Crédito: CTC - Palha separada
da cana no triturador
31/03/2011 - 11:28
Depois do acidente nuclear na usina de Fukushima,
no Japão, os governos voltam
as atenções para os investimentos
em energias renováveis. Neste ano o Brasil
dará um grande passo para aumentar a produção
energética, sem colocar em risco a vida de
milhares de pessoas , utilizando um produto natural
que é descartado: a palha e o bagaço
da cana de açúcar.
Um projeto com recursos do Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT), Global Environemt
Facility (Fundo do meio ambiente operado pelo PNUD),
Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e empresas
privadas, permitiu o desenvolvimento da primeira
usina de geração de energia a partir
da queima dos componentes da cana de açúcar.
No total foram cerca US$ 68,5 milhões que
foram aplicados em quase dois anos de pesquisas.
Atualmente já existem usinas
que produzem energia a partir da queima do bagaço
da cana que é resto depois que o caule da
cana de açúcar é espremido.
“As folhas geralmente são abandonadas no
campo quando a colheita é feita com máquinas.
Quando não existe maquinário elas
são queimadas”, afirma o coordenador de Tecnologia
e Inovação em Energia do MCT, Eduardo
Soriano.
A primeira usina do projeto CTC-Palha,
como é conhecido, será instalada na
usina Alta Mogiana, em São Joaquim da Barra,
na região de Ribeirão Preto, São
Paulo. O projeto prevê ainda a instalação
de mais duas usinas entre 2013 e 2015. Os locais
ainda não foram definidos.
O CTC estima que adicionar a palha
da cana de açúcar para ser queimada
permitirá um aumento de 1,7 vezes o total
de energia produzida atualmente só com o
bagaço. O coordenador do projeto CTC-Palha,
Suleiman Hassuani, afirma que o Brasil por muito
tempo desperdiçou o potencial que tem. “A
quantidade de palha que existe no campo é
de 80 milhões de toneladas. Esse número
é muito superior à quantidade total
de cana de açúcar produzida por muitos
países. Temos um potencial para gerar energia
para 13 milhões de residências”, explica.
Além de ser um produto
que sempre estará disponível no campo,
a energia elétrica produzida através
da queima da palha e do bagaço da cana de
açúcar possui outras vantagens para
complementar a rede elétrica brasileira.
A colheita da planta ocorre no período em
que há pouca chuva e consequentemente os
reservatórios de água estão
vazios. “Outro ponto positivo é que a geração
dessa energia pode ser feita perto de grandes cidades
o que permite haver transmissão sem perdas,
protegendo assim a rede elétrica do País”,
garante Suleiman.
Funcionamento da Usina
Para a usina de Alta Mogiana,
na região de Ribeirão Preto, a cana
de açúcar será levada junto
com a palha. No local será feita triagem
para separar o caule das folhas. Uma parte das folhas
será levada de volta aos campos onde servirá
como adubo e proteção para o solo
enquanto o caule vai para o processo industrial
de produção de açúcar
e álcool. A palha que fica na usina é
triturada, adicionada ao bagaço e depois
vai para a caldeira para ser queimada.
O vapor provocado pela alta temperatura
da queima move uma turbina que colocará um
gerador em funcionamento. Uma parte pequena da energia
produzida pelo gerador é usada pela própria
usina para atender as necessidades industrias e
a grande parte é disponibilizada na rede
elétrica do Brasil.