Panorama
 
 
 

A ENERGIA QUE MATA

Panorama Ambiental
São Paulo(SP) – Brasil
Março de 2011

A foto que choca é uma ilustração das consequências que a explosão de Chernobyl, o pior desastre nuclear da história da humanidade, que completa 25 anos em 2011 e causou a milhares de pessoas. A mensagem é clara, fala por si só. A energia nuclear mata. Se não mata, deixa marcas por gerações.

Tragédias como essa definitivamente não são comuns, mas quando acontecem comovem o mundo e trazem à tona os perigos inerentes ao investimento em energia nuclear. É o caso do Japão. Após sofrer o mais forte terremoto já registrado ali, seguido de um tsunami, o país vive o pior desastre desde a II Guerra Mundial. O resultado? Como se não bastasse a população sofrer com as consequências do tremor e da onda gigantesca que afundou cidades inteiras, ela ainda têm de conviver com o medo da contaminação radioativa.

Governos de vários países já se manifestaram contrários a investimentos nesse tipo de energia. Rússia, Bélgica, Suíça e Estados Unidos estão repensando seus projetos nucleares. O governo chinês suspendeu os investimentos em novas usinas. E a chanceler alemã, Ângela Merkel, deu a declaração mais contundente: aposentar imediatamente sete usinas. “O governo brasileiro também tem de abrir os olhos para isso. Com tantas alternativas energéticas, não faz sentido o Brasil continuar a construção de Angra III. Muito menos manter os planos de construir até 2030 outras quatro usinas”, afirma o responsável pela campanha de energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo.
A crise vivida pelo Japão trouxe de volta a discussão sobre a segurança dos reatores nucleares e, com ela, o receio dos duros e graves efeitos que um vazamento como o do Japão pode causar. Diante da ameaça, o mundo parece ter finalmente acordado para o perigo.

Falta agora a presidente Dilma se posicionar. “Deveríamos seguir o exemplo de países que dependem mais da energia nuclear do que o Brasil, que agora consideram abrir mão dela. A geração nuclear representa menos de 2% da matriz elétrica brasileira e pode ser substituída por fontes energéticas mais limpas e sustentáveis.”

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Força Japão

No dia em que o governo japonês anuncia ter conseguido cessar o vazamento de água contaminada da usina nuclear de Fukushima, novo terremoto atinge o país. As notícias até o momento são de que a central não foi afetada, mas todos os funcionários que trabalhavam nos danos dos reatores evacuaram a área.

Neste momento de instabilidade para o Japão, a usina nuclear tem tomado tempo e atenção do governo. Um problema a mais que certamente poderia ser evitado.

06.04.2011
Segue o périplo da incansável equipe do Greenpeace no Japão em busca da contaminação invisível. Em Minamisoma, a 25km da central nuclear de Fukushima, níveis de radiação acima dos dados oficiais foram detectados em plantações de espinafre e outro vegetais, apesar da população não ter sido avisada de que os alimentos que estão ingerindo podem oferecer risco de saúde.

Em contraste com o dado revelado pela medição oficial – que ficou em 0,7 microSievert por hora, a equipe chefiada pela especialista em radiação Rianne Teule encontrou radiação classificável em 4,5 microSievert por hora nos alimentos.

“Conversamos com o prefeito de Minamisoma, Katsunobu Sakurai, que demonstrou frustração com as medidas tomadas pela empresa responsável pelo complexo nuclear de Fukushima, TEPCO, e com as autoridades no que diz respeito ao cuidado com a sua comunidade”, diz Teule. “Ele nos afirmou que está cobrando das autoridades não só informações, como garantia de que não haverá riscos futuros para a população”.

Também no vilarejo de Tsushima, que está além dos 30 km de evacuação voluntária estabelecido pelo governo, os níveis de 47 microSievert detectados no ar significam que a população atingiu seu grau máximo de exposição anual à radiação em 24 horas.

O Greenpeace permanece na região provendo análises independentes sobre o acidente nuclear japonês e testemunhando esta tragédia humana e ambiental. Pedimos que o governo japonês reavalie os raios de evacuação e evacuação voluntária estabelecidos.

04.04.2011
Não adianta fugir, nem se esconder. Tudo o que entra em contato com radiação atômica torna-se um potencial perigo para a saúde humana e animal. A triste e ingrata corrida que o Japão trava contra este inimigo invisível toma ares de filme de terror a medida em que as notícias dão conta de que as tentativas de conter os danos nos reatores falham e a contaminação cresce.

No fim de semana, duas iniciativas, usando cimento e uma mistura especial, não obtiveram sucesso. A Tokyo Eletric Power, empresa responsável pelo complexo nuclear de Fukushima, anunciou hoje que irá despejar 11 mil e 500 toneladas de água contaminada no mar do Pacífico. Como a principal forma de refrescar os reatores superaquecidos é com água, enquanto o problema do calor dentro da usina não for inteiramente resolvido, não há previsão de quanta água com níveis maiores de radiação ainda sairá de Fukushima em direção ao mar.

Nas regiões próximas da usina, os vazamentos de radiação já contaminaram o solo, o ar, reservatórios subterrâneos de água, vegetais e leite. Os raios de evacuação impostos pelo governo (20km) não estão dando conta do avanço do ar contaminado. A 40km de Fukushima, o Greenpeace recentemente denunciou altos níveis de contaminação.

01.04.2011
Com radiação não se brinca. Ela contamina, causa inúmeras doenças como câncer e problemas neurológicos e mata, rápido ou lentamente. Ainda assim, a empresa Tepco, dona da central nuclear de Fukushima que vive dias de pânico desde que o terremoto japonês danificou reatores, divulgou pela segunda vez dados errados sobre os níveis de radiação emitidos. Desta vez, superestimou a contaminação no lençol freático próximo às usinas.

A incerteza e insegurança levaram o primeiro-ministro Naoto Kan a afirmar que o complexo nuclear será fechado e foi além, dando indicações de que poderia rever os planos japoneses de abrir outras 14 usinas nucleares até 2030. O anúncio segue a toada internacional. Itália, Suíça, China e Índia fizeram anúncios semelhantes e na Alemanha, a chanceler Ângela Merkel sofreu derrota acachapante nas urnas por ter defendido a expansão nuclear no país. Ela foi a primeira chefe de estado a renunciar ao programa após o acidente japonês.

Após a cobrança do Greenpeace, que esteve na região medindo a radiação e detectou que em uma cidade a 40 km de Fukushima, onde não havia alerta de evacuação, o nível de contaminação era acima do seguro, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) esteve no local e confirmou o perigo.
O temor de contaminação continua muito alto. Níveis de radiação registrados na água do mar de Fukushima atingiram, segundo as medições da quinta-feira, o recorde de 4.385 vezes o limite legal.

29.03.2011
Estado de alerta máximo no complexo nuclear de Fukushima. Evidências de que plutônio teria vazado de um dos reatores voltou a espalhar terror no Japão. O plutônio é mais tóxico do que outros combustíveis usados nas usinas, por isso mesmo é utilizado em apenas um dos reatores, o número 3. Isto pode demonstrar que sua estrutura foi de fato danificada.

Danos profundos em um reator movido a plutônio pode causar o vazamento em massa de material altamente tóxico no ambiente, afirmaram autoridades japonesas. “Trabalhamos com a possibilidade de ter havido derretimento de uma das cápsulas de combustível, o que é uma situação muito séria”, disse Yukio Edano, porta-voz do governo.

Aumentou também o nível de contaminação das águas em diferentes locais da usina, causando temor de que transbordem para o mar. A população de Fukushima que evacuou a região, a maioria com somente a roupa do corpo, provavelmente jamais retornará às suas casas, segundo informa reportagem do jornal O Estado de São Paulo.

Os tentáculos radioativos que se espalham rapidamente pelo Japão chegaram à capital. Autoridades alertaram que crianças não devem consumir água da torneira, após verificarem que os níveis de iodo estão duas vezes acima do permitido.

Uma equipe do Greenpeace, acompanhada de especialistas em radiação com aparelhos próprios para medição está nas proximidades de Fukushima e alerta para a necessidade do aumento da zona de evacuação. Leia mais.

25.03.2011
Na primeira declaração pública sobre o caos nuclear japonês, o primeiro-ministro Naoto Kan afirmou que a situação da usina de Fukushima não estava nem perto de ser resolvida. A preocupação com os níveis de radiação é crescente: dois funcionários que vem trabalhando para estabilizar a temperatura dos reatores atingidos sofreram queimaduras ao serem expostos à água contaminada.

As informações oficiais chegam desencontradas. A água altamente radioativa que atingiu os trabalhadores pode ter até 10 mil vezes o grau de radiação que seria encontrada em um reator em operação normal, segundo fontes da agência nuclear japonesa, mas ninguém sabe ao certo se ela é fruto de danos no núcleo do aparelho ou de rachaduras em canos ou válvulas.

O caos instalado elevou o nível de radiação no ar o suficiente para ser classificado em grau 7 pela escala da International Nuclear Event (INES), órgão responsável pela medição. Com isso, o acidente japonês poderia ser posto em pé de igualdade com o de Chernobyl, em 1986, considerado até hoje o pior da humanidade.

A conclusão é de um especialista em radiação, Dr. Helmut Hirsch, que analisou, a pedido do Greenpeace na Alemanha, dados publicados pela agência de proteção nuclear francesa e do Instituto de Meteorologia da Áustria. Segundo Hirsch, a quantidade de iodo-131 e césio-137, os combustíveis usados na usina, lançados no ar de Fukushima e arredores já é muito alta e tenderá a subir.

Ao contrário de Chernobyl, onde a maior parte da radiação se espalhou para Belarus, cuja densidade populacional era de 40 habitantes por km2, no Japão, esta média é de 800 pessoas.

23.03.2011
Novamente hoje, por volta das 16h30 da hora local (4h30 de Brasília), nuvem de fumaça preta foi vista saindo do reator 3 da central nuclear de Fukushima. É a segunda vez em dois dias e segundo especialistas ouvidos pela emissora de TV japonesa NHK, não se trata de vapor d'água.

Imprensa, governo e orgãos internacionais começam a lançar as primeiras estimativas – assustadoras - dos níveis de radiação e contaminação nos arredores de Fukushima.

Segundo o governo japonês, a contaminação no solo a 40 km da usina já é 400 vezes maior do que o recomendado. Pela Agência Internacional de energia Atômica (AIEA), o nível de radiação em até 20 km das usinas já era de 1,6 mil vezes acima do normal. De acordo com a rede de TV NHK, o ministério da Ciência do país mediu emissão de raios gama 400 vezes acima do normal no solo a uma distância de 40 km da usina.

Reportagem do jornal Estado de SP ouviu especialista da Universidade de Gunma, no Japão, que afirma que a radiação liberada de iodo em uma amostra de 5 cm de solo a 40 km de Fukushima Daiichi está acima 430 vezes do nível normal, e a de césio, 47 vezes maior.

Governos de todo mundo começam a suspender importações de produtos agrícolas japoneses por conta do risco de contaminação – foi encontrada radiação alta em brócolis, espinafre e leite em cidades próximas à Fukushima e a água da torneira, antes própria para consumo, permanece proibida.

22.03.2011
Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, os níveis de radiação do ar nos arredores da central de nuclear de Fukushima podem ter chegado a 1.600 vezes mais do que o considerado normal. O governador da província afirmou à imprensa que a crise continua.


O país permanece em alerta por conta dos indícios de contaminação de alimentos - problema mais sério do que pode estar sendo dimensionado, segundo revelou a própria Organização Mundial de Saúde (OMS).Segundo Gregory Harti, porta-voz da OMS, alimentos contaminados podem fazer mais mal à saúde do que a radiação do ar.

Leite e espinafre estão proibidos de serem vendidos e a população de cidades até 30 km de distância da usina não devem consumir água da torneira, hábito comum no Japão.

21.03.2011
Dez dias se passaram e informações desencontradas revelam a falta de transparência do governo japonês frente à crise nuclear que se instalou no país após o terremoto e o tsunami do dia 11 de março. Nesta segunda-feira, 21.03, o time de acompanhamento nuclear do Greenpeace seguiu a pista de novos indicadores de fumaça preta saindo do reator no 3 e concluíram que os níveis de radiação do local haviam subido.

Alimentos contaminados com iodo radioativo já começam a preocupar localidades próximas à Fukushima, norte do Japão, onde fica a central nuclear. Em Kitaibaraki, a 75 km do local, o espinafre colhido registrou níveis 12 vezes mais altos do que o limite recomendado. Outras quatro localidades sofrem com o leite contaminado e há locais onde a água da torneira, antes própria para consumo, não pode mais ser bebida.

17.03.2011
A Agência Internacional de Energia Atômica anunciou nesta quinta-feira que 19 funcionários da central nuclear de Fukushima foram contaminados pela radioatividade e outros 25 ficaram feridos durante as explosões de dois reatores. Dois funcionários permanecem desaparecidos.

Durante o dia de hoje, 16.03, os esforços concentraram-se em novas tentativas de resfriamento dos reatores com falhas de superaquecimento. Especialistas alertam que se o calor dentro dos reatores não diminuir em pouco tempo, a catástrofe pode tomar proporções maiores. O governo vem usando um helicóptero que joga água do mar.

A Organização Mundial da Saúde lançou um alerta aos japoneses para que evitem se automedicar com comprimidos de iodo, na esperança de evitar altos graus de contaminação. Enquanto isto, milhares de japoneses buscam, em desespero, fugir para o oeste e sul do país, ainda em processo lento de recuperação de um gigantesco terremoto seguido de tsunami que devastou a região.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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