21/01/2011 - Melissa Silva - O
governo brasileiro consome 15% do Produto Interno
Bruto (PIB) anual em produtos e serviços,
algo em torno de R$ 600 bilhões.
Com esse volume de consumo, a Administração
Pública vem percebendo que, ao adotar critérios
de sustentabilidade em suas contratações,
indiretamente acaba induzindo mudanças no
padrão de produção e consumo.
A partir desse entendimento, um
bom exemplo vem acontecendo no Rio de Janeiro, onde
oito órgãos do Executivo Federal instalados
no estado se juntaram, em setembro de 2010, e realizaram
a primeira compra compartilhada de almoxarifado
sustentável.
Jardim Botânico do Rio de
Janeiro, Fiocruz, Instituto Nacional da Propriedade
Industrial (Inpi), Ministérios da Fazenda,
Educação, Agricultura, entre outros
órgãos, compraram 48 itens de materiais
de escritório sustentáveis e, mais
do que isso, conseguiram cadastrar todos os produtos
no sistema oficial de compras do Executivo Federal,
o ComprasNet, do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (MPOG), facilitando
assim o caminho para que outros órgãos
também comprem esses produtos.
A iniciativa nasceu do Fórum
de Lideranças Executivas de Órgãos
Federais no Rio de Janeiro (GesRio), composto por
mais de 35 órgãos, e para o diretor
de Gestão do JBRJ, Renato Cader, - idealizador
desse pregão compartilhado -, a organização
dos gestores públicos em rede foi um dos
fatores que contribuiu para a concretização
da compra. "Apenas oito órgãos
aderiram nessa primeira compra, porque os demais
estavam com os estoques de almoxarifado cheios,
mas as próximas contratações
com certeza irão agregar cada vez mais participantes".
Com essa experiência, foi
possível especificar os produtos, considerando
material empregado, dimensões, cor, tipo,
aplicação e os órgãos
só compraram produtos de material reciclado,
como: lápis preto com corpo de madeira de
manejo sustentável, papel A4 reciclável,
almofada para carimbo com caixa de plástico
reciclado e blocos de papel, classificador de papelão,
copos descartáveis de papel, envelopes, etiquetas
adesivas, formulários contínuos, entre
outros materiais, tudo de papel reciclado.
O aumento do número de
unidades do pedido permitiu ganho de escala e a
economia de 49,89 % do valor estimado, representando
R$ 723 mil a menos do que estava previsto na pesquisa
de mercado realizada antes do pregão. Estima-se
que 10 mil servidores serão atendidos, fora
os que serão beneficiados com a adesão
a esse registro de preço.
"Com as aquisições
compartilhadas sustentáveis, ganhamos com
eficiência econômica, menos impacto
ambiental e maiores benefícios sociais, o
que vai ao encontro da perspectiva do desenvolvimento
sustentável", afirma Cader.
A ideia é que a iniciativa
comece a ser replicada em outros estados, especialmente,
em Brasília onde vários órgãos
federais poderão fazer algo semelhante.
+ Mais
Pronunciamento do ministro do
Itamaraty no Fórum das Nações
Unidas de Florestas
26/01/2011 - Durante o 9º
Forum das Nações Unidas para Florestas,
realizado em Nova York desde o dia 24 de janeiro,
o ministro do Itamaraty Paulino Franco Neto participou
do evento "Florestas para os povos, sustento
e erradicação de pobreza, promovido
na última terça-feira (25/1).
Ele mencionou como exemplo de
ações sustentáveis um projeto
de extrativismo desenvolvido pela Embrapa Acre no
município de Pedro Peixoto. Este programa
tem por objetivo viabilizar o manejo florestal sustentável
em comunidades locais, utilizando equipamentos adequados
às condições comunitárias.
O projeto promove também
a adequação ambiental das glebas do
Projeto de Colonização Agrícola
da região, a averbação das
reservas legais e a elaboração de
propostas de manejo florestal sustentável.
Confira um trecho de seu pronunciamento.
Durante muitos anos no Brasil,
as comunidades que tinham por base de sobrevivência
o manejo florestal sustentável não
eram consideradas economicamente viáveis.
Por outro lado, para que as companhias madeireiras
se tornassem competitivas, era necessário
que as mesmas pudessem obter equipamentos caros
- como tratores, por exemplo-, àquela época
incompatíveis com a renda de pequenos fazendeiros
e com os tamanhos disponíveis de suas áreas.
Procurando soluções
para este desafio, em 1995, um grupo de pesquisadores
da Embrapa Acre e da Fundação Tecnológica
do Estado do Acre ( Funtac) examinaram e avaliaram
pela primeira vez questões como a extração
de madeira de florestas nativas sem o uso de equipamentos
caros, a inclusão desta atividade associada
às outras práticas de agricultura
de pequenos fazendeiros e a realização
deste tipo de extrativismo feito de maneira sustentável
tanto econômica quanto ecologigamente.
No mesmo ano, a Embrapa Acre instalou
o primeiro modelo de manejo florestal comunitário
no estado, no Projeto de Colonização
Agrícola localizado em Pedro Peixoto. O desenho
inicial era baseado na observação
da viabilidade de métodos tradicionais de
exploração de florestas inundadas
( terras baixas e áreas inundadas) e nas
terras altas nos estados do Amazonas e Pará.
Com o desenvolvimento deste sistema de uso da terra,
tem sido possível assegurar a sobrevivência
e a ocupação da terra a milhares de
famílias em vários locais da Amazônia.