30/04/2011 - 13h16 - InternacionalMeio
Ambiente - Nielmar de Oliveira - Repórter
da Agência Brasil - Rio de Janeiro – O aquecimento
global e as consequentes alterações
climáticas em todo o mundo foram o motivo
de 30 milhões de atendimentos da Cruz Vermelha
Internacional no ano passado. Foram atendimentos
a vítimas de catástrofes naturais,
algumas das quais não chegaram a repercutir
na grande imprensa.
A informação foi
dada ontem (29), no Rio de Janeiro, pelo secretário-geral
da Federação Internacional da Cruz
Vermelha, Bekele Geleta, que está em visita
ao Brasil, para tratar das relações
institucionais, com entidades públicas e
privadas do país.
Os números dizem respeito
apenas aos atendimentos decorrentes de tragédias
naturais e foram feitos pelos cerca de 270 mil funcionários
da Cruz Vermelha, em todo o mundo. Geleta ressaltou
que o montante é ainda maior se forem computadas
as pessoas beneficiadas por serviços de prevenção
à saúde e aqueles relativos a questões
sanitárias.
Para o secretário-geral
da Federação Internacional da Cruz
Vermelha, o agravamento das questões climáticas
poderá piorar a situação, como
já vem sendo possível ser constatado
também em 2011, com tragédias como
o terremoto, seguido de tsunami, ocorrido no Japão
e os tornados que vêm assolando vários
estados norte-americanos.
“São, em geral, questões
decorrentes de problemas ambientais, mudanças
climáticas e também de violência
urbana. O número de desastres naturais tem
aumentado ano a ano. E a questão é
saber se as economias dos países afetados
vão crescer o suficiente para ajudar as pessoas
a não ficarem tão expostas a tragédias
ou mesmo minimizar os efeitos dessas catástrofes”.
Ao lembrar que o governo brasileiro
doou US$ 1 milhão para o Haiti, quando do
terremoto que devastou o país no ano passado,
o secretário-geral da Cruz Vermelha destacou
o fato de que o Brasil está cada vez mais
presente na cena internacional.
“Iniciativas como essas mostram
que o governo brasileiro começou a ser ativo
também na participação e no
socorro às questões humanitárias
internacionais. O que mostra que o governo brasileiro
está cada vez mais presente nos assuntos
de relevância no mundo e também no
suporte às pessoas necessitadas.”
Geleta destacou o problema da
segurança alimentar como uma das grandes
preocupações da Cruz Vermelha Internacional
nos tempos de hoje. Segundo ele, o problema não
diz respeito somente à falta de alimento
necessário para a humanidade e, em particular,
para os países mais pobres. Mas preocupa
igualmente a desnutrição, para ele,
um problema ainda mais grave.
“Talvez ainda mais grave do que
a falta de alimento é a questão da
alimentação inadequada." Para
ele, “não seria correto usar a palavra fome,
mas, sim, a insuficiência ou a alimentação
inadequada que produz crianças mal nutridas
– isso diminui os anticorpos das crianças
e das mães em fase de amamentação”.
A avaliação parte
do pressuposto de que “o mundo responde muito mais
rapidamente em momentos de fome localizada, mas
não com a mesma rapidez e precisão
em relação à questão
da desnutrição”.
Em sua avaliação,
a solução para o problema da falta
de alimentação seria mudar os métodos
de produção de alimentos, para aumentar
a oferta.
Para Geleta, a segurança
da alimentação depende de investimentos
em tecnologia, “o que os governos e as empresas
já vêm fazendo. Acredito que, brevemente,
encontraremos uma solução para esse
problema específico. Quando eu falo em segurança
alimentar, falo em alimentação suficiente
para poder ser distribuída. Mas não
só na quantidade adequada, mas também
em qualidade suficiente para propiciar os nutrientes
necessários. É preciso essencialmente
que tenha nutrientes em quantidade suficiente para
prover saúde e criar pessoas saudáveis”,
disse.