Brasília, 7 de junho de
2011 - Mesmo antes da “temporada” das queimadas,
que acontece normalmente entre julho e setembro,
época da seca, as florestas – ou o que restam
delas – já sofrem com as queimadas.
No início de junho já havia a detecção
de regiões afetadas pelo fogo. Em sobrevôo
feito por uma equipe do Greenpeace, foi possível
observar no estado do Mato Grosso focos de queimadas
em grandes áreas recém-desmatadas.
O campaigner do Greenpeace Rafael
Cruz relata que durante o sobrevôo foi possível
ver focos de calor. “São queimadas provocadas,
que tem como objetivo o plantio. Incêndio
natural é muito pouco, residual. A grande
maioria é provocado”.
Cruz conta que viu desmatamentos
gigantescos, entre eles um de 1400 hectares no município
de Nova Ubiratã (MT). “São áreas
muito grandes desmatadas em plena época de
chuva, o que é atípico. Normalmente
isso acontece entre julho e outubro”, afirma o campaigner,
que acredita que o desmate fora de época
é mais um forte indício da corrida
pelo código florestal dos ruralistas, aprovado
na Câmara e agora em tramitação
no Senado.
“Eles desmatam com correntão,
enfileiram as árvores derrubadas e queimam.
Aí a área fica livre para plantio.
Os agricultores estão investindo. Fazer isso
custa caro. É tudo preparação
para solo, para plantação de arroz
e soja”, diz.
Assim como a equipe do Greenpeace,
satélites da NASA também registraram
incêndios. Segundo a agência espacial,
nas últimas 24 horas foram detectados mais
de 10.500 focos de queimadas nas matas brasileiras.
A situação, que
já não está favorável
ao meio ambiente, pode ser agravada ainda mais.
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama), declarou esta
semana que 2011 poderá ser o ano das queimadas.
Responsável pela gestão do Prevfogo,
sistema nacional de prevenção aos
incêndios florestais, o órgão
anunciou que áreas de mata nativa que foram
derrubadas podem ser atingidas por incêndios
clandestinos, no intuito de limpar terrenos para
dar espaço à agricultura.
Segundo o Ibama, o Brasil vai
sofrer uma explosão de focos de queimadas,
principalmente em áreas de desmatamentos,
que este ano atingiu recorde histórico. “O
fogo é a forma de manejo mais utilizada para
limpeza de terrenos antes da implantação
de pastagem. O Mato Grosso poderá registrar
mais ocorrências porque até agora é
o estado que mais desmatou”, afirmou José
Carlos Mendes de Morais, coordenador do Prevfogo.
Dados divulgados pelo Ministério
do Meio Ambiente mostram que dos 593,0 km²
de desmatamento detectados entre março e
abril na região da Amazônia legal,
480,3 km² ficam em Mato Grosso. Uma das regiões
mais afetadas foi a fronteira entre o Cerrado e
a Amazônia.