26/04/2011
- Carine Corrêa - Em audiência pública
realizada nesta terça-feira (26/4) no Senado
Federal, em Brasília, para tratar de temas
como a importância da Conferência Rio+20
e Desenvolvimento Sustentável, o secretário-executivo
do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Francisco
Gaetani, disse que a política ambiental do
País está sendo consolidada por uma
estratégia rumo à economia verde.
Gaetani falou que a construção
deste "novo paradigma" depende de um federalismo
corporativo, em que os diferentes níveis
do governo devem estar integrados em estratégias
convergentes e adequadas, que coloquem a questão
ambiental como cerne dos planejamentos de desenvolvimento
econômico.
"Estamos nos articulando
para que a temática ambiental seja assumida
não apenas como um problema ou desafio do
MMA, mas de toda a sociedade e de todas as instâncias
do governo. O País é hoje uma potência
ambiental, com destaque em biodiversidade, potencial
alternativo para geração de energia,
produção de alimentos e reservas de
águas naturais. Estas características
nos atribuem novas responsabilidades rumo a uma
economia verde, que prevê o desenvolvimento
em moldes sustentáveis, de forma a garantir
recursos naturais para as futuras gerações.
A tendência de transformar as economias do
mundo em economias verdes proporciona novas oportunidades,
que beneficiam uma nação ambiental
como a nossa", afirmou o secretário.
Ele ressaltou a importância
de o Brasil ser o país anfitrião de
três eventos de repercussão mundial
- Copa do Mundo, Olimpíadas e Rio+20-, todos
com implicações ambientais. Lembrou
ainda o desafio brasileiro de integrar prioridades
como crescimento, integração social,
incorporação de diferentes camadas
da sociedade ao consumo e acesso a serviços,
desenvolvimento econômico e de infra-estrutura.
Já o diretor executivo
do Pnuma, Achim Steiner, um dos maiores especialistas
em economia verde do mundo, disse que existe muita
expectativa sobre o Brasil em relação
à Rio+20. "Acreditamos que o Brasil
pode aprimorar sua capacidade de liderar, negociar
e inspirar o modelo de pensamento que deve estar
presente nas negociações relativas
ao desenvolvimento sustentável das nações,
bem como as decisões que vão determinar
as novas estratégias para o sistema climático".
Ele falou sobre a oportunidade
de aproveitamento dos eventos esportivos mundiais
e da conferência para promover transições
internas na economia e em uma infra-estrutura verde
no País. De acordo com Steiner, nos próximos
40 anos poderemos ter cerca de 9 bilhões
de pessoas no planeta, e por isso as economias devem
promover mais igualdade e garantir recursos naturais
para as próximas gerações,
pensando em questões como segurança
alimentar, acesso à água e geração
e eficiência energética.
"Nós estamos agora
aptos para influenciar todo o sistema climático
por meio de nossas governanças, escolhas
e planejamentos para o futuro, e temos que criar
e influenciar novos ciclos, econômicos e sociais,
que não deteriorem ainda mais o clima do
planeta", afirmou.
O diretor do Pnuma avaliou que,
20 anos após a organização
da Rio-92, todo o mundo ainda tem entraves que foram
provocados pelo domínio econômico e
político, e que por isso os avanços
ambientais não foram tão significativos.
"A economia verde prevê eficiência
e sustentabilidade nas iniciativas, e a legislação
de cada nação pode contribuir muito
para isso".
Já o senador Rodrigo Rollemberg,
presidente da Comissão de Meio Ambiente e
Defesa do Consumidor do Senado, disse que a Rio
+ 20 exige novos comportamentos dos países
diante dos desafios climáticos. "Temos
que ter a noção de que a sustentabildiade
não é apenas o uso adequado dos recursos
e o progresso, mas o equilíbrio harmônico
entre pilares que vão permitir o desenvolvimento
a longo prazo".
O diretor do Departamento de Meio
Ambiente do Itamaraty, ministro Luiz Alberto Figueiredo,
ressaltou que a Rio+20 é uma conferência
sobre desenvolvimento, e não apenas de caráter
ambiental, que vai tratar de temas como economia
verde no contexto da sustentabilidade, erradicação
da pobreza e governança para um avanço
econômico sustentável.
+ Mais
Assad defende matriz energética
cada vez mais limpa
28/04/2011 - Cristina Ávila
- O setor energético é responsável
por 16% das emissões nacionais de gases de
efeito estufa, mesmo sendo o Brasil considerado
mundialmente como um País de matriz limpa,
ou seja, de baixo impacto ambiental. Essa posição,
porém, deve ficar ainda mais confortável,
com a execução de projetos do Ministério
do Meio Ambiente para a geração de
energia por meio de recursos renováveis.
"Queremos uma matriz energética
cada vez mais limpa", enfatizou o secretário
de Mudanças Climáticas e Qualidade
Ambiental, do MMA, Eduardo Assad, nesta quarta-feira
(28/4), no Fórum Nacional de Energia e Meio
Ambiente, promovido em Brasília pelo Instituto
Brasileiro de Ação Responsável,
no Senado Federal.
Representando a ministra Izabella
Teixeira, Assad citou aos parlamentares e empresários
que o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima
(FNMC) prevê linhas de financiamento que vão
contribuir para que o País alcance metas
otimistas. "Temos 8 mil quilômetros de
costa e ainda não temos aproveitamento das
ondas do mar para geração de energia",
comentou o secretário.
O FNMC, coordenado pelo MMA, tem
disponível no orçamento da União
R$ 233 milhões em recursos reembolsáveis
e não reembolsáveis para projetos
de economia de baixo carbono. Entre as prioridades
de financiamento estão o desenvolvimento
tecnológico e cadeia produtiva de energia
solar.
Para as regiões sem acesso
ao sistema interligado de energia elétrica,
especialmente no Nordeste, Norte e Centro-Oeste,
estão previstas linhas de crédito
para projetos de geração e distribuição
local de energia renovável (eólica,
solar, biomassa e marés).
O secretário Assad ainda citou os investimentos
previstos para fornos mais eficientes na produção
de carvão vegetal. Esse é um dos vilões
de danos ambientais e sociais.
Ao lado do secretário,
o senador Cícero Lucena enfatizou que o Brasil
"é destaque em energia limpa",
mas que tem recursos a serem explorados "para
avançar ainda mais". Ele preside a Globe
Brasil, que compõe a Organização
Mundial de Legisladores para um Meio Ambiente Equilibrado
(Globe Internacional).
Também esteve no fórum,
o presidente da Comissão de Meio Ambiente
e Desenvolvimento Sustentável da Câmara
Federal, deputado Giovani Cherini. Ele comentou
que a comissão está em fase de grandes
debates sobre a questão ambiental, como biodiversidade,
energias renováveis e está em andamento
o programa Carbono Zero, em que o Legislativo se
propõe a plantar 34 mil árvores por
ano.