12/01/2011 - A viabilidade
da produção de etanol a partir
das cascas de eucaliptos descartadas pelas
fábricas de celulose e papel é
comprovada em pesquisa da Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da
Universidade de São Paulo (USP), em
Piracicaba. Os experimentos realizados pelo
químico Juliano Bragatto, ex bolsista
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq/MCT), demonstram
que uma tonelada de resíduo gera 200
quilos de açúcares, que permitirão
produzir 100 litros de etanol. O número
pode dobrar com o aproveitamento do açúcar
existente na estrutura das cascas.
Uma tonelada de casca de
eucalipto pode render cerca de 200 litros
de etanol. O químico conta que a indústria
de papel e celulose gera um resíduo
de cascas de eucalipto que em geral não
é aproveitado. “Em alguns casos, é
feita a queima para produção
de energia, mas a grande quantidade de cinza
gerada torna o processo bastante insatisfatório”,
diz Bragatto. “Para evitar a formação
de um passivo ambiental, foi avaliada a composição
química das cascas para saber o potencial
de transformação em bioetanol”.
A casca do eucalipto possui
açúcares solúveis que
podem ser prontamente postos em contato com
as leveduras que produzem o etanol por meio
de fermentação. “Entre eles,
se encontram a glicose, a frutose e a sacarose”,
afirma o químico. A casca fresca, obtida
logo após o corte da madeira, possui
20% de açúcares solúveis.
“Este número cai pela metade em um
período de dois a três dias,
pois ocorre a degradação dos
açúcares na casca, por isso
o ideal seria aproveitar o resíduo
imediatamente após ser produzido.”
Rendimento
Uma tonelada de resíduos
pode gerar 200 quilos de açúcares,
volume suficiente para produzir 100 litros
de etanol. “Somando-se o açúcar
que pode ser obtido da quebra da celulose,
estima-se uma produção adicional
de 94 litros, dobrando o rendimento de etanol”,
destaca Bragatto. “Havia a possibilidade de
alguns compostos químicos presentes
na casca do eucalipto inibirem a fermentação,
prejudicando a produção de álcool,
o que não aconteceu.”
O rendimento do processo
de produção do etanol a partir
dos resíduos de eucaliptos é
semelhante ao do álcool de cana-de-açúcar.
“As cascas são submetidas a uma lavagem
com água a 80 graus, onde se obtém
uma infusão que é posta em contato
com as leveduras”, explica o químico.
“Também é possível moer
a casca e a realizar a fermentação
com o caldo obtido, da mesmo modo que a cana.”
As pesquisas deverão
prosseguir com a utilização
de um maior número de variedades de
eucalipto, para verificar com exatidão
a composição química
das cascas e a quantidade de açúcar
disponível. “Este conhecimento é
um passo importante para consolidar o conceito
de florestas energéticas”, destaca
Bragatto. “Uma vez obtido o açúcar,
ele pode ter outras aplicações,
como servir de matéria-prima na produção
de bioplásticos e biopolímeros.”
Os resultados do estudo
fazem parte da tese de doutorado de Juliano
Bragatto, orientada pelo professor Carlos
Alberto Labate, da Esalq. As conclusões
também deverão ser publicadas
em um artigo científico, em publicação
internacional a ser definida. O trabalho teve
o apoio de uma indústria de papel e
celulose, que forneceu os resíduos
de eucalipto.
+ Mais
Etanol reduz emissões
de C02
13/01/2011 - O uso de etanol
na frota de veículos leves biocombustíveis
evitou a emissão de 103.449.303 toneladas
de gás carbônico (CO2) na atmosfera
nos últimos sete anos, segundo o Carbonômetro,
ferramenta criada pela União da Indústria
de Cana-de-Açúcar (Unica) que
calcula a quantidade do poluente que deixou
de ser emitida com os carros flex. Em comparação
com a gasolina, o etanol emite 90% menos gases
causadores do efeito estufa, de acordo com
a Unica.
Os novos critérios
adotados pela Organização Não-Governamental
(ONG) “SOS Mata Atlântica” para compensação
de emissões de CO2, mostram que as
emissões evitadas desde 2003 equivalem
ao efeito do plantio e manutenção
de mais de 331 milhões de árvores
nativas ao longo de 20 anos.
“Estas mais de 103 milhões
de toneladas de CO2 evitadas pelos carros
flex brasileiros equivalem à mesma
quantidade que a Grécia emitiu em 2007
com a queima de combustíveis fósseis
em geral,” compara o consultor de Tecnologia
e Emissões da Unica, Alfred Szwarc.
Outra solução
criada pela Unica para medir as emissões
é a “Calculadora de CO2”, ferramenta
que serve para ajudar o consumidor brasileiro
a compreender melhor a importância dos
combustíveis renováveis como
forma de reduzir a emissão de gases
causadores do efeito estufa. A calculadora
está acessível no site Etanol
Verde.