28/03/2011 - Após pouco
mais de cinco anos o Projeto de Recuperação
de Matas Ciliares (PRMC) chegou ao fim com uma novidade
pouco comum: a avaliação. Diferentemente
de um programa, que tem a idéia de ser permanente,
todo projeto exitoso deve ter começo, meio
e fim. Não quer dizer, porém, que
a Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais
(CBRN) da Secretaria do Meio Ambiente
do Estado de São Paulo (SMA) não vai
atuar mais na recuperação das matas
ciliares paulistas, mas que agora se inicia uma
nova etapa de trabalho, com o Programa de Remanescentes
Florestais (PRF), instituído pela Política
Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC).
A avaliação foi
apresentada hoje, 28.03, na sede da SMA, durante
o seminário “Encerramento do Projeto de Recuperação
de Matas Ciliares: Lições Aprendidas
e Sustentabilidade das Ações”. O término
do projeto e o início do programa deixam
evidente a importância de cada um. O PRMC
foi fundamental do ponto de vista de se conhecer,
na prática, as técnicas viáveis
de recuperação de áreas ciliares,
bem como as estratégias de comunicação
e educação ambiental desenvolvidas
junto aos atores envolvidos no projeto. Somente
com a execução do PRMC é que
foi possível planejar e estruturar o Programa
de Remanescentes Florestais.
“O que a gente quer é mostrar
como os resultados obtidos pelo projeto foram incorporados
nas políticas públicas. O Programa
de Remanescentes Florestais traz em seu DNA a recuperação
das matas ciliares”, explica Helena Carrascosa,
coordenadora de biodiversidade e recursos naturais
da SMA e gerente executiva do PRMC.
O secretário adjunto do
meio ambiente do Estado de São Paulo, Rubens
Rizek, parabenizou, em nome do secretário
Bruno Covas, o corpo técnico da SMA pela
dedicação e emprenho no reconhecido
trabalho. “É muito gratificante pra quem
vem de fora encontrar projetos de tanta eficiência
e repercussão, considerados padrão
mundial”, declarou.
O PRMC contou com recursos doados
pelo Banco Mundial (BIRD), por meio do Global Environment
Facility (GEF), que se mostrou um parceiro do projeto.
Para o representante do Banco Mundial, o queniano
Erick Fernandes, um dos êxitos do PRMC está
na equipe técnica que o desenvolveu. “Nós
visualizamos esse projeto como padrão para
todo o mundo. Não foi fácil reunir
vários conceitos e trazer várias visões
do que é desenvolvimento sustentável,
mas essa jovem equipe formada pela Helena será
o futuro desse projeto”, elogiou.
Palestras
O seminário reuniu especialistas
de diversas instituições envolvidas
na execução do PRMC. A gerente técnica
do projeto, Daniela Petenon, apresentou os objetivos,
desafios (déficit de sementes e mudas, falta
de modelos de recuperação de áreas
degradas, etc.) e resultados esperados. “O projeto
criou subsídios para que hoje seja possível
recuperar matas ciliares. Ao final do PRMC tivemos
um crescimento profissional da equipe que aprimorou
as técnicas de trabalho”, disse.
Para o coordenador do componente
3 do PRMC, que trata dos projetos demonstrativos,
Dagoberto Meneghini, os produtores foram parceiros
fundamentais do projeto. “Realizamos muitas ações
em campo, junto com os produtores rurais e levamos
em consideração a experiência
deles. É necessário que o produtor
entenda o objetivo do projeto, porque e como fazer,
já que sempre trabalhamos em áreas
particulares”, destacou.
Maria Inês da Silva Franco,
educadora da Coordenadoria de Educação
Ambiental da SMA mostrou algumas das ações
de educação ambiental aplicadas no
âmbito do PRMC, como o programa de rádio
“Sintonia Verde” e o Jornal Mata Ciliar. Antônio
Carlos Galvão de Melo, pesquisador do Instituto
Florestal (IF) apresentou os avanços e perspectivas
das metodologias para restauração
e monitoramento, como o papel desempenhado pela
fauna, que foi fundamental para a restauração.
Pesquisador do Instituto de Botânica (IBt),
Luiz Mauro Barbosa, dissertou sobre a contribuição
para a ampliação da oferta de sementes
e mudas, cuja produção, em 2010, chegou
à marca de 41.164.807 mudas/ano.
O representante da Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral (CATI)
da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA),
João Brunelli Júnior e a assistente
técnica da CBRN, Neide Araújo apresentaram
a parceria entre o Programa de Desenvolvimento Rural
Sustentável – Microbacias II e a continuidade
das ações do PRMC. A parceria, além
de ter sido fundamental para a execução
do projeto da SMA, também proporcionará
o financiamento, por meio de edital, de sub-projetos
ambientais.
A avaliação de efetividade
do PRMC, apresentada por Thiago Uehara, apontou
os pontos fortes (como o aumento do reconhecimento
popular e governamental da importância das
matas ciliares, a ampliação do diálogo
em nível local, a criação de
bases legais para incremento da recuperação
de áreas ciliares, etc.) e fracos do projeto
(planejamento das atividades demasiadamente otimista,
alta rotatividade da equipe de coordenação,
ineficiência da articulação
intrainstitucional, etc.). “A avaliação
foi uma novidade nos projetos executados pela SMA
e um verdadeiro exercício da equipe de trabalho”,
ressaltou.
Texto: Valéria Duarte