Panorama
 
 
 

UCS FEDERAIS MANTÊM METADE DA FAUNA AMEAÇADA DO CERRADO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Abril de 2011

12 Abril 2011
Por Aldem Bourscheit
Levantamento divulgado esta semana revela que nas unidades federais de conservação do Cerrado sobrevivem 65 (48%) dos 137 animais ameaçados de desaparecer no bioma. Os parques nacionais das Emas e da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e da Serra da Canastra, em Minas Gerais, se destacam por abrigar muitas espécies em perigo, como lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), águia-cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus), pato-mergulhão (Mergus octosetaceus), tatu-canastra (Priodontes maximus), cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus), onça-pintada (Panthera onca), cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) e muitos outros.

Os dados oficiais também mostram que metade das 618 espécies brasileiras da chamada "lista vermelha" foi registrada em 198 parques nacionais e outras unidades de conservação (UCs) mantidas pelo governo federal. Enquanto mamíferos e aves somam oito em cada dez registros, invertebrados e peixes são os grupos menos apontados.

A lista de animais em perigo possui ao todo 627 espécies, mas nove são consideradas extintas na natureza. Teriam sumido do mapa a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), mutum-do-nordeste (Mitu mitu), maçarico-esquimó (Numenius borealis), michocuçu (Rhinodrilus fafner) e um tipo de libélula (Acanthagrion taxaense), bem como uma perereca (Phrynomedusa fimbriata) e uma formiga (Simopelta minima) sem nome comum.

“Os dados evidenciam a necessidade de se ampliar e consolidar o sistema nacional de unidades de conservação e as pesquisas científicas associadas, especialmente em biomas extremamente ameaçados como o Cerrado. Ele já perdeu metade da vegetação original e tem menos de 3% da área efetivamente protegida e, ainda assim, é um grande fornecedor de água e outros serviços ambientais ao país. Pela alta fragmentação do que resta de sua vegetação, políticas públicas de conservação devem agir para a formação de corredores ecológicos associada ao posicionamento em bloco de reservas legais, formando paisagens sustentáveis”, ressaltou Michael Becker, coordenador do Programa Cerrado-Pantanal do WWF-Brasil.

Olhando para o Brasil, as dez unidades de conservação com maior registro de espécies ameaçadas estão em sua maioria na Mata Atlântica, onde também estão as maiores áreas desmatadas e número de animais em perigo. No bioma, as ocorrências se deram em maior quantidade na Reserva Biológica de Sooretama (ES), com 33 espécies, seguida pela Estação Ecológica de Murici (AL) e pelo Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ).

Dos 43 animais ameaçados da Caatinga, 41 foram registrados em unidades como os parques nacionais Cavernas do Peruaçu (MG), da Chapada Diamantina (BA) e da Serra da Capivara (PI). No Pantanal, espécies em perigo sobrevivem no Parque Nacional do Pantanal Matogrossense e na Estação Ecológica de Taiamã, ambos no Mato Grosso.

No bioma Marinho/Costeiro, há 26 espécies ameaçadas na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (SC) e 24 no Parque Nacional Marinho de Abrolhos (BA). Na Amazônia, ocorrem 32 espécies ameaçadas em unidades federais. O Pampa tem 60 animais na “lista vermelha” e apenas duas unidades federais de conservação. Numa delas, na Área de Relevante Interesse Ecológico Pontal dos Latinos e Pontal do Santiago, foi avistada a toninha (Pontoporia blainvillei), um pequeno golfinho.

Conforme o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), oito em cada dez espécies em perigo foram registradas em reservas biológicas, parques nacionais e outras unidades de “proteção integral”, aquelas onde a terra pertence ao governo e não se permite a presença humana permanente. O Brasil tem hoje 310 unidades federais de conservação, somando 75 milhões de hectares, ou quase 9% do território nacional. Elas variam de 25 hectares, no caso da Área de Relevante Interesse Ecológico Mata de Santa Genebra (SP), a 3,87 milhões de hectares, no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (AP).

O Atlas da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção em Unidades Federais (link ao lado) também aponta as vinte espécies ameaçadas com maior número de ocorrências. A espécie mais registrada foi a onça-pintada, em 59 áreas protegidas e em todas as regiões e biomas brasileiros, seguida pela jaguatirica (Leopardus pardalis mitis) e lobo-guará.

Freio na extinção – A ocorrência ou a falta de registro de espécies ameaçadas em unidades de conservação federais não exclui sua sobrevivência em áreas protegidas estaduais, municipais ou particulares. Logo, jogar luz no status de conservação da biodiversidade brasileira exigirá grandes esforços e investimentos em pesquisa. Isso é fundamental para que o Brasil cumpra seus compromissos e garanta que, nos próximos nove anos, todas as espécies ameaçadas estejam protegidas em unidades de conservação.

“Além da simples presença, precisamos descobrir se há populações viáveis de cada espécie nas unidades de conservação e fazer com que essas informações sejam observadas na agenda brasileira de desenvolvimento. Só assim o Brasil cumprirá suas metas nacionais e internacionais de conservação da biodiversidade”, ressaltou Bráulio Dias, secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente.

Um caso emblemático de adequação do crescimento econômico às necessidades de conservação ambiental aconteceu na Mata Atlântica do Sudeste, em 2009. A obra do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, ligada ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foi interrompida e ganhou viadutos para garantir a sobrevivência da pequenina rã Physalaemus soaresi. Com cerca de dois centímetros, ela sobrevive apenas no interior da Floresta Nacional Mário Xavier, em Seropédica. O traçado original da rodovia sofreu outras melhorias para preservar 34 sítios arqueológicos.

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Brasil e Reino Unido juntos pela conservação e uso sustentável da biodiversidade

08 Abril 2011 - Em evento realizado nesta sexta-feira (8/4), no Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, Caroline Spelman, ministra do Reino Unido para Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais, anunciou apoio financeiro ao Brasil para conservação da biodiversidade.

A iniciativa Diálogos sobre Biodiversidade: Construindo a Estratégia Brasileira para 2020 vai engajar a sociedade brasileira em um processo para fortalecer a implementação dos acordos da 10ª Conferência das Partes sobre Diversidade Biológica (CBD COP10), que aconteceu em outubro de 2010 em Nagóia, Japão, com a elaboração do plano brasileiro de implementação das metas . A série de debates foi aberta nesta sexta-feira (8/4) pelas ministras do Meio Ambiente do Brasil e do Reino Unido.

Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente do Brasil, destacou que este é o momento de cooperação em torno da biodiversidade e de preparar um caminho sólido nesse pós Nagoia. “O Brasil tem um legado da Rio 92, mas queremos é pensar à frente e ir além desses 20 anos que se passaram. O objetivo do Brasil é ter uma agenda estratégica para conservação da biodiversidade, de seus ecossistemas e também ambientes marinhos. O país está buscando coerência entre compromissos internacionais e atos nacionais”, afirmou.

Caroline Spelman, ministra do Reino Unido para Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais, anunciou o apoio de 90 mil libras do governo britânico para a construção do diálogo e 25 milhões de libras para a conservação da biodiversidade em diversos países, entre eles o Brasil, nos próximos 5 anos e se disse impressionada com os diferentes setores envolvidos na defesa do meio ambiente. “É fundamental a celebração de parcerias entre governos para a conservação da biodiversidade”, ressaltou Spelman.

O superintendente de Conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti, avalia que a iniciativa do Brasil é fundamental para colocar o país num papel de liderança global. “O Brasil está tendo coragem de sair na frente e mostrar ao mundo que as metas definidas em Nagoia devem ser tratadas com seriedade e compromisso. É hora de mostrar que é possível implementá-las e estamos construindo esse caminho”, afirmou.

Compromisso de todos

O processo é conduzido pelo Ministério do Meio Ambiente, União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), WWF-Brasil e IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e envolve grupo abrangente de representantes da academia, setor privado, sociedade civil e governo.

O propósito da iniciativa é que em uma série de seminários se consiga chegar a uma proposta de lei federal que apresente as metas e objetivos do Plano Estratégico da CDB e ainda um plano de ação para implementação das metas nacionais.

“O mundo aprovou em Nagoia que todos devem se esforçar para alcançar o desmatamento zero até 2020. Esse processo busca alcançar uma lei nacional que reproduza essa meta e um meio de implementá-la. Isso é muito importante para o país e para o mundo porque acredito que com isso, o Brasil irá estimular os outros países a fazer o mesmo”, afirmou o superintendente de conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti.

O WWF-Brasil é um dos organizadores do processo e está mobilizando empresas parceiras a participarem, entre elas, Walmart, Unilever e Natura. O setor empresarial está representado Movimento Empresarial pela Biodiversidade (MEB), que o WWF-Brasil também apóia.

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Falta de reciclagem causa prejuízos de R$ 8 bilhões ao ano

12 Abril 2011 - O Brasil perde R$ 8 bilhões ao ano por não reciclar seu lixo. A informação é do secretário de Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Silvério da Costa, e foi dada durante seminário na Câmara Legislativa do Distrito Federal na manhã desta terça-feira (12).

Segundo o secretário, esta seria a economia se o país reciclasse todos os materiais passíveis de serem reaproveitados. A quantia é suficiente para construir 1,5 milhão de casas populares a cada ano.

O déficit habitacional do país é de cerca de 6 milhões de moradias, de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP). Ou seja, se o volume de recursos fosse direcionado para a construção de moradias, seria possível zerar o déficit habitacional do Brasil em quatro anos.

O coordenador do programa Educação para Sociedades Sustentáveis da organização não governamental ambientalista WWF-Brasil, Fábio Cidrin, avalia que o prejuízo só não é maior por conta do trabalho histórico dos catadores de materiais recicláveis. “Estima-se que entre 800 mil e 1 milhão de brasileiros catadores realizam o trabalho que permite ao Brasil ter os altos índices de reciclagem que apresenta”, disse. O Brasil é, por exemplo, recordista mundial na reciclagem de latas de alumínio, reaproveitando mais de 95% do total.

O WWF-Brasil desenvolve, em parceria com a Fundação Banco do Brasil e com o Banco do Brasil, programa concebido pelo BB envolvendo um conjunto de ações relacionadas a consumo consciente e reciclagem total de resíduos em cinco cidades piloto: Belo Horizonte (MG), Caxias do Sul (RS), Natal (RN), Pirenópolis (GO) e Rio Branco (AC).

Nestas cidades, as organizações parceiras vão estimular a mudança de comportamento e valores em relação à produção e destino dos resíduos sólidos e disseminar os princípios do consumo consciente.

As ações a serem implementadas nas cidades-piloto vão permitir que os modelos desenvolvidos possam ser replicados nos demais municípios brasileiros, ajudando a diminuir a quantidade de resíduos que vai para os lixões – e diminuindo os prejuízos que o país acumula por não reciclar.

A parceria também inclui a Agência Nacional de Águas (ANA), em ações desenvolvidas em 14 microbacias hidrográficas, incentivando a agricultura sustentável por meio da adoção de práticas voltadas à melhoria da qualidade das águas e à ampliação da cobertura da vegetação natural.

A iniciativa prevê, ainda, a realização de estudos para aperfeiçoar os critérios socioambientais utilizados nos processos de financiamento e investimento do Banco do Brasil, contribuindo para a redução de risco e impactos socioambientais. E ações para aprimorar os modelos de negócios voltados ao desenvolvimento regional sustentável e ampliar o portfólio de produtos e serviços financeiros com contribuição socioambiental do BB.

O seminário realizado nesta terça-feira, com o objetivo de discutir desafios e oportunidades da Política Nacional de Resíduos Sólidos, foi organizado pela Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara Legislativa.


 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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