Novo artigo científico
indica que com apoio financeiro adequado para REDD+,
a taxa de extinção de espécies
pode cair até 80%
Cancun, México, 01 de dezembro de 2010 —
A taxa de extinção de aproximadamente
2.500 espécies biologicamente únicas
de anfíbios, aves e mamíferos que
vivem nas florestas do mundo
, poderia ser reduzida drasticamente – entre 46
a 80% durante um período de cinco anos -
com o adequado financiamento para apoiar projetos
de REDD + (Redução de Emissões
por Desmatamento e Degradação).
Essa descoberta representa uma das várias
estimativas relatadas por cientistas da Conservação
Internacional (CI) em um novo estudo científico
destinado a apoiar as discussões durante
a 16 ª Conferência das Partes da Convenção
das Nações Unidas sobre Mudança
Climática (UNFCCC), em Cancún, México.
O artigo "Co-benefícios
para a Biodiversidade na redução de
emissões provenientes de desmatamento abaixo
dos níveis de referência alternativos
e níveis de financiamento"(Em inglês,
“Biodiversity co-benefits of reducing emissions
from deforestation under alternative reference levels
and levels of finance”) (Busch et al. 2010) modela
as taxas nacionais de desmatamento em 85 países
em um cenário com mecanismo de REDD +implementado
nos últimos cinco anos (2005 -2010). O estudo
apresenta também as relações
entre REDD como uma ferramenta de mitigação
das alterações climáticas e
os potenciais benefícios à biodiversidade
da floresta. O artigo está disponível
online na revista científica Conservation
Letters.
A principal conclusão do
estudo é que um mecanismo de REDD + teria
reduzido substancialmente a taxa de desmatamento
em todos os 85 países (em comparação
com os índices de desmatamento no mesmo período).
Mais especificamente, o financiamento "completo"
para REDD+ em cinco anos, teria levado a uma queda
no desmatamento total entre 68- 72%; financiamento
"parcial" teria diminuído o desmatamento
entre 50-54%, e financiamento "mínimo"
teria reduzido as taxas de desmatamento combinado
entre 27 -29%, de acordo com as simulações
do estudo.
Outro benefício adicional
para a implementação do REDD+ foram
as quedas significativas na taxa de extinção
que seriam alcançadas em todos os três
cenários de financiamento apresentados no
estudo, taxas bem abaixo do nível considerando
as tendências atuais. De acordo com simulações
do estudo, durante o mesmo período de cinco
anos, a taxa de extinção de 2472 espécies
florestais (anfíbios, aves, mamíferos)
teria reduzido de:
• 78 a 82% num cenário
de financiamento total (US$ 28-31 bilhões
por ano)
• 71 a 74% num cenário de financiamento parcial
(US$ 14-15 bilhões por ano)
• 43-49% num cenário de financiamento mínimo
(US$ 5-6 bilhões de dólares por ano)
Muitas das reduções
foram atribuídas ao fato de que os países
com maior número de espécies endêmicas
(encontradas em nenhum outro lugar na Terra), também
foram os países com maior capacidade de armazenamento
de carbono das florestas tropicais. Isso, por sua
vez, potencializa a participação desses
países no REDD+. Vinte e cinco países
de alto endemismo abrigam em conjunto 94% dessas
espécies únicas de anfíbios,
pássaros e mamíferos.
Espécies de florestais
tropicais em particular, as quais representam cerca
de dois terços de todas as espécies
terrestres conhecidas, estão cada vez mais
ameaçadas pelo desmatamento em decorrência
da mudança de padrão do uso da terra,
e consequente perda de habitat. Esses fatores em
conjunto são os maiores responsáveis
para a extinção de espécies
atualmente. Ao mesmo tempo, a derrubada e queima
das florestas tropicais contribui aproximadamente
com 15% das emissões de gases de efeito estufa
responsáveis pelas alterações
climáticas.
"O que esta pesquisa nos
diz é que o REDD+ pode ser uma solução
para a proteção do nosso clima e para
a conservação da biodiversidade onde
todos saem ganhando", afirma Jonah Busch, principal
autor do relatório e economista para clima
e floresta da Conservação Internacional.
"Embora qualquer redução
nas taxas de desmatamento e extinção
seria uma boa conquista, a mensagem principal é
que o nível de financiamento de REDD+ será
o principal impulsionador do verdadeiro progresso.
Um maior financiamento levará a maiores reduções
no desmatamento, maior armazenamento de carbono
nas florestas, e maiores benefícios para
a biodiversidade. Isso tudo está interligado",
conclui Busch.
"O que estamos vendo é
que o REDD+ pode ser uma parte importante da solução
para dois dos maiores desafios da humanidade ao
mesmo tempo, a perda de biodiversidade e a mudança
climática. Com o financiamento adequado,
REDD+ será um socorro imediato para a biodiversidade
global da qual todos nós dependemos, e é
uma das ferramentas prontamente disponíveis
que está a nossa disposição
para reduzir as emissões de gases de efeito
estufa”, explica Will Turner, co-autor do relatório
e diretor sênior da Conservação
Internacional.
"Embora nós não
possamos afirmar o número exato de espécies
que poderiam ser salvas por um mecanismo de REDD+
que ainda não tenha sido formalmente acordado,
temos certeza que seria um grande número.
À medida que os financiamentos climáticos
comecem a ficar disponíveis para países
que estão diminuindo o desmatamento, nós
vamos ter uma ideia mais clara dos benefícios
do REDD+", afirma Busch.
O artigo conclui com uma chamada
para os participantes e observadores das negociações
climáticas em Cancun para colaborar e garantir
que as negociações ofereçam
como resultado um mecanismo de REDD+, que tenha
dois pontos principais. Primeiro que seja totalmente
financiado, e ainda que seja construído de
modo a incentivar a ampla participação
de todos os países que abrigam floresta.
"Uma decisão acertada
sobre REDD+ em Cancun marcaria um momento crucial
nos esforços de mitigação do
clima," afirma Rebecca Chacko diretora de Políticas
Climáticas da CI."Mas é apenas
uma parte da solução. Precisamos também
de progressos em todos os aspectos de um acordo
climático e também um cronograma que
coloque o mundo no caminho para alcançar
esse acordo antes de 2012”, acrescenta Rebecca.
"Nós acreditamos que
esse acordo é possível, como nas recentes
negociações sobre biodiversidade no
Japão, quando 193 países se reuniram
como uma comunidade global e olharam além
das agendas nacionais para se concentrar sobre o
futuro da vida na Terra e seu papel essencial no
bem-estar humano”, afirma a diretora.
Segundo Rebecca, nas próximas
duas semanas, estes mesmos países terão
mais uma oportunidade importante de firmar um compromisso
para irá beneficiar todos os países.
“Ao fazer isso, eles podem nos colocar de volta
no caminho para a solução de um dos
maiores desafios do mundo. Soluções
climáticas de grande escala e a longo prazo,
só serão possíveis com ações
decisivas pela UNFCCC. O único organismo
internacional sobre o clima, que inclui todos os
países do mundo ", conclui Rebecca.
Carbono Azul, o potencial escondido no fundo do
mar