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CNBB CRITICA PROPOSTAS DE ALTERAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL

Panorama Ambiental
São Paulo(SP) – Brasil
Março de 2011

11/03/2011 - No lançamento da campanha da fraternidade deste ano, entidade da Igreja Católica defende manutenção de áreas protegidas pela lei atual. No ano passado, a instituição já havia divulgado nota contra relatório de Aldo Rebelo

A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou, na quarta-feira, algumas das propostas de alteração do Código Florestal, como a redução das áreas protegidas nas propriedades rurais.

O secretário geral da instituição, Dom Dimas Lara Barbosa, condenou a pressa em votar o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) sobre o assunto. “Nossa preocupação é que o código não seja votado de forma apressada porque as consequências serão duradouras”, afirmou Dom Dimas à Agência Brasil. O texto do parlamentar está pronto para ir ao plenário da Câmara e deve ser votado até o final do primeiro semestre.

A advertência foi feita durante a entrevista coletiva de lançamento da campanha da fraternidade deste ano, em Brasília. Com o tema “fraternidade e vida no planeta”, a mobilização pretende alertar para o problema das mudanças climáticas. A intenção é estimular ações cotidianas dos fiéis e políticas públicas de conservação (saiba mais).

“Nossa posição é que não sejam abertas mais janelas ou argumentos para que o desmatamento avance”, explica o padre Luiz Carlos Dias, secretário executivo da campanha. Ele lista a ameaça de redução das Áreas de Preservação Permanente (APP) proposta no projeto de Rebelo como uma das principais preocupações da CNBB.

Comentando a tragédia ocorrida na região serrana do Rio de Janeiro por causa de enchentes e deslizamentos, Dias afirma que o número de vítimas teria sido menor se beiras de rio, encostas e topos de morro não tivessem sido ocupados irregularmente em vários locais na região. Essas áreas são consideradas APPs pelo Código Florestal atual.

A CNBB defende ainda um tratamento diferenciado para que os agricultores familiares possam cumprir a legislação. Mas questionado sobre uma das principais alegações usados por Aldo Rebelo, Dias faz um alerta: “temos a preocupação de que essa demanda justa e justificável [dos agricultores familiareas] não seja um argumento para que se abra a porteira para que outros que não se enquadram nessa categoria possam desmatar ainda mais”.

Nota

No ano passado, a CNBB já havia divulgado uma nota criticando várias das alterações previstas no projeto de Aldo Rebelo e propondo um amplo debate com a sociedade civil e especialistas sobre o assunto. No texto, são mencionados como retrocessos a anistia a quem desmatou ilegalmente, a desobrigação de manter a Reserva Legal para áreas de até quatro módulos fiscais e a transferência de competências sobre o tema ambiental para as esferas estadual e municipal.

O documento afirma que “a legislação federal, flexibilizada, deixará de exercer o controle sobre os rios e os biomas (amazônico, cerrado, mata atlântica, caatinga, pantanal, pampa), permitindo a redução da preservação das matas ciliares e das faixas fluviais; e ameaçando as áreas de proteção permanente, como encostas acentuadas e topos dos morros”

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Proposta de empresas e ONGs abre caminho para o consenso sobre Código Florestal

24/03/2011 - Documento defende alterações na lei, mas com manutenção de áreas atuais de conservação em propriedades privadas. Prevê incentivos para cumprimento da lei e atende reivindicações do setor agrícola

Uma coalizão inédita de mais de 34 organizações ambientalistas e 31 empresas do setor florestal apresentou ontem em São Paulo um conjunto de 16 propostas (saiba quais são elas) que pode destravar as negociações sobre as mudanças do Código Florestal. O documento promete superar as divergências provocadas pelo relatório sobre o assunto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e atrair para um acordo mais setores da sociedade civil, do empresariado rural e urbano.

O texto de empresas e ambientalistas defende a manutenção dos atuais patamares de conservação em áreas privadas, mas também incentivos para que os produtores cumpram a lei. Vai em direção contrária, portanto, ao texto de Rebelo, que prevê redução nas Áreas de Preservação Permanente (APPs) e de Reserva Legal (RL) das propriedades.

O documento apresentado ontem admite que o Código Florestal, de 1965, precisa ser aperfeiçoado, mas afirma que “qualquer alteração deve facilitar sua aplicação, não diminuir a proteção de áreas ambientalmente importantes. Trata-se, sobretudo, de criar e implantar mecanismos de incentivo à proteção, à restauração e à produção em bases sustentáveis” (leia a íntegra da carta).

O texto rejeita ainda a anistia a quem desmatou ilegalmente e o fim da obrigação de recuperar passivos ambientais, possibilidades previstas no substitutivo de Rebelo. Por outro lado, admite o cômputo das APPs no cálculo da RL e o uso agrícola, com restrições, de topos de morros, reivindicações dos produtores rurais. Outra proposta é desobrigar quem manteve sua RL de acordo com a legislação em vigor "à época da supressão" de recompor ou compensar essa área para os limites válidos pela legislação atual.

“A sociedade está oferecendo uma alternativa concreta, específica, coerente e objetiva que pode ser considerada pelos legisladores. Esta é a posição oficial das ONGs que assinam a carta obre o Código Florestal”, afirmou, durante a coletiva de apresentação do documento, Márcio Santilli, coordenador do Programa de Política e Direito Socioambiental (PPDS) do ISA. Ele destacou que o trabalho de elaboração do documento aprofundou a discussão sobre as alterações da lei. “Essas propostas podem servir de base, de trilhos para a discussão do assunto”.

O documento foi debatido nos últimos sete meses no Diálogo Florestal, fórum que discute temas relacionados à produção e conservação e reúne organizações ambientalistas e empresas do setor de florestas plantadas (papel e celulose, plantio florestal, chapas de madeira, siderúrgicas e carvão vegetal). Esse setor econômico é parte importante do complexo do agronegócio: é responsável por um faturamento de mais de R$ 47 bilhões e emprega diretamente 535 mil pessoas.

“É importante que o Código Florestal contemple uma política de desenvolvimento e preservação”, apontou Elizabeth Carvalhaes, presidente executiva da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). Ela explica que a elaboração da proposta teve como base a busca do equilíbrio entre a visão de desenvolvimento das empresas de base florestal, que têm planos de expansão no país, e a preocupação legítima das organizações socioambientais com a preservação do meio ambiente e da agricultura familiar.

“É importante que os legisladores olhem para o futuro ao trabalhar as alterações da lei, criando um arcabouço para explorar as potencialidades do País e não dilapidar seus recursos”, sentenciou José Luciando Penido, presidente do conselho deliberativo da Bracelpa e do conselho de administração da Fíbria, a maior empresa de celulose do Brasil, resultado da fusão entre a Aracruz e a subsidiária atuante no setor da Votorantim.

O documento do Diálogo Florestal está sendo encaminhado a representantes do Poder Executivo, à Confederação Nacional da Indústria (CNI) e parlamentares, entre eles os integrantes da comissão de negociação do Código Florestal criada na Câmara dos Deputados.

A RL é a fração de toda propriedade rural que não pode ser desmatada. Ela é de 80% no bioma amazônico, de 35% no Cerrado dentro da Amazônia Legal e de 20% no resto do País. A APP é a faixa de vegetação situada ao longo de corpos de água, no topo de morros e em encostas que também não pode ser eliminada segundo o Código Florestal.

Incentivos econômicos

“O texto expressa um posicionamento maduro, fruto de conversa franca e entendimento mútuo. Não aborda todos os pontos da lei, mas aqueles com interface entre empresas e ONGs e nos quais se chegou a um consenso”, comenta Raul do Valle, coordenador adjunto do PPDS do ISA que participou da elaboração do documento. Ele vê com entusiasmo o lançamento da proposta e aponta duas de suas grandes inovações: “ela agrega um grande número de organizações da sociedade civil que afirma ser possível mexer na lei, algo que até pouco tempo era um tabu. Por outro, um número expressivo de empresas afirmam que não interessa a elas e ao País diminuir a proteção a áreas ambientalmente importantes e que é perfeitamente possível ser competitivo cumprindo com a legislação florestal”.

Uma das principais propostas do documento relaciona-se aos incentivos econômicos para a conservação, sobretudo para pequenos produtores e agricultores familiares. Para empresas e ONGs, esse é um elemento-chave para que a nova lei tenha sucesso, ao passo que o substitutivo de Aldo Rebelo é tímido nessa questão.

O documento defende que seja possível utilizar créditos de carbono para o financiamento da recuperação florestal de áreas degradadas, bem como prêmios para o produtor que cumpra com a legislação, como crédito agrícola em melhores condições. “Sabemos que muitos dos incentivos não dependem de lei, mas de alterações em normas infralegais e, principalmente, de recursos e políticas públicas. Mas prever isso na legislação já é um bom começo”, explica Valle.


 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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