10 Dezembro 2010 Com 9,3 mil hectares,
o parque está inserido no município
de Bertioga, onde ajudará a manter a biodiversidade
e serviços ambientais úteis a toda
a sociedade.
O Parque Estadual Restinga de Bertioga, em São
Paulo, está oficialmente criado. O decreto
assinado pelo governador Alberto Goldman foi publicado
hoje (10) no Diário Oficial do Estado de
São Paulo. Com 9,3 mil hectares, o parque
está inserido no município de Bertioga,
onde ajudará a manter
a biodiversidade e serviços ambientais úteis
a toda a sociedade, além de formar um “corredor
ecológico” interligando regiões litorâneas
à Serra do Mar. Como unidade de conservação
de proteção integral, ele será
mais um espaço dedicado ao ecoturismo, lazer
e educação ambiental para os brasileiros.
A criação do parque
havia sido aprovada pelo Conselho Estadual de Meio
Ambiente do Estado de São Paulo (Consema)
no fim de outubro, e é uma prioridade para
o WWF-Brasil, que promoveu ações para
mobilização pública e via Internet,
colhendo amplo apoio social à ampliação
da área protegida na Mata Atlântica.
A região agora oficialmente protegida abriga
rios que abastecem a região e espécies
ameaçadas e exclusivas do bioma estava antes
vulnerável à pressão imobiliária
e turística desordenada.
“A criação do parque
representa uma vitória de um processo que
contou com amplos estudos técnicos e ajuda
a completar uma lacuna importante na conservação
da Mata Atlântica, pois não havia nenhuma
amostra suficientemente protegida das restingas
no centro do estado. Os processos de consulta pública
e de negociação política foram
exaustivos, aceitando alternativas de conservação
privada. Por isso louvamos a iniciativa do Governo
de São Paulo e reafirmamos nosso empenho
de continuar apoiando o sistema estadual para melhorar
sua gestão. Vale ressaltar que, diferentemente
do que alguns qualificam como entrave ao desenvolvimento,
áreas como o parque de Bertioga valorizaram
ainda mais o turismo nessa região magnífica
do litoral brasileiro”, ressaltou Claudio Maretti,
superintendente de Conservação do
WWF-Brasil.
A especialista em conservação
da Mata Atlântica do WWF-Brasil, Luciana Simões,
comenta que agora será necessário
implementar o mais novo parque estadual de São
Paulo, destinando recursos e infraestrutura para
sua gestão e fiscalização,
o que pode ocorrer em parceria com o próprio
município de Bertioga. Além disso,
lembra ela, é preciso formar um conselho
gestor com representação equilibrada
entre governo e sociedade e disparar a elaboração
do plano de manejo, espécie de manual de
uso da unidade. “O WWF-Brasil seguirá apoiando
esse processo, como já faz há seis
anos, sempre com vistas à ampliar e qualificar
a conservação da biodiversidade e
da Mata Atlântica”, disse.
Confira aqui o decreto de criação
do Parque Estadual da Restinga de Bertioga. A Área
de Relevante Interesse Ecológico Itaguaré,
com 58 hectares, também em Bertioga e já
aprovada pelo Consema/SP, não foi contemplada
no texto.
Mata Atlântica - Com suas
florestas, campos, restingas e manguezais reduzidos
a menos de um terço da área original,
a Mata Atlântica é hoje o mais degradado
dos biomas brasileiros. Menos de 8% de sua vegetação
estão bem conservados. Mesmo assim, seus
remanescentes ainda prestam “serviços ambientais”
indispensáveis a 123 milhões de brasileiros
(67% da população) que vivem na região,
como proteger e manter rios, lagos, evitar a queda
de encostas, regular o clima e a qualidade do ar.
Estudo da Rede WWF e do Banco
Mundial revelou que mais de trinta das 105 maiores
cidades do mundo, incluindo Rio de Janeiro, São
Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Salvador
e Fortaleza, dependem da água fornecida por
unidades de conservação e avaliou
que as matas distribuídas às margens
de cursos d´água na Mata Atlântica
estão comprometidas. Quando preservadas,
por exemplo, servem para conter enchentes e proteger
a biodiversidade formando corredores entre áreas
conservadas.
Atualmente, existem 123 unidades
de conservação federais e 225 unidades
de conservação estaduais na Mata Atlântica,
somando quase 75 mil quilômetros quadrados.