Com informações
do Blog do Planalto - O presidente da Funai, Márcio
Meira, participou nesta terça-feira, 17,
de seminário para jornalistas com a finalidade
de esclarecer dúvidas sobre o empreendimento
de Belo Monte. O seminário foi promovido
pela Secretaria de Comunicação da
Presidência da República (Secom) no
auditório do Ministério das Minas
e Energia, em Brasília e também contou
com a presença do presidente do Ibama, Curt
Trennepohl, do secretário de Planejamento
e Desenvolvimento Energético do Ministério
de Minas e Energia (MME), Altino Ventura Filho,
e do diretor Socioambiental da Norte Energia S.A.(Nesa),
Antônio Coimbra.
Meira reafirmou a mais de 50 jornalistas
presentes que nenhuma Terra Indígena será
alagada pela construção da barragem,
dizendo haver ainda uma confusão com o projeto
anterior, da década de 70. “O projeto foi
modificado para não alagar terras indígenas.
Não haverá supressão de terras
e nem remoção de indígenas
de suas terras”, assegurou. Ele informou que o órgão
está cumprindo seu papel no processo, estabelecendo
condições e medidas que minimizem
os impactos do empreendimento junto aos povos indígenas
da região.
São 13 as condicionantes
indígenas, sob responsabilidade da Norte
Energia, que constam da licença prévia
emitida pelo Ibama em fevereiro do ano passado.
Outras 13, incluindo proteção e fiscalização
das terras indígenas, cabem ao Estado brasileiro.
“Estamos atentos para que essas exigências
sejam cumpridas e que o modo de vida tradicional
seja garantido”, ressaltou.
Meira esclareceu ainda que a Funai,
como órgão interveniente, vem realizando
reuniões nas terras indígenas localizadas
na área de influência da obra desde
2007. Foram 38 reuniões de consulta com indígenas,
com intérpretes, quando necessário,
além das quatro audiências públicas
em Brasil Novo, Vitória do Xingu, Altamira
e Belém.
O fortalecimento da presença
institucional da Funai na região foi destacado
no seminário. Como exemplo, foi citado o
trabalho de demarcação da terra indígena
Arara da Volta Grande e a retirada de não-indígenas
das terras demarcadas, além da estrutura
montada em Altamira para atendimento aos índios
que procuram informações sobre Belo
Monte. Essa estrutura é parte do Programa
de Comunicação Indígena, que
está em andamento e foi desenvolvido como
uma das condicionantes. O programa utiliza um sistema
de rádio, que liga a central de Altamira
às aldeias, e cartilhas com informações
sobre a obra e o processo de licenciamento ambiental.
Ibama - O presidente do Ibama,
Curt Trennepohl, afirmou durante o seminário
que, se todas as condicionantes forem cumpridas,
o órgão emitirá a licença
de instalação definitiva da obra de
Belo Monte. Trennepohl participou também
do workshop que teve por finalidade tirar dúvidas
de jornalistas sobre o empreendimento. Na semana
passada, equipe da Diretoria de Licenciamento Ambiental
do Ibama finalizou vistoria no local do futuro empreendimento,
próximo a Altamira (PA), e trabalha agora
na elaboração do parecer técnico.
A viabilidade ambiental do empreendimento
Belo Monte já foi atestada pelo Ibama, afirmou
Trennepohl, quando da emissão da licença
prévia (LP), em fevereiro de 2010, estabelecendo
40 condicionantes para prevenir, mitigar ou compensar
impactos do projeto. Caso as condicionantes socioambientais
não sejam cumpridas pelo consórcio
Norte Energia S.A. (Nesa), responsável pelo
empreendimento, o Ibama tem poder para embargar
a obra. “Nem todo impacto ambiental pode ser considerado
um prejuízo. Algumas vezes deve ser considerado
um custo. O papel do órgão licenciador
é procurar minimizar ou compensar os efeitos
adversos para o meio ambiente”, disse
MME - O secretário de Planejamento
e Desenvolvimento Energético do Ministério
de Minas e Energia (MME), Altino Ventura Filho disse
que embora defenda formas alternativas para geração
de energia, como eólica e solar, o custo
do investimento e do preço final destas fontes
alternativas é alto para o consumidor e,
por isso, as hidrelétricas tornam-se mais
vantajosas. “A energia hidrelétrica é
a fonte mais econômica, renovável e
adequada às nossas necessidades, inclusive
do ponto de vista ambiental”, defendeu. Segundo
ele, o custo da energia gerada por Belo Monte deve
ficar em menos de R$ 80 o MW/h (MegaWatt/hora),
enquanto as outras fontes, como a energia eólica,
custariam no mínimo R$ 130 o MW/h.
Nesa - Segundo o diretor Socioambiental
da Nesa, Antônio Coimbra, as condicionantes
estabelecidas pelo Ibama estão sendo tratadas
com seriedade. “Todas as condicionantes foram atendidas
ou estão em atendimento”, afirmou. O consórcio,
composto pela Eletrobrás e por um grupo de
empresas privadas brasileiras, aguarda a licença
definitiva para iniciar a construção
do empreendimento.
+ Mais
Censo conta 817 mil indígenas
no Brasil
Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), o Censo Demográfico
realizado em 2010 no Brasil encontrou 817 mil pessoas
que se declaram indígenas no Brasil, o que
representa 0,42% do total da população
brasileira. O número representa um crescimento
de 11% em relação ao registrado no
Censo de 2000, quando 734 mil pessoas se declararam
indígenas.
De acordo com o Censo, em termos
absolutos, o estado brasileiro com maior número
de indígenas é o Amazonas, com uma
população de 168 mil. Já em
termos percentuais, o estado com maior população
indígena é Roraima, onde os indígenas
representam 11% da população total
do estado.
Os dados divulgados por enquanto
pelo IBGE ainda são preliminares. O Censo
de 2010 trará ainda informações
mais detalhadas sobre a população
indígena, como etnia a que pertence e as
línguas faladas, porém esses dados
só devem ser divulgados a partir de Abril
de 2012. Será a primeira vez que um censo
demográfico no Brasil levanta essas informações.
+ Mais
Roraima terá Primeiro Plano
Territorial de Etnodesenvolvimento Indígena
As terras indígenas Raposa Serra do Sol e
São Marcos, ambas no estado de Roraima, serão
as primeiras do Brasil a contar com um Plano Territorial
de Etnodesenvolvimento Indígena (PTEI). O
Plano – que abrange os municípios de Normandia,
Pacaraima, Uiramutã, além de parte
da capital do estado, Boa Vista – será apresentado
nesta terça-feira, dia 24 de maio.
O Plano busca integrar as ações
das diversas esferas de Governo na promoção
do desenvolvimento econômico sustentável
da região e universalização
do acesso a políticas públicas de
cidadania. "O plano atende uma antiga reivindicação
das comunidades e vai melhorar a qualidade de vida
dos índios nas etnoregiões de terras
indígenas São Marcos e Raposa Serra
do Sol", destaca Gonçalo Teixeira, Coordenador
Regional da Funai em Roraima.
Para a Delegada do MDA em Roraima,
Célia Souza, destaca que o Plano reafirma
a identidade, a autonomia e o protagonismo dos povos
indígenas da região: "O documento
respeita a cultura, a língua e a forma de
viver dos índios. O plano foi produzido por
eles, para seu território, e isso reflete
a postura do Governo Federal, de não impor
uma política pública, mas construir
coletivamente”.
Segundo Leoma Ferreira, representante
da etnia Makuxi na coordenação do
Colegiado Territorial, o lançamento do plano
é a consagração de um esforço
de construção coletiva. "O povo
da região quer ver o resultado desta construção
coletiva, que envolveu representantes de todos os
povos indígenas do estado”.
O PTEI começou a ser desenvolvido
em junho de 2009, em um amplo processo de debates,
que envolveu 18 entidades representativas dos povos
indígenas de Roraima. Sua criação
é fruto da implementação, em
2009, do Território da Cidadania Terra Indígena
Raposa Serra do Sol e São Marcos, como parte
do programa “Territórios da Cidadania” do
Governo Federal. Lançado em 2008, o Programa
coordena ações de 22 ministérios
e órgãos federais, em parceria com
estados, para a promoção de desenvolvimento
territorial sustentável.
Na região beneficiada vivem
indígenas das etnias Makuxi, Ingarikó,
Wapixana, Taurepang e Patamona, com uma população
total estimada de 27 mil indígenas.
O evento de lançamento
do plano acontece a partir das 9 horas, no Centro
Macunaíma, município de Pacaraima.
Estarão presentes o Diretor de Promoção
ao Desenvolvimento Sustentável da Funai,
Aloysio Guapindaia, o secretário do Desenvolvimento
Territorial do Ministério do Desenvolvimento
Agrário (SDT/MDA), Jerônimo Souza,
bem como representante do governo de Roraima e das
prefeituras da região, além de lideranças
indígenas.