A foto que choca
é uma ilustração das consequências
que a explosão de Chernobyl, o pior desastre
nuclear da história da humanidade, que completa
25 anos em 2011 e causou a milhares de pessoas.
A mensagem é clara, fala por si só.
A energia nuclear mata. Se não mata, deixa
marcas por gerações.
Tragédias como essa definitivamente
não são comuns, mas quando acontecem
comovem o mundo e trazem à tona os perigos
inerentes ao investimento em energia nuclear. É
o caso do Japão. Após sofrer o mais
forte terremoto já registrado ali, seguido
de um tsunami, o país vive o pior desastre
desde a II Guerra Mundial. O resultado? Como se
não bastasse a população sofrer
com as consequências do tremor e da onda gigantesca
que afundou cidades inteiras, ela ainda têm
de conviver com o medo da contaminação
radioativa.
Governos de vários países
já se manifestaram contrários a investimentos
nesse tipo de energia. Rússia, Bélgica,
Suíça e Estados Unidos estão
repensando seus projetos nucleares. O governo chinês
suspendeu os investimentos em novas usinas. E a
chanceler alemã, Ângela Merkel, deu
a declaração mais contundente: aposentar
imediatamente sete usinas. “O governo brasileiro
também tem de abrir os olhos para isso. Com
tantas alternativas energéticas, não
faz sentido o Brasil continuar a construção
de Angra III. Muito menos manter os planos de construir
até 2030 outras quatro usinas”, afirma o
responsável pela campanha de energia do Greenpeace,
Ricardo Baitelo.
A crise vivida pelo Japão trouxe de volta
a discussão sobre a segurança dos
reatores nucleares e, com ela, o receio dos duros
e graves efeitos que um vazamento como o do Japão
pode causar. Diante da ameaça, o mundo parece
ter finalmente acordado para o perigo.
Falta agora a presidente Dilma
se posicionar. “Deveríamos seguir o exemplo
de países que dependem mais da energia nuclear
do que o Brasil, que agora consideram abrir mão
dela. A geração nuclear representa
menos de 2% da matriz elétrica brasileira
e pode ser substituída por fontes energéticas
mais limpas e sustentáveis.”
+ Mais
Força Japão
No dia em que o governo japonês
anuncia ter conseguido cessar o vazamento de água
contaminada da usina nuclear de Fukushima, novo
terremoto atinge o país. As notícias
até o momento são de que a central
não foi afetada, mas todos os funcionários
que trabalhavam nos danos dos reatores evacuaram
a área.
Neste momento de instabilidade
para o Japão, a usina nuclear tem tomado
tempo e atenção do governo. Um problema
a mais que certamente poderia ser evitado.
06.04.2011
Segue o périplo da incansável equipe
do Greenpeace no Japão em busca da contaminação
invisível. Em Minamisoma, a 25km da central
nuclear de Fukushima, níveis de radiação
acima dos dados oficiais foram detectados em plantações
de espinafre e outro vegetais, apesar da população
não ter sido avisada de que os alimentos
que estão ingerindo podem oferecer risco
de saúde.
Em contraste com o dado revelado
pela medição oficial – que ficou em
0,7 microSievert por hora, a equipe chefiada pela
especialista em radiação Rianne Teule
encontrou radiação classificável
em 4,5 microSievert por hora nos alimentos.
“Conversamos com o prefeito de
Minamisoma, Katsunobu Sakurai, que demonstrou frustração
com as medidas tomadas pela empresa responsável
pelo complexo nuclear de Fukushima, TEPCO, e com
as autoridades no que diz respeito ao cuidado com
a sua comunidade”, diz Teule. “Ele nos afirmou que
está cobrando das autoridades não
só informações, como garantia
de que não haverá riscos futuros para
a população”.
Também no vilarejo de Tsushima,
que está além dos 30 km de evacuação
voluntária estabelecido pelo governo, os
níveis de 47 microSievert detectados no ar
significam que a população atingiu
seu grau máximo de exposição
anual à radiação em 24 horas.
O Greenpeace permanece na região
provendo análises independentes sobre o acidente
nuclear japonês e testemunhando esta tragédia
humana e ambiental. Pedimos que o governo japonês
reavalie os raios de evacuação e evacuação
voluntária estabelecidos.
04.04.2011
Não adianta fugir, nem se esconder. Tudo
o que entra em contato com radiação
atômica torna-se um potencial perigo para
a saúde humana e animal. A triste e ingrata
corrida que o Japão trava contra este inimigo
invisível toma ares de filme de terror a
medida em que as notícias dão conta
de que as tentativas de conter os danos nos reatores
falham e a contaminação cresce.
No fim de semana, duas iniciativas,
usando cimento e uma mistura especial, não
obtiveram sucesso. A Tokyo Eletric Power, empresa
responsável pelo complexo nuclear de Fukushima,
anunciou hoje que irá despejar 11 mil e 500
toneladas de água contaminada no mar do Pacífico.
Como a principal forma de refrescar os reatores
superaquecidos é com água, enquanto
o problema do calor dentro da usina não for
inteiramente resolvido, não há previsão
de quanta água com níveis maiores
de radiação ainda sairá de
Fukushima em direção ao mar.
Nas regiões próximas
da usina, os vazamentos de radiação
já contaminaram o solo, o ar, reservatórios
subterrâneos de água, vegetais e leite.
Os raios de evacuação impostos pelo
governo (20km) não estão dando conta
do avanço do ar contaminado. A 40km de Fukushima,
o Greenpeace recentemente denunciou altos níveis
de contaminação.
01.04.2011
Com radiação não se brinca.
Ela contamina, causa inúmeras doenças
como câncer e problemas neurológicos
e mata, rápido ou lentamente. Ainda assim,
a empresa Tepco, dona da central nuclear de Fukushima
que vive dias de pânico desde que o terremoto
japonês danificou reatores, divulgou pela
segunda vez dados errados sobre os níveis
de radiação emitidos. Desta vez, superestimou
a contaminação no lençol freático
próximo às usinas.
A incerteza e insegurança
levaram o primeiro-ministro Naoto Kan a afirmar
que o complexo nuclear será fechado e foi
além, dando indicações de que
poderia rever os planos japoneses de abrir outras
14 usinas nucleares até 2030. O anúncio
segue a toada internacional. Itália, Suíça,
China e Índia fizeram anúncios semelhantes
e na Alemanha, a chanceler Ângela Merkel sofreu
derrota acachapante nas urnas por ter defendido
a expansão nuclear no país. Ela foi
a primeira chefe de estado a renunciar ao programa
após o acidente japonês.
Após a cobrança
do Greenpeace, que esteve na região medindo
a radiação e detectou que em uma cidade
a 40 km de Fukushima, onde não havia alerta
de evacuação, o nível de contaminação
era acima do seguro, a Agência Internacional
de Energia Atômica (AIEA) esteve no local
e confirmou o perigo.
O temor de contaminação continua muito
alto. Níveis de radiação registrados
na água do mar de Fukushima atingiram, segundo
as medições da quinta-feira, o recorde
de 4.385 vezes o limite legal.
29.03.2011
Estado de alerta máximo no complexo nuclear
de Fukushima. Evidências de que plutônio
teria vazado de um dos reatores voltou a espalhar
terror no Japão. O plutônio é
mais tóxico do que outros combustíveis
usados nas usinas, por isso mesmo é utilizado
em apenas um dos reatores, o número 3. Isto
pode demonstrar que sua estrutura foi de fato danificada.
Danos profundos em um reator movido
a plutônio pode causar o vazamento em massa
de material altamente tóxico no ambiente,
afirmaram autoridades japonesas. “Trabalhamos com
a possibilidade de ter havido derretimento de uma
das cápsulas de combustível, o que
é uma situação muito séria”,
disse Yukio Edano, porta-voz do governo.
Aumentou também o nível
de contaminação das águas em
diferentes locais da usina, causando temor de que
transbordem para o mar. A população
de Fukushima que evacuou a região, a maioria
com somente a roupa do corpo, provavelmente jamais
retornará às suas casas, segundo informa
reportagem do jornal O Estado de São Paulo.
Os tentáculos radioativos
que se espalham rapidamente pelo Japão chegaram
à capital. Autoridades alertaram que crianças
não devem consumir água da torneira,
após verificarem que os níveis de
iodo estão duas vezes acima do permitido.
Uma equipe do Greenpeace, acompanhada
de especialistas em radiação com aparelhos
próprios para medição está
nas proximidades de Fukushima e alerta para a necessidade
do aumento da zona de evacuação. Leia
mais.
25.03.2011
Na primeira declaração pública
sobre o caos nuclear japonês, o primeiro-ministro
Naoto Kan afirmou que a situação da
usina de Fukushima não estava nem perto de
ser resolvida. A preocupação com os
níveis de radiação é
crescente: dois funcionários que vem trabalhando
para estabilizar a temperatura dos reatores atingidos
sofreram queimaduras ao serem expostos à
água contaminada.
As informações oficiais
chegam desencontradas. A água altamente radioativa
que atingiu os trabalhadores pode ter até
10 mil vezes o grau de radiação que
seria encontrada em um reator em operação
normal, segundo fontes da agência nuclear
japonesa, mas ninguém sabe ao certo se ela
é fruto de danos no núcleo do aparelho
ou de rachaduras em canos ou válvulas.
O caos instalado elevou o nível
de radiação no ar o suficiente para
ser classificado em grau 7 pela escala da International
Nuclear Event (INES), órgão responsável
pela medição. Com isso, o acidente
japonês poderia ser posto em pé de
igualdade com o de Chernobyl, em 1986, considerado
até hoje o pior da humanidade.
A conclusão é de
um especialista em radiação, Dr. Helmut
Hirsch, que analisou, a pedido do Greenpeace na
Alemanha, dados publicados pela agência de
proteção nuclear francesa e do Instituto
de Meteorologia da Áustria. Segundo Hirsch,
a quantidade de iodo-131 e césio-137, os
combustíveis usados na usina, lançados
no ar de Fukushima e arredores já é
muito alta e tenderá a subir.
Ao contrário de Chernobyl,
onde a maior parte da radiação se
espalhou para Belarus, cuja densidade populacional
era de 40 habitantes por km2, no Japão, esta
média é de 800 pessoas.
23.03.2011
Novamente hoje, por volta das 16h30 da hora local
(4h30 de Brasília), nuvem de fumaça
preta foi vista saindo do reator 3 da central nuclear
de Fukushima. É a segunda vez em dois dias
e segundo especialistas ouvidos pela emissora de
TV japonesa NHK, não se trata de vapor d'água.
Imprensa, governo e orgãos
internacionais começam a lançar as
primeiras estimativas – assustadoras - dos níveis
de radiação e contaminação
nos arredores de Fukushima.
Segundo o governo japonês,
a contaminação no solo a 40 km da
usina já é 400 vezes maior do que
o recomendado. Pela Agência Internacional
de energia Atômica (AIEA), o nível
de radiação em até 20 km das
usinas já era de 1,6 mil vezes acima do normal.
De acordo com a rede de TV NHK, o ministério
da Ciência do país mediu emissão
de raios gama 400 vezes acima do normal no solo
a uma distância de 40 km da usina.
Reportagem do jornal Estado de
SP ouviu especialista da Universidade de Gunma,
no Japão, que afirma que a radiação
liberada de iodo em uma amostra de 5 cm de solo
a 40 km de Fukushima Daiichi está acima 430
vezes do nível normal, e a de césio,
47 vezes maior.
Governos de todo mundo começam
a suspender importações de produtos
agrícolas japoneses por conta do risco de
contaminação – foi encontrada radiação
alta em brócolis, espinafre e leite em cidades
próximas à Fukushima e a água
da torneira, antes própria para consumo,
permanece proibida.
22.03.2011
Segundo a Agência Internacional de Energia
Atômica, os níveis de radiação
do ar nos arredores da central de nuclear de Fukushima
podem ter chegado a 1.600 vezes mais do que o considerado
normal. O governador da província afirmou
à imprensa que a crise continua.
O país permanece em alerta por conta dos
indícios de contaminação de
alimentos - problema mais sério do que pode
estar sendo dimensionado, segundo revelou a própria
Organização Mundial de Saúde
(OMS).Segundo Gregory Harti, porta-voz da OMS, alimentos
contaminados podem fazer mais mal à saúde
do que a radiação do ar.
Leite e espinafre estão
proibidos de serem vendidos e a população
de cidades até 30 km de distância da
usina não devem consumir água da torneira,
hábito comum no Japão.
21.03.2011
Dez dias se passaram e informações
desencontradas revelam a falta de transparência
do governo japonês frente à crise nuclear
que se instalou no país após o terremoto
e o tsunami do dia 11 de março. Nesta segunda-feira,
21.03, o time de acompanhamento nuclear do Greenpeace
seguiu a pista de novos indicadores de fumaça
preta saindo do reator no 3 e concluíram
que os níveis de radiação do
local haviam subido.
Alimentos contaminados com iodo
radioativo já começam a preocupar
localidades próximas à Fukushima,
norte do Japão, onde fica a central nuclear.
Em Kitaibaraki, a 75 km do local, o espinafre colhido
registrou níveis 12 vezes mais altos do que
o limite recomendado. Outras quatro localidades
sofrem com o leite contaminado e há locais
onde a água da torneira, antes própria
para consumo, não pode mais ser bebida.
17.03.2011
A Agência Internacional de Energia Atômica
anunciou nesta quinta-feira que 19 funcionários
da central nuclear de Fukushima foram contaminados
pela radioatividade e outros 25 ficaram feridos
durante as explosões de dois reatores. Dois
funcionários permanecem desaparecidos.
Durante o dia de hoje, 16.03,
os esforços concentraram-se em novas tentativas
de resfriamento dos reatores com falhas de superaquecimento.
Especialistas alertam que se o calor dentro dos
reatores não diminuir em pouco tempo, a catástrofe
pode tomar proporções maiores. O governo
vem usando um helicóptero que joga água
do mar.
A Organização Mundial
da Saúde lançou um alerta aos japoneses
para que evitem se automedicar com comprimidos de
iodo, na esperança de evitar altos graus
de contaminação. Enquanto isto, milhares
de japoneses buscam, em desespero, fugir para o
oeste e sul do país, ainda em processo lento
de recuperação de um gigantesco terremoto
seguido de tsunami que devastou a região.