por Elmano Augusto Ferreira Cordeiro
última modificação 23/02/2011
09:47
A constatação foi feita durante oficina
de avaliação do estado de conservação
dos ungulados, promovida pelo Cenap-ICMBio. A anta
e os taiassuídeos – porcos-do-mato,
catetos, queixadas (foto) – enfrentam situação
ainda mais grave, com extinção em
algumas regiões e espécies criticamente
ameaçadas na Caatinga e Mata Atlântica.
Brasília (18/02/2011) –
Seis espécies de ungulados (mamíferos
com casco) estão vulneráveis à
extinção (VU) no Brasil, três
apresentam dados insuficientes para avaliação
(DD) e duas estão em situação
não preocupante (LC). A constatação
foi feita por estudiosos do Centro Nacional de Pesquisa
e Conservação dos Predadores (Cenap),
do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio), e do Grupo de Especialistas
em Conservação e Reprodução
(CBSG) da União Internacional para a Conservação
da Natureza (IUCN), durante oficina realizada na
sede da Academia Nacional de Biodiversidade (Acadebio),
em Iperó (SP).
Os cervídeos, antas e porcos-do-mato
do Brasil, pertencentes às ordens Perissodactyla
e Artiodactyla, conhecidos como ungulados, ou mamíferos
dotados de cascos, têm ciclos de vida longos,
demoram anos para começar a se reproduzir,
passam muito tempo em gestação e alguns
vivem em grupos facilmente reconhecíveis.
Eles estão ainda entre as espécies
mais populares como alvo de caça, ou cinegéticas.
Tudo isso contribui para um quadro que aponta para
a extinção, caso nada seja feito imediatamente.
BIOMAS – A oficina para avaliação
do estado de conservação das espécies
de ungulados do Brasil, que ocorreu em novembro,
foi inovadora. Avaliações específicas,
por bioma, para antas e porcos-do mato, possibilitaram
traçar um quadro detalhado e mais realista
da situação, uma vez que em cada um
dos biomas ocorrem diferenças extremas no
estado de fragmentação do habitat,
magnitude das pressões antrópicas
(do homem) e tamanhos populacionais das espécies.
As avaliações da
anta e dos taiassuídeos (porcos-do-mato,
catetos, queixadas), também por bioma, mostraram
um quadro ainda mais grave, com a ocorrência
de extinção regional e espécies
criticamente ameaçadas (CR) na Caatinga e
Mata Atlântica. Um exemplo é o queixada
Tayassu pecari. Não há nenhuma população
da espécie na Mata Atlântica em tamanho
suficiente para isentá-la do risco de extinção
local súbita, o que já aconteceu em
grandes áreas protegidas, como o Parque Nacional
do Iguaçu, no Paraná, e o Parque Estadual
do Morro do Diabo, em São Paulo.
Outro resultado alarmante da oficina
foi o mapa da Amazônia com exclusão
das áreas onde a pressão humana já
pode ter eliminado as espécies cinegéticas
(alvo de caça), como em faixas de 5 quilômetros
ao redor de assentamentos. O mapa, elaborado pela
analista ambiental do Cenap Lilian Bonjorne, mostrou
que cerca de 20 a 25% do bioma já não
podem mais ser considerados áreas para conservação
de antas e queixadas, o que põe em xeque
o conceito de Amazônia como imensa área
imperturbável por pressões humanas.
As avaliações ainda
passarão por uma etapa de revisão
científica para serem publicadas na revista
eletrônica do ICMBio, “Biodiversidade Brasileira”.
O trabalho foi conduzido pelos coordenadores de
táxon José Maurício Barbanti
Duarte (Nupecce/Unesp), Emília Patrícia
Medici (IUCN/Tapir Specialist Group), Alexine Keuroghlian
(WCS Brasil/IUCN Peccary Specialist Group) e Arnaud
Léonard Jean Desbiez (Royal Society of Scotland/IUCN
Peccary Specialist Group/ IUCN CBSG Rede Brasil)
e pela analista ambiental do Cenap/ICMBio Beatriz
de Mello Beisiegel.
Além deles, participaram
do trabalho 18 especialistas de outras instituições,
como UFPR, UFMT, UFPE, Ufez, Inpa, IPE, Instituto
Biotrópicos, Projeto Carnívoros do
Iguaçu, Programa de Conservação
dos Mamíferos do Cerrado, Fiocruz e Michelin.
Ascom/ICMBio
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Descoberta nova espécie
de planta no entorno do Parque Nacional de São
Joaquim
por Lainy Aparecida da Silva última
modificação 04/02/2011 16:02
Trata-se de uma Baccharis seção Caulopterae,
endêmica de penhascos rochosos do Sul do Brasil,
descrita como Baccharis scopulorum. Uma de suas
características é a presença
de folhas na base e flor no ápice dos ramos.
Como foi encontrada fora do parque, já há
quem defenda a ampliação da unidade
de conservação para proteger a espécie
recém-descoberta.
Brasília (4/2/2011) – Uma
nova espécie de planta foi encontrada no
entorno do Parque Nacional de São Joaquim,
em Santa Catarina. Trata-se de uma Baccharis seção
Caulopterae, endêmica (exclusiva) de penhascos
rochosos do Sul do Brasil e descrita como Baccharis
scopulorum.
Descoberta por pesquisadores da Universidade de
São Paulo e Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, planta é caracterizada pela presença
de folhas desenvolvidas e persistentes, geralmente
basais, e capítulos plurifloros e solitários
no ápice dos ramos, sendo os femininos com
invólucro urceolado a campanulado.
Segundo um dos pesquisadores, o biólogo Gustavo
Heiden, a nova espécie de Baccharis foi encontrada
na Serra do Corvo Branco, na divisa entre os municípios
de Grão-Pará e Urubici. “Me parece
que a área de ocorrência dessa nova
espécie endêmica do Corvo Branco não
está dentro do Parque Nacional de São
Joaquim, o que é uma pena. Por outro lado,
pode ser uma justificativa a mais para ampliar a
área do parque no sentido do Corvo Branco
e Campo dos Padres”, propôs Heiden.