O 1° Inventário de
Emissões Antrópicas de Gases de Efeito
Estufa Diretos e Indiretos do Estado de São
Paulo no período de 11000 a 2008 apresentado,
em 20/04, na sede da Secretaria Estadual do Meio
Ambiente – SMA e da Companhia Ambiental do Estado
de São Paulo – CETESB, mostrou que o estado
emitiu, em 2005, 88.844 gigagramas (GgCO2) de gás
carbônico (CO2), o principal gás de
Efeito Estufa. Este número servirá
de referência para o cumprimento da meta de
redução de CO2 da ordem de 20% até
o ano de 2020, conforme estabeleceu a Política
Estadual de Mudanças Climáticas de
São Paulo-PEMC (Lei Estadual nº 13.798/2009).
A PEMC tem por objetivo geral estabelecer o compromisso
do Estado frente aos desafios das mudanças
climáticas globais, dispor sobre as condições
para as adaptações necessárias
aos impactos derivados das mudanças climáticas
e contribuir para reduzir ou estabilizar a concentração
de Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera.
Conforme
o secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno
Covas, conter as emissões é tarefa
indispensável, impondo-se a necessidade de
criação e implementação
de medidas de mitigação e adaptação:
“É parte fundamental do compromisso assumido
por São Paulo de participar ativamente dos
esforços de proteção do sistema
climático global e de promover a transição
para uma economia de baixo carbono no estado”. Aproveitando
a presença do presidente da Investe São
Paulo – Agência Paulista de Promoção
de Investimentos e Competitividade - , Luciano Almeida,
no auditório, o secretário Covas ressaltou
que a Secretaria do Meio Ambiente não é
contrária a novos investimentos, mas quer
discutir em que empresas investir, passando pela
economia verde. “O meio ambiente está aqui
para balizar e orientar o desenvolvimento. Mais
que respeitar a legislação na implantação
de políticas públicas para a mitigação
e redução dos gases de efeito estufa,
estamos visando a preservação da vida
neste planeta”, afirmou.
Para Otavio Okano, presidente da CETESB, a partir
da análise dos resultados das estimativas
e dos setores avaliados, o inventário possibilita
conhecer o perfil das fontes de emissões
e identificar as prioridades estaduais para implantação
de programas de mitigação que promovam
iniciativas de redução das emissões
de GEE no Estado de São Paulo. “Este documento
tem grande relevância também, no reconhecimento
por parte do governo, da opinião pública,
das indústrias e demais áreas produtivas,
da importância do tema e da necessidade de
que medidas sejam tomadas”, afirmou.
O inventário foi coordenado pelo Programa
Estadual de Mudanças Climáticas -
PROCLIMA, criado em 1995 pela CETESB e SMA. O coordenador
do PROCLIMA, João Wagner Alves, lembrou que
“impulsionada pela oportunidade de aprendizado adquirida
na participação da elaboração
do inventário nacional de emissões
de GEE do setor de resíduos junto ao Ministério
da Ciência e Tecnologia (MCT), a CETESB procurou
desenvolver um inventário estadual com um
nível de rigor e credibilidade compatíveis
com a relevância do Estado de São Paulo
no contexto nacional.” Ele explicou que o documento
foi realizado em conformidade com os métodos
aprovados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças
do Clima - IPCC e à semelhança da
publicação federal, visando também
coerência e comparabilidade aos resultadosnacionais.
Para Josilene Ferrer, Gerente do Setor de Clima
e Energia da CETESB e secretaria - executiva do
PROCLIMA, a conclusão bem-sucedida desse
projeto só foi possível com a confiança
e o apoio da Embaixada Britânica no Brasil,
bem como com a participação de universidades,
institutos de pesquisas, associações
patronais, empresas de capital privado e público,
órgãos do governo, inúmeros
pesquisadores e colaboradores voluntários,
que de diferentes formas contribuíram para
a obtenção das estimativas das emissões
dos setores da economia estadual. “No total, participaram
320 pesquisadores e 120 entidades e empresas, representando
o setor público e privado do Estado”.
O embaixador do Reino Unido no Brasil, Alan Charlton,
que também participou da mesa de abertura
do evento, fez inúmeros elogios à
iniciativa da CETESB e da SMA e frisou que o inventário
paulista é um dos mais completos que ele
tem notícia. Ele definiu a transição
para a economia de baixo carbono como a “Revolução
Industrial do Século 21”, constituindo-se
os inventários de GEE fundamentais nesse
processo.
Estiveram, ainda, presentes à apresentação
do documento, o secretário adjunto do Meio
Ambiente, Rubens Rizek, o secretário adjunto
de Saneamento e Recursos Hídricos, Rogério
Menezes, o coordenador de Energias Renováveis
da Secretaria Estadual de Energia, Marco Antonio
Mroz, o ex-secretário Fábio Feldmann
e os diretores da CETESB, Ana Cristina Pasini, de
Tecnologia, Qualidade e Avaliação
Ambiental; Geraldo Amaral, de Licenciamento e Gestão
Ambiental, e Sergio Meirelles, de Gestão
Corporativa, além de várias outras
autoridades, que junto com técnicos e representantes
de prefeituras, secretarias de Meio Ambiente, universidades,
assessorias ambientais, entidades ambientalistas
e empresas, lotaram as dependências do auditório
Augusto Ruschi.
Inventário completo e detalhado
Na apresentação do inventário,
o coordenador do PROCLIMA, João Wagner Alves,
enfatizou a importância do relatório
paulista, em função das diferentes
realidades encontradas a nível estadual e
nacional. “No inventário do país,
o desmatamento é responsável por 75%
das emissões, muito diferente da realidade
em São Paulo”. Especificamente com relação
às emissões estaduais de gás
carbônico no período de 11000 a 2008,
Alves mostrou que o aumento foi de 63%. Já
num período mais recente, de 2005 a 2008,
houve o registro de um aumento da ordem de 10%.
O especialista também comparou
as emissões de GEE e o PIB do Estado de São
Paulo e do Brasil, concluindo que a economia do
Estado de São Paulo, responsável por
33% do PIB nacional, emite 6,5% das emissões
totais do país. “Em outras palavras, para
cada mil reais produzidos no país, são
emitidos 0,72 tco2eq., enquanto no Estado de São
Paulo, a mesma produção corresponde
a 0,14 tco2eq., o que equivale a 20% do indicador
nacional”.
Outras informações do inventário
apresentado pela CETESB dão conta de que,
em 2005, as emissões antrópicas líquidas
de GEE foram estimadas em 88.844 GgCO2; 1.268 GgCH4;
63 GgN2O; 0,002 GgSF6 e 0,8 GgHCFC-141b. Em 2008,
essas emissões foram estimadas em 95.762
GgCO2; 1.152 GgCH4; 41GgN2O; 0,002GgSF6 e 1,1 GgHCFC-141b.
Entre 11000 e 2008, as emissões totais do
Estado de São Paulo de CO2, CH4 (metano)
e N2O (óxido nitroso) variaram, respectivamente,
em 63, 12 e -3%. Em relação aos GEE
Indiretos, em 2008 esses foram estimados em 554
GgNOx; 889 GgCO2; e 567 GgVOC. Entre 2005 e 2008,
as emissões totais do Estado de São
Paulo de CO2 e CH4 e variaram em 10 e -9,1%, respectivamente.
As emissões e remoções de CO2
se dividem nos seguintes Setores: Energia; Processos
Industriais; Agropecuária; Uso da Terra,
Mudança do Uso da Terra e Florestas – UTMUTF;
e Resíduos. No Estado de São Paulo,
a maior parcela da estimativa das emissões
líquidas de CO2 é proveniente do setor
energético, que representou 84,7% das emissões
de GEE em 2005, seguido pela Indústria, com
13,7% das emissões. O Setor Agropecuário
contribuiu com 1,6%.
Especificamente com relação ao Setor
Energético, as emissões totais de
CO2 provenientes da queima de combustíveis
fósseis evoluíram de 56.957 GgCO2
em 11000, para 79.231 GgCO2 em 2008, o que representa
um crescimento de 39%, ou seja, um crescimento médio
anual de 1,85%. No ano de 2008, dentre as emissões
do Setor Energético, os combustíveis
derivados de petróleo foram responsáveis
por 78% das emissões de CO2, seguidos pelo
carvão mineral e derivados (14%) e pelo gás
natural (8%).
O documento lembra que o aumento das emissões
de CO2 dos combustíveis fósseis foi
menor do que o aumento da oferta interna bruta total
de energia, sinalizando um maior uso de combustíveis
menos intensivos em carbono (como o gás natural)
e também o aumento da participação
das fontes renováveis (biomassa) no sistema
energético paulista.
Também mereceu destaque o fato de que, dentre
os setores que mais contribuíram para o aumento
das emissões de CO2, merece destaque o de
Transportes (56% em 2005), sendo que o segmento
Rodoviário foi responsável por 81%
das emissões totais do transporte. O Setor
Industrial contribuiu com outros 29% destas emissões.
O Subsetor Industrial que mais contribuiu para as
emissões de CO2 foi o de ferro gusa e aço,
com 34% devidas ao consumo energético pela
indústria. As emissões do Setor Industrial
cresceram 25% no período de 11000 a 2008.
Verificou-se, ainda, que os automóveis representam
uma parte expressiva das emissões de GEE.
O documento será elaborado periodicamente,
obedecendo à metodologia internacional definida
pelo IPCC, também utilizada no inventário
nacional, de forma a gerar informações
que sejam comparáveis nacional e internacionalmente
e que permitam quantificar as emissões do
estado no contexto global.
Texto – Mário Senaga.
Fotografia – José Jorge.
+ Mais
Centro de Pesquisa da Alemanha
e CETESB fecham acordo em áreas contaminadasCentro
integra a Associação Helmholtz, uma
das maiores organizações científicas
alemãs
O Centro Helmholtz para Pesquisa
Ambiental (UFZ), um dos 17 centros que integram
uma das maiores organizações científicas
da Alemanha, a Associação Helmholtz,
assinou em 11.04 um Termo de Cooperação
Técnica com a CETESB, para a realização
de pesquisas conjuntas em contaminação
do solo e águas subterrâneas. A UFZ,
com sede na cidade de Leipzig, existe há
20 anos e se destaca em pesquisas de ponta, em técnicas
de investigação e em novas tecnologias
para remediação de áreas contaminadas,
com larga experiência em grandes sítios
contaminados ainda existentes na antiga Alemanha
Oriental.
Este é o segundo acordo
de cooperação firmado com o governo
da Alemanha, voltado para o gerenciamento de áreas
contaminadas. O primeiro, de 10 anos atrás,
recebeu apoio técnico e suporte financeiro
da Sociedade de Cooperação Técnica
GTZ (Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit).
Um dos produtos gerados através desta parceria
foi a elaboração do Manual de Gerenciamento
de Áreas Contaminadas, com conceitos, informações
e metodologias voltadas à remediação
dessas áreas. Atualmente, o Estado de São
Paulo possui 3.675 registros de áreas contaminadas,
sendo 79% em postos de combustíveis.
Segundo Georg Teutsch, diretor
científico da UFZ, a escolha da CETESB como
parceira neste intercâmbio técnico
se deu pela reputação que a agência
ambiental paulista detém a nível internacional.
“Conseguimos um interlocutor à altura da
nossa especialidade, o que nos obriga a a mostrar
a relevância de nosso trabalho”, afirmou Teutsch.
Para Otavio Okano, presidente da CETESB, este acordo
possibilitará um grande avanço no
processo de aprimoramento para a aplicação
de novas tecnologias de remediação
de solos contaminados.
Deste novo acordo de cooperação
também participam a Universidade Estadual
Paulista – UNESP e a Associação Brasileira
de Águas Subterrâneas – ABAS, com a
execução de projetos técnico-científicos,
realização de cursos e treinamentos,
e na divulgação dos trabalhos através
de seminários e “workshops”. A ABAS, especificamente,
abrirá um espaço para discussão
e divulgação dos trabalhos científicos
resultantes do acordo, no Congresso Brasileiro de
Águas Subterrâneas e no Congresso Internacional
de Meio Ambiente Subterrâneo.
Assinaram o Termo de Cooperação
o presidente da CETESB, Otavio Okano e a diretora
de Tecnologia, Qualidade e Avaliação
Ambiental, Ana Cristina Pasini; Júlio Cezar
Durigan, vice-reitor da UNESP; Humberto Rabelo,
presidente da ABAS; e Georg Teutsch e Andreas Schmidt,
diretor científico e diretor administrativo
da UFZ, respectivamente. Como testemunha assinou
Everton de Oliveira, secretário executivo
da ABAS.
Texto: Renato Alonso
Fotografia: Pedro Calado