Iniciativa das ONGs Conservação
Internacional e Oréades é o primeiro
projeto de carbono florestal no Brasil a receber
a certificação VCS, considerada a
mais renomada do mundo para o mercado de carbono
voluntário
Brasília, 21 de janeiro
de 2011 — O projeto de carbono no Corredor de Biodiversidade
Emas-Taquari vai reflorestar com mudas nativas do
Cerrado quase 600 hectares, removendo da atmosfera
206.114,60 toneladas de CO2 equivalente (um crédito
de carbono equivale a uma tonelada de CO2 equivalente).
Um terço desses créditos
já foi comprado pela empresa Natura Cosméticos
S/A. O projeto acabou de receber a certificação
do Voluntary Carbon Standard (VCS), reconhecida
como uma das mais criteriosas no mundo em termos
de padrões de mensuração de
carbono. Além disso, o projeto foi certificado
no padrão Climate, Community and Biodiversity
(CCBS), o que significa que além de atender
a critérios climáticos também
produz benefícios à comunidade e à
biodiversidade local. Neste último quesito,
foi contemplado no nível gold, que significa
ganhos excepcionais à biodiversidade.
Localizado nos municípios
de Mineiros (GO), Alcinópolis (MS), Costa
Rica (MS) e Chapadão do Sul (MS), o projeto
tem um raio de atuação de 200 km.
As áreas escolhidas são estratégicas
para restaurar a conectividade de remanescentes
de vegetação nativa entre o Parque
Nacional de Emas e Parque Estadual das Nascentes
do Rio Taquari.
Dessa maneira, serão formados
corredores de biodiversidade ao longo do Corredor
Central Emas Taquari, garantindo também a
conservação de recursos hídricos,
recuperação de passivos ambientais
e a possibilidade de trocas genéticas da
fauna e flora do Cerrado nessa área.
Para Renato Alves Moreira, da
ONG Oréades, executora do projeto, foi por
meio de parcerias, muita aprendizagem e estudo que
essa proposta foi construída. “A iniciativa
promoverá benefícios ao clima, à
sociedade e à biodiversidade no Cerrado,
compartilhando a riqueza de serviços ambientais
desse bioma com todo o planeta”.
As parcerias foram feitas com
comunidades locais de baixa renda. São 25
famílias de assentamentos e 20 famílias
quilombolas, além de 35 pessoas de uma comunidade
terapêutica para tratamento de ex-dependentes
químicos.
Segundo Artur Paiva, coordenador
de serviços ambientais da Conservação
Internacional, esse projeto é uma mudança
de paradigma na forma de desenvolvimento da região.
“Essa era uma região de fronteira agrícola,
que cresceu muito a partir de meados da década
de 1980, com o tamanho médio das fazendas
em torno de mil a dois mil hectares, onde todo o
cerrado era derrubado para plantio. Com o projeto
eles perceberam que podem fazer outro tipo de atividade
em suas propriedades sem necessariamente destruir
a mata nativa – sendo o grande benefício
a eliminação do passivo ambiental”.
Segundo Artur, “as comunidades
envolvidas têm a oportunidade de obter renda
pela coleta de sementes, pela produção
e venda de mudas e de outros produtos obtidos com
as plantas preservadas do Cerrado, como a castanha
do baru”.
Além das comunidades e
de quatro proprietários rurais, o projeto
também envolve instituições
de pesquisas, as brigadas de incêndio do Parque
Nacional de Emas e o batalhão do Corpo de
Bombeiros, combatendo assim os incêndios florestais
na região e promovendo a capacitação
de professores da rede de ensino para a valorização
do Cerrado.
Para Maurício Voivodic,
secretário-executivo do Imaflora, instituição
que fez a auditoria de certificação
do projeto, esta é uma iniciativa de extrema
relevância ambiental e social à medida
que propõe restaurar áreas degradadas
em parceria com populações de baixa
renda. “Por ser o primeiro projeto no Brasil de
carbono florestal a receber a certificação
do VCS, ele abre portas para que outras iniciativas
sejam feitas no país”.
Assessoria de Comunicação