sistema de gestão.

:: Consolidação no Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) dos Quilombos do Médio Ribeira e nas diretrizes de uso sustentável das Zonas de Amortecimento das Unidades de Conservação do entorno das comunidades quilombolas do Circuito; e o apoio ao zoneamento e ordenamento territorial e suporte técnico.

:: Organização, regularização, e consolidação das atividades que geram produtos e serviços de interesse para o circuito.

: Contribuição para a consolidação do sistema de gestão, com a consolidação dos conselhos gestores de Turismo, nas diversas esferas de governo e de governança do Circuito:

:: Formação de um conselho gestor responsável por fomentar o circuito turístico quilombola integrado, que vai deliberar sobre as ações a serem empreendidas.

De Médio Prazo - 2011-2014

:: Consolidação do Centro de Visitantes de Ivaporunduva, enquanto empreendimento turístico recreativo como meio de hospedagem, alimentação, eventos, entretenimento e interpretação socioambiental do contexto dos quilombos integrantes do Circuito Quilombola, importante para o mercado turístico regional e referência nacional no segmento de Turismo de Base Comunitária.

:: Desenvolvimento de um projeto de construção de logomarca, para papelaria, mídia digital e sinalização turística, para o desenvolvimento de produtos e serviços voltados à atividade turístico-recreativa, para empreendimentos e atrativos das demais comunidades quilombolas integrantes do Circuito Quilombola.

:: Diversificação de material promocional do produto, voltado para nichos de mercado específicos, além de aprimorar os canais de distribuição no Estado de São Paulo e no Brasil, até mesmo por meio de sistema integrado de informações e de reservas.

:: Expandir as atividades turístico-recreativas em novas áreas das comunidades quilombolas integrantes do Circuito Quilombola, ampliando o leque de experiências/roteiros, aumentando a capacidade de absorção de visitantes e do seu tempo de permanência na região.

:: Fomentar novas oportunidades de trabalho e de atividades para complementação de renda, propiciando condições para o aumento da infraestrutura turística de forma sustentável e amigável por meio da implantação de novos empreendimentos e investimentos.

De longo prazo - 2011-2016

:: Aprimoramento da qualidade da experiência turística realizada na operação receptiva nas comunidades quilombolas integrantes do circuito, com foco no visitante, por meio da profissionalização dos serviços e incremento dos equipamentos turísticos.

:: Desenvolvimento de materiais promocionais adequados às condições da oferta turística, a serem distribuídos e comercializados em postos de informações turísticas nos municípios onde se inserem e demais do Vale do Ribeira, incluindo também o treinamento para agentes distribuidores com viagens de familiarização.

:: Melhorar as condições de acesso e de circulação do sistema viário, em termos das condições das rodovias e estradas vicinais, sinalização horizontal e vertical, restrição de uso de algumas vias em horários específicos e consonantes com o zoneamento estabelecido e demais restrições de interesse comunitário, serviços de apoio ao usuário, informações sobre segurança e policiamento.

:: Ampliar e diversificar as condições e conceitos de hospedagem, de alimentação, de entretenimento e de recepção em geral (agenciamento e monitores ambientais).

:: Treinamento para as práticas operacionais e de atendimento, assistência na reavaliação dos procedimentos administrativos e operacionais desses empreendimentos, gestão das políticas de preços, estratégias de vendas; e buscar acesso a linhas de crédito para readequação da infraestrutura existentes.

:: Melhorar a qualidade da informação para o visitante para que possa fazer a interpretação socioambiental do produto Turismo de Base Comunitária e embalagens turísticas associadas, bem como promover códigos de conduta para visitantes e operadores, visando sua melhor interação e integração sociocultural.

:: Desenvolver souvenirs (produtos, lembrancinhas) e artesanatos, bem como embalagens mais atrativas dessas lembranças, por meio de novos treinamentos.

Por fim, propostas de modelo de gestão integrada, metas de marketing e a formação do comitê gestor intercomunitário foram dicutidas elaboradas pelas comunidades que integram o circuito.
ISA, Mauricio de Carvalho e Raquel Pasinato


 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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