Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Depois de perder dois terços
de sua coleção de répteis e
anfíbios em um incêndio em maio do
ano passado, o Instituto Butantan começou,
neste mês, a construir o novo Prédio
de Coleções, que terá o espaço
mais bem organizado e distribuído para o
armazenamento do material
científico, além de ferramentas modernas
para controle de ambientes e prevenção
de incêndio.
As obras foram anunciadas hoje
(23), como parte das comemorações
dos 110 anos do instituto. Ao todo, serão
investidos R$ 3 milhões na obra.
De acordo com o diretor do Instituto
Butantan, Jorge Kalil, o novo prédio é
fundamental para a conservação de
um dos mais importantes acervos de herpetologia
– ramo da zoologia que, dentre os animais, estuda
especificamente répteis e anfíbios.
“Um acidente como o que ocorreu no ano passado não
pode se repetir, nem com as coleções,
nem com nada que temos aqui dentro. Com o tempo,
o Butantan vai ter que se adequar ao século
21”.
Kalil disse que as espécies
perdidas no incêndio serão repostas
por meio de novas coletas em campo e com doações,
mesmo que essas últimas tenham diminuído
recentemente por conta das leis ambientais. “Sem
dúvida, sempre tem trocas nacionais e internacionais
para que possamos repor. O acervo de serpentes sofreu
um baque muito grande e esperamos que ele volte
a ser o maior do mundo, porque agora não
é mais”.
A previsão é que
as obras sejam concluídas no final do ano.
A ocupação e a organização
do acervo no novo local devem começar logo
em seguida, no início de 2012. O material
restante está armazenado em diversos lugares
dentro do instituto.
O diretor afirmou ainda que o
Butantan continua trabalhando para desenvolver a
vacina contra a dengue. Segundo Kalil, o desenvolvimento
dessa vacina é mais complicado devido à
existência de mais de uma tipologia da doença.
“Se o indivíduo tem uma dengue tipo 1 e,
depois, pegar do tipo 2 pode ter dengue hemorrágica.
Então, a vacina contra a dengue tem que dar
proteção para os quatro subtipos,
senão podemos induzir a uma doença
mais grave se o indivíduo se contaminar”,
explicou. A vacina está em fase de testes.
Kalil disse que, para abril, está
garantida a produção de 3 milhões
de doses da vacina contra a gripe, para a Campanha
de Vacinação do Idoso. Até
o ano que vem, o Brasil deve se tornar autossuficiente
na produção de vacinas contra a gripe
comum, com 22 mil doses. A fábrica do Instituto
Butantan tem ainda capacidade para produzir vacinas
para outros subtipos do vírus.
+ Mais
Governo nomeia comitê que
vai definir regras para devolução
de lixo para a indústria
Danilo Macedo e Luana Lourenço
Repórteres da Agência Brasil
Brasília – O governo instalou hoje (17) o
Comitê Orientador de Logística Reversa,
que vai definir a regulamentação das
regras para devolução de lixo como
pilhas, lâmpadas, eletrônicos e embalagens
de agrotóxicos. A logística reversa
está prevista na Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS). O comitê
é formado pelos ministérios do Meio
Ambiente, da Saúde, da Fazenda, da Agricultura
e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior.
Os sistemas de devolução
dos resíduos aos fabricantes serão
implementados principalmente por meio de acordos
setoriais com a indústria. A lei prevê
a logística reversa para as cadeias produtivas
de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus,
óleos lubrificantes, lâmpadas e produtos
eletroeletrônicos.
Em junho, o comitê deve
apresentar o cronograma e os editais para os acordos
com cada setor. “O foco prioritário inicial
serão pilhas e baterias, lâmpadas e
a área de eletrônicos. Já temos
ações voluntárias em alguns
setores, mas vamos regulamentar como será
em todo o país a retirada desses produtos
do meio ambiente”, disse a ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira.
A expectativa da ministra é
que, com o trabalho do comitê, parte das medidas
previstas na PNRS entre logo em vigor. Aprovada
em 2010, a PNRS levou 20 anos em tramitação
no Congresso Nacional. “É uma lei que representa
menos lixo na rua, cidadão mais consciente,
[vai] evitar que existam embalagens na rua para
o mosquito da dengue se proliferar, evitar bueiros
entupidos e dar racionalidade econômica ao
problema ambiental mais grave do país, que
é o lixo”.
O Comitê Orientador de Logística
Reversa se reunirá a cada quatro meses.