Ter, 25 de
Janeiro de 2011 - A Organização das
Nações Unidas (ONU) inicia nesta segunda
(24/01), em Nova Iorque, nos Estados Unidos, as
comemorações do Ano Internacional
das Florestas. Durante a 9ª Sessão do
Fórum das Nações Unidas para
Florestas, será lançada oficialmente
a celebração que terá o tema
"Florestas para as pessoas".
A exemplo de 2010, declarado Ano
Internacional da Biodiversidade, a ONU tem o objetivo
de aumentar a conscientização sobre
a importância da temática ambiental.
Desta vez, o organismo internacional enfoca a questão
das florestas, com destaque para a conservação,
o manejo e o desenvolvimento sustentável.
O Brasil é o segundo país
com a maior extensão florestal do planeta,
atrás apenas da Rússia. Tem 516 milhões
de hectares de florestas naturais e plantadas, o
que equivale a 60,7% do território nacional,
de acordo com dados do Serviço Florestal
Brasileiro (SFB). Em Minas Gerais, as florestas
ocupam cerca de 33% do seu território, ou
quase 20 milhões de hectares, divididos,
principalmente, entre áreas dos biomas mata
atlântica e cerrado.
Para garantir que a gestão
dos recursos naturais numa área tão
vasta seja feita de forma democrática, o
Governo de Minas tem utilizado instrumentos que
garantam a inserção das comunidades
que habitam as áreas rurais, seguindo a proposta
defendida pela ONU nas comemorações
do Ano Internacional das Florestas. As florestas,
ou bosques modelo, são exemplos de iniciativas
para garantir a participação das comunidades,
incentivando o desenvolvimento de atividades produtivas,
educativas e de pesquisa. Minas é o único
Estado brasileiro que possui projetos na área,
tendo dois já implantados: o do Cerrado e
o da Mata Atlântica.
O modelo surgiu no Canadá
na década de 11000 e foi trazido ao Brasil
em 2005 quando Minas Gerais teve os bosques de Pandeiros,
no norte do Estado, e da Mata Atlântica reconhecidas
pela Rede Iberoamericana que reúne, atualmente,
13 países da América Latina, Caribe
e a Espanha. “A presença mineira na Rede
de Bosques Modelo, ainda de forma única no
Brasil, demonstra o acerto das políticas
que vem sendo adotadas no Estado”, afirma diretor-geral
do Instituto Estadual de Florestas (IEF), José
Cláudio Junqueira.
Mata Atlântica
O trabalho proposto para a floresta
modelo da Mata Atlântica teve seu núcleo
inicial na Floresta Estadual de Uaimií, em
Ouro Preto, e foi ampliado para outros locais de
ocorrência do bioma, onde o Estado já
desenvolve um intenso programa de recuperação
e conservação por meio do Projeto
de Projeto de Proteção da Mata Atlântica
(Promata). Um desses locais é a região
município de Baependi, localizado na região
da Serra da Mantiqueira, no Sul do Estado.
Na região, está
localizado o Parque Estadual da Serra do Papagaio,
em cujo entorno o IEF desenvolve um trabalho de
recuperação das áreas de ligação
com os Parques Nacionais do Itatiaia e da Área
de Proteção Ambiental da Mantiqueira,
no qual as comunidades locais têm participação
essencial. Por meio de parcerias com os produtores
rurais da região, o IEF, desde 2007 conseguiu
recuperar cerca de 2,9 mil hectares de florestas,
trabalhando em 240 áreas que utilizaram cerca
de 2,3 milhões de mudas produzidas nos viveiros
familiares implantados na região.
O Promata se iniciou em 2003,
após assinatura da Cooperação
Financeira entre Brasil e Alemanha. Pelo acordo,
Ministério Federal da Cooperação
Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) e do
KfW Entwicklungsbank (Banco Alemão de Desenvolvimento)
da Alemanha investiram 7,7 milhões de euros
e o Governo de Minas outros 7,3 milhões em
projetos na área de Mata Atlântica
mineira.
A primeira fase do projeto foi
encerrada em 2007 e teve como resultados melhorias
expressivas em 15 unidades de conservação
localizadas na área de abrangência
do bioma. O trabalho também permitiu o início
da recuperação de 8,6 mil hectares
da Mata Atlântica que beneficiaram 851 agricultores
em 45 municípios. A segunda fase do projeto,
que será executada entre 2010 e 2013, terá
investimentos de outros 15,2 milhões de euros
na área de ocorrência da Mata Atlântica
mineira e beneficiará 429 municípios
nas regiões do Alto Jequitinhonha, Vale do
Rio Doce, Zona da Mata, Centro-Sul e Sul do Estado
onde vivem cerca de 15 milhões de pessoas.
Cerrado
No cerrado, o trabalho desenvolvido
para conservar as mata nativas segue a linha adotada
na região do Rio Pandeiros, no norte de Minas,
cujo projeto de desenvolvimento sustentável
implantado pelo IEF foi o embrião para transformação
da área em Bosque Modelo. As comunidades
locais receberam treinamento, equipamentos, insumos
e assistência técnica para o desenvolvimento
de atividades que já diminuíram a
pressão sobre as florestas locais para produção
de carvão.
O gerente do Bosque Modelo do
Pandeiros, Kolbe Soares, observa que desde a implantação
do projeto, o desmatamento ilegal na região
foi praticamente eliminado. “Um dos mecanismos adotados
pelo IEF é o estimulo ao plantio de eucaliptos
em áreas já desmatadas, gerando trabalho
e renda para a população e reduzindo
a demanda por madeira, lenha e carvão vegetal",
destaca.
Associada à redução
do desmatamento, a recuperação da
cobertura vegetal é uma das ações
primordiais do IEF que vem sendo reforçadas
em todo o Estado com a participação
de inúmeros parceiros. É o caso do
trabalho realizado na região Centro-Norte
do Estado, onde estão em curso ações
de proteção e revitalização
das Áreas de Preservação Permanente
nas sub-bacias do rio Pará. Na região,
R$ 850 mil foram aplicados 200 nascentes e na implantação
de 200 km de cercas para proteção
de matas ciliares e de topo e recuperação
de áreas degradadas que beneficiarão
a população de 14 municípios.
Os recursos para o trabalho na
região Centro-Norte são provenientes
do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), do Governo Federal, e do Fundo de Recuperação,
Proteção e Desenvolvimento Sustentável
das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas
Gerais (Fhidro). O IEF ofereceu o material para
o cercamento das áreas, como arame e mourões
de eucalipto imunizados. A mão de obra e
o transporte do material doado ficaram sob a responsabilidade
dos beneficiados. Em municípios como Leandro
Ferreira e Conceição do Pará,
as prefeituras deram o transporte dos materiais
colocando-os dentro das propriedades beneficiadas.
O diretor-geral do IEF observa
que a recuperação de áreas
de vegetação contribui para evitar,
por exemplo, futuros problemas de disponibilidade
hídrica na região. “Controlando a
erosão, o desmatamento e o assoreamento,
principais problemas que encontrados na Bacia, naturalmente
melhorará a qualidade da água e do
solo, a vazão dos cursos d’água será
regulada com o aumentando do nível dos lençóis
freáticos”, explica.
A conservação de
atas nativas e a recuperação de áreas
degradadas são atividades executados pelo
IEF inseridas no do Projeto Estruturador ‘Conservação
do Cerrado e Proteção da Mata Atlântica’
do Governo de Minas que prevê a recuperção
de 120 mil hectares até 2011. Somente em
2010, foram recuperados cerca de 20 mil hectares.
Fonte: Ascom/ Sisema