29/04/2011 - 16h46 - Meio Ambiente
- Isabela Vieira - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro- O movimento indígena
quer participar da organização da
Conferência das Nações Unidas
(ONU) sobre o Desenvolvimento Sustentável,
chamada de Rio+20, que ocorrerá em 2012,
no Rio de Janeiro. Hoje (29), o líder indígena
Marcos Terena cobrou do governo federal a criação
do grupo de trabalho responsável por definir
a posição brasileira no encontro.
Para ele, essa é uma discussão que
não pode ficar restrita aos meios diplomáticos.
"O governo precisa criar
um grupo de trabalho para construção
do evento, não ficar só o Itamaraty.
O Itamaraty é um aliado importante, mas queremos
dialogar com o Ministério de Ciência
e Tecnologia e do Desenvolvimento Agrário,
que têm posições contraditórias
em relação aos créditos de
carbono, por exemplo" declarou Terena, durante
encontro sobre a Rio+20, que ocorreu hoje (29),
no Rio.
Para organizar as demandas dos
índios, Terena disse haverá uma reunião,
em agosto, na cidade de Manaus. O objetivo é
preparar um documento relacionando as questões
consideradas fundamentais para serem tratadas na
Rio+20, como o avanço das monoculturas e
as grandes obras que impactam as terras indígenas.
"Nossa preocupação
é mostrar para as Nações Unidas
e para o Brasil que queremos voz dentro da construção
do evento. Queremos trabalhar de igual para igual
e poder apontar o que seria qualidade de vida para
as próximas gerações",
afirmou Terena.
Terena adiantou que cerca de 1000
índios de diversas partes do mundo vão
montar um grande aldeia no Aterro do Flamengo, na
zona sul da cidade, que se chamará Kari-oca,
apelido dado pelos índios aos portugueses
que chegaram ao Brasil no século 16 e que
significa "cara de peixe feio" na língua
tupi-guarani. O termo indígena acabou designando
as pessoas que nascem na cidade do Rio de Janeiro.
Durante reunião preparatória
da Rio+20, hoje, a ministra do Meio Ambiente, Izabella
Teixeira disse que um dos desafios da conferência
será promover o engajamento dos cidadãos.
Ela disse que o governo pretende incentivar o uso
das redes sociais e da internet para mobilizar a
sociedade em torno dos temas que serão debatidos
na conferência.
Além da ministra,
participaram do encontro de hoje o ministro das
Relações Exteriores, Antonio Patriota,
o diretor executivo do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner, os senadores
Fernando Color de Mello (PTB-AL) e Cristovam Buarque
(PDT-DF), o secretário estadual do Ambiente
do Rio, Carlos Minc, e representantes de organizações
não governamentais.