Panorama
 
 
 

CONGRESSO DESLIGA A MOTOSSERRA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Maio de 2011

O recado não podia ser mais claro: “Congresso, desliga a motosserra”, escrito numa faixa de 10 por 30 metros estendida em frente ao prédio do Legislativo em Brasília, foi o pedido do Greenpeace para os deputados reunidos na Câmara hoje.

O texto de Aldo, ditado pelos ruralistas, não pode ser votado hoje. Ele precisa ser debatido em profundidade com a sociedade – o que não aconteceu. O Código Florestal é peça essencial para que o país possa se desenvolver sem destruir suas florestas. A pressão dos ruralistas para anistiar crimes ambientais e abrir espaço para mais destruição levou a uma reforma que prioriza as necessidades apenas do agronegócio.

“Votar dessa maneira, nessa correria, quando todos pedem reflexão, é um desrespeito com o próprio Congresso e uma irresponsabilidade. Se aprovado, vai deixar a presidente da República refém de um projeto que representa apenas um setor da sociedade, o agronegócio, sem proteger as florestas nacionais”, afirma Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace. “A proposta de Código Florestal que pode entrar em votação coloca o governo na fogueira.

O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, não referendou a proposta de Aldo – mesmo após dois meses de diálogo com o deputado, para que refletisse menos desmatamento no texto. Pela manhã, em uma conversa com o Greenpeace e outras organizações ambientalistas, representantes da agricultura familiar e de movimentos sociais, e da iniciativa privada, o ministro afirmou: “Não há discussão de percentagem em política. O governo é 100% contra [a proposta].”

Aldo poderia ter evitado a situação, mas seu comprometimento com a bancada ruralista foi maior. Ele manteve grande parte da anistia aos crimes ambientais cometidos até 2008, inclusive em áreas sensíveis como margens de rios. Além disso, quem destruiu a natureza ilegalmente, e lucrou com isso, pode abater o custo da recuperação no Imposto de Renda – o que interessa apenas aos grandes, pois os pequenos agricultores sequer ganham o suficiente para declararem imposto.

O texto classifica qualquer produção de alimentos como de interesse social. Isso descaracteriza a agricultura familiar e estende exceções previstas na lei a qualquer propriedade rural, inclusive as dos maiores empresários. Aldo também isentou todos a terem floresta em até quatro módulos fiscais (que pode chegar a 400 hectares, dependendo da região). É um “bônus” válido para qualquer um, independente do tamanho da propriedade – e do bolso do seu dono.

O Brasil abriga 20% de todas as espécies do planeta e 12% das reservas hídricas. Desligar a motosserra empunhada pelos ruralistas no Congresso é essencial para preservar esse bem, para os brasileiros de hoje e do futuro.

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Dilma desliga a motosserra

Dilma se comprometeu a não dar as costas para as conquistas ambientais do governo Lula. Agora é hora de frear o trator ruralista que atua no Congresso.

Na última quarta-feira (4), a farra da motosserra que se instalou na Câmara dos Deputados freou com a pressão da sociedade civil e principalmente a aparição do governo. Antes tarde do que nunca. A ação foi fundamental para que o trator ruralista não enterrasse, na calada da noite, mais de 78 anos da legislação que protege as florestas brasileiras.

O governo do ex-presidente Lula, antecessor e mentor da agora presidente Dilma, comemorou os últimos anos, de forma quase consecutiva, recordes de queda da taxa de desmatamento, especialmente na Amazônia. Em 2010, foi divulgado o menor índice já registrado: 6.451 km2. O índice ainda é injustificado, mas muito melhor do que os quase 30 mil km2 perdidos em apenas um ano visto antes.

Ao ser eleita, Dilma se comprometeu a não dar as costas para tais conquistas e continuar o trabalho herdado do governo Lula. Na época da eleição, Dilma já se colocou contra os principais pontos do texto de reforma do Código Florestal escrito pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e seus amigos ruralistas, em especial a anistia a quem desmatou ilegalmente.

Em setembro, o Greenpeace e outras 11 organizações socioambientalistas protocolaram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o posicionamento de Dilma e outros três presidenciáveis.

No texto, Dilma Rousseff disse: “Discordo da conivência com o desmatamento e da leniência e flexibilidade com os desmatadores”. Ela ainda citou o Programa Mais Ambiente, do governo federal, como um caminho seguro para a regularização ambiental das propriedades agrícolas.

Dilma também afirmou não acreditar que a atual legislação ambiental seja um entrave à expansão agropecuária. “O Brasil pode expandir sua produção agrícola sem desmatar. Hoje existem 60 milhões de hectares de pasto mal utilizados ou subutilizados que precisam ser recuperados.”

Além disso, preservar as florestas é peça fundamental da política externa brasileira. Foi após assumir uma série de compromissos intermacionais de diminuição do desmatamento que o Brasil tornou-se protagonista nas discussões ambientais mundiais. Como lembrou a presidente na promessa feita à sociedade, "a redução do desmatamento da Amazônia foi um compromisso que o presidente Lula assumiu junto ao povo brasileiro, antes de qualquer compromisso internacional. A preservação deste bem é um dever do Brasil para com os brasileiros do futuro."
Já está mais do que na hora de Dilma agir e desligar a motosserra que, hoje, ronca alto no Congresso.

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O Código invisível

Nesta quarta-feira, o dia começou cedo no Congresso. Às 9h da manhã, o plenário já estava cheio: foi quando teve início a sessão extraordinária na qual seria votada a proposta dos ruralistas para o Código Florestal. Deputados, jornalistas e sociedade civil estavam lá em peso, e os parlamentares começaram a subir, um a um, no palanque para discursar sobre o assunto. Só uma ausência chamou atenção: a do próprio projeto que seria votado. Ninguém ali tinha a mais vaga ideia do que estava escrito no texto final.

A cena fala por si só: pouco importa o que está escrito na proposta. Maioria na Câmara, a bancada ruralista arbitrariamente deu por encerrado o debate sobre o Código Florestal e tentou, mais uma vez, votar na marra a lei que vai definir o futuro do Brasil. Construída por seus pares e redigido pelo neoruralista deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), a proposta original abre espaço para mais desmatamento e garante impunidade a quem cometeu crimes ambientais.

Olhando de longe, parece que todos os lados conseguiram um acordo. Mas basta chegar mais perto para ver que o assunto ainda gera infinitas perguntas e críticas de todos os lados. Inclusive do governo. Desde a semana passada, alguns braços direito da presidente Dilma Rousseff são vistos com frequência pelos corredores da Câmara. Os ministros Antônio Palocci, da Casa Civil, Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, e o vice-presidente Michel Temer entram e saem de reuniões tentando um consenso na proposta.

A ciência fez seu papel. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) entregaram aos parlamentares um extenso estudo que mostra como a produção agropecuária depende da preservação das florestas. A agricultura familiar também se posicionou, pedindo o fim do desmatamento e o tratamento diferenciado a eles.

Relator do projeto, Aldo Rebelo encontrou com cada um desses atores. Mas, ao que parece, as conversas entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Ele reescreveu umas linhas na proposta, mas continuou recebendo uma saraivada de críticas: a anistia aos desmatadores e as brechas para mais destruição não saem das entrelinhas. A teimosia de Aldo fez com que o processo emperrasse uma série de vezes. Uma mostra clara de que essa discussão atropelada está para lá de imatura e que o país está sendo vítima de uma temeridade, com a Câmara aprovando de forma açodada uma mudança na legislação ambiental que pode trazer impactos negativos ao Brasil pelos próximos 1000 anos.

Muito mais que um emaranhado de artigos, parágrafos e letras, o Código Florestal diz respeito ao Brasil que queremos ser no futuro: uma nação que devastou seus recursos naturais em nome do lucro de poucos ou a primeira potência econômica e ambiental do planeta?

Nos últimos anos, demos alguns sinais de que podemos alcançar a segunda opção. O desmatamento na Amazônia teve uma queda jamais vista, e assumimos internacionalmente o compromisso de reduzir nossas emissões – que vêm principalmente da destruição das nossas florestas.

Caso o Código Florestal dos ruralistas seja aprovado e o desmatamento volte a subir, Dilma vai ter que se explicar não só para os brasileiros, mas para o mundo. Ela já percebeu isso, tanto que enviou seus ministros para acompanhar a discussão no Congresso. Mas não adiantou. É hora de a presidente desligar, de vez, a motosserra do Congresso e puxar o Brasil para um futuro verde, limpo e rico. Para nós mesmos e para as próximas gerações.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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