07/04/2011 - As ferrugens de plantas
são causadas por fungos da ordem Pucciniales
(Uredinales) e têm sua importância reconhecida
por constituírem um grupo de fitopatógenos
mais devastadores e com ampla variedade de hospedeiros.
Causam doenças em muitas culturas vegetais
importantes – como o café, a soja, jambú,
mandioca e o trigo - Esses fungos comumente denominados
de “ferrugem”, devido à coloração
apresentada em algumas plantas atacadas e que remete
ao ferro oxidado, foram foco de estudo de bolsistas
de iniciação científica do
Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT) em
2010.
A investigação,
orientada pela doutora Helen Sotão, é
de autoria de Fabiano Brito e Fernanda Mendonça
e tem como metas conhecer a riqueza, a composição
e a especificidade das espécies de Pucciniales
da Floresta Nacional (Flona) do Amapá, incluindo
a grade de estudo do Programa de Biodiversidade
da Amazônia (PPBio). “Assim, as pesquisas
contribuíram para a ampliação
do conhecimento sobre a biodiversidade do bioma
Amazônia e o enriquecimento das coleções
dos herbários do Instituto de Pesquisa Científicas
e tecnológicas do Estado do Amapá
(IEPA) e do Goeldi”, conta Fabiano Brito em seu
relatório.
Prova disso é que todas
as espécies de fungos identificadas pelos
bolsistas representam os primeiros registros para
a área estudada, incluindo espécies
registradas pela primeira vez no Amapá e
na Amazônia e uma nova espécie ainda
não reconhecida pela ciência.
Continuidade
Os estudos de ambos os bolsistas
de IC terão prosseguimento na medida em que
haverá artigos publicados, participação
em congressos e a continuidade desses alunos nas
pesquisas sobre o Reino Fungi, impulsionados pelos
bons resultados dos trabalhos no Amapá –
realizados entre os anos de 2009 e 2010.
No estudo de Fernanda Mendonça
– que teve como local de coleta a área da
grade de estudo do PPBio – foram identificadas 10
espécies de quatro famílias dos fungos
da ordem Pucciniales, parasitando cinco famílias
vegetais. Já Fabiano Brito identificou 12
espécies classificadas em três famílias
de ferrugens, parasitando 12 gêneros vegetais
em áreas extragrade PPBio. Estes resultados
apontam alta especificidade das ferrugens da área
de estudo em relação aos gêneros
de plantas hospedeiras.
“Foram inúmeras as contribuições
que eu obtive durante o estudo, e dentre elas posso
destacar as práticas laboratoriais, o funcionamento
do herbário onde são guardados os
espécimes, práticas taxonômicas
usadas na identificação dos espécimes
e outros conhecimentos que me fizeram crescer tanto
no âmbito pessoal quanto o profissional”,
conta Fabiano Brito.
No nosso dia-a-dia – Além
disso, os fungos representam parte significativa
na biodiversidade do planeta, necessitando assim
de estudos específicos principalmente na
área taxonômica para que se possa conhecer
cada vez mais espécies e quantificar assim,
sua riqueza e importância. Isso é o
que diz Fernanda Mendonça, ressaltando ainda
a carência de estudos de micologia na região
amazônica, com poucos profissionais nos institutos
de pesquisa e universidades.
Mesmo com a carência de
pesquisas e pessoal, porém, Fabiano Brito
destaca a importância dos fungos para a sustentabilidade
e conservação do planeta e como esses
estudos podem contribuir com dados de diversidade
e riqueza das espécies. Além disso,
o bolsista também lembra da relevância
econômica dos fungos, já que atuam
na indústria, na fermentação
do pão, na produção da cerveja,
na medicina, tanto os patógenos como os utilizados
na produção de antibióticos
e na agricultura – uma vez que alguns fungos como
os causadores de ferrugem são parasitas de
culturas vegetais, representando, muitas vezes,
grandes perdas na produção de alimentos.
E por essa diversidade do reino
que a orientadora dos trabalhos, Helen Sotão,
subdividiu seus bolsistas em várias áreas
ou grupos de fungos de forma a otimizar os recursos,
a formação de recursos humanos e o
conhecimento do reino. Atualmente, além dos
alunos Fabiano e Fernanda, outros alunos participam
do projeto: Adriene Mayra Soares desenvolve um trabalho
de conclusão de curso (TCC) com os fungos
macroscópicos (Polyporales); Ronan Gomes
Furtado aluno dede mestrado que desenvolve sua dissertação
também com as ferrugens e Carla Castro bolsista
PCI com os fungos microscópicos Hyphomycetes;
todos, vinculados ao protocolo de fungos do PPBio,
trabalhando com espécimes da Flona do Amapá
e buscando desvendar a riqueza dos fungos da Amazônia.
Floresta Nacional do Amapá
Criada em 1989, a Flona do Amapá
é uma unidade de conservação
de 412 mil hectares. Está localizada nos
municípios de Amapá, Ferreira Gomes
e Pracuúba, no estado do Amapá, e
é limitada a pelos rios Falsino, Araguaia,
rio Mutum e Araguarí. Nos extremo norte e
leste emergem cadeias de montanhas de altitude significativa
e a sua cobertura vegetal é predominantemente
do tipo floresta ombrófila densa.
No interior da Flona está
implantada uma grade de estudo do Programa de Biodiversidade
da Amazônia (PPBio/Amazônia), com 25
km². Nessa área estão sendo desenvolvidos
vários estudos bióticos e abióticos
da diversidade biológica, entre eles as pesquisas
de Fabiano Brito e Fernanda Mendonça.