17/06/2011
Maiesse Gramacho
O secretário-geral da Organização
das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon,
se reuniu nesta sexta-feira (17/6) com a ministra
do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Na pauta do encontro, as negociações
em curso no âmbito do Painel de Alto Nível
sobre Sustentabilidade Global, do qual Izabella
faz parte, e os preparativos para a Conferência
da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável,
a Rio+20, em junho de 2012.
"Estou concluindo minha visita
ao Brasil, onde tive reuniões muito importantes",
disse Ban Ki-moon à ministra do Meio Ambiente.
O secretário-geral da ONU está no
País há dois dias, e se reuniu com
a presidenta Dilma Rousseff e outras autoridades.
Durante o encontro reservado de
uma hora, na sede do ministério, Ban Ki-moon
destacou a importância da participação
e das contribuições da ministra no
Painel. Criado em agosto de 2010, o órgão
tem como principal atribuição avaliar
iniciativas que combatam a pobreza e, ao mesmo tempo,
as mudanças climáticas. De acordo
com Ban Ki-moon, a ideia é garantir que o
desenvolvimento econômico também possa
ser ambientalmente sustentável. Até
o fim deste ano, os integrantes devem apresentar
um relatório com suas considerações.
O documento deverá embasar parte das discussões
e negociações da Rio+20.
Sobre a conferência no Rio
de Janeiro em 2012, o secretário-geral da
ONU disse esperar o engajamento dos líderes
políticos de todo o mundo tanto no processo
preparatório quanto no evento. "Devemos
caminhar juntos pelo desenvolvimento sustentável",
observou.
Segundo ele, o Brasil pode inspirar
outros países, com suas práticas e
políticas ambientais. Ban Ki-moon também
se colocou à disposição do
País para auxiliar no que for preciso à
preparação da Rio+20.
Agradecimento - Izabella Teixeira
agradeceu a visita do representante máximo
da ONU e se disse honrada pelo convite feito por
ele para integrar o Painel. De acordo com a ministra,
o órgão é um novo "espaço
político" para debater questões
relativas a desenvolvimento sustentável,
mudanças climáticas, economia verde
e governança ambiental internacional - temas
que também serão tratados na Rio+20.
Izabella aproveitou a oportunidade
para apresentar ao secretário-geral da ONU
algumas iniciativas brasileiras que já aliam
proteção ambiental e desenvolvimento
econômico e social, como o Fundo Amazônia,
o recém-lançado Bolsa Verde e a agricultura
de baixo carbono.
Para a ministra, a conferência
no Rio servirá para identificar as oportunidades
de implementação de ações
e medidas que possam resultar na efetiva transição
para uma 'economia verde' em nível mundial.
Também participaram da
reunião os embaixadores Luiz Alberto Figueiredo
e Maria Luiza Viotti, do Ministério das Relações
Exteriores. Ao final do encontro, Izabella Teixeira
presenteou o secretário-geral da ONU com
um DVD de bossa nova. "Quando o senhor vier
ao Brasil, para a Rio+20, já estará
familiarizado com a música local e poderá
tomar uma caipirinha", brincou a ministra.
+ Mais
Publicações oferecem
alternativas para recompor áreas degradadas
22/06/2011
Carine Corrêa
Que alternativas econômicas podem ser oferecidas
a pequenos produtores rurais para a complementação
da renda familiar que também podem contribuir
para a restauração de áreas
degradadas? Que resultados podem ocorrer quando
áreas destinadas à preservação
são ocupadas pelo homem de maneira irregular?
Para responder a estes questionamentos
e contribuir para a elaboração de
políticas públicas ambientais, o MMA,
a Agência Alemã de Cooperação
Internacional para o Desenvolvimento (GIZ), a ONG
The Nature Conservancy (TNC) e o WWF Brasil lançaram
nesta terça-feira (21/6), em Brasília,
as publicações: Pagamentos por Serviços
Ambientais na Mata Atlântica - Lições
aprendidas e desafios e Áreas de Preservação
Permanente e Unidades de Conservação
x Áreas de Risco - O que uma coisa tem a
ver com a outra?
Na opinião do secretário
executivo do MMA, Francisco Gaetani, os livros vão
ajudar a instrumentalizar as políticas ambientais.
"Muitas das propostas do MMA precisam de fundamentação
e as obras vão dar munição
para essas discussões. Os estudos realizados
contribuem também para que o ministério
avance mais em suas ações, já
que queremos aprofundar e qualificar a agenda de
preservação e de desenvolvimento sustentável."
Gaetani ressaltou que o MMA deve
ter uma agenda positiva de comando e controle de
iniciativas, e acrescentou que, em tempos de debate
do Código Florestal, mais pessoas estarão
conscientes da importância das ações
de preservação.
APPS x Áreas de risco
A publicação Áreas
de Preservação Permanente x Áreas
de Risco - O que uma coisa tem a ver com a outra?
faz uma análise de deslizamentos ocorridos
em uma área de 6 mil hectares na região
serrana do Rio de Janeiro, que foi afetada pelas
chuvas no começo de 2011.
Os técnicos do MMA avaliaram
657 deslizamentos ocorridos e constataram que, em
92% dos casos levantados, os acidentes foram ocasionados
pela ocupação indevida do homem. Apenas
em 8% dos casos não foi possível identificar
a pressão antrópica, e nesses locais
as áreas estavam mais preservadas.
De acordo com Wigold Schaffer,
coordenador do estudo, as regiões mais afetadas
são exatamente aquelas que o Código
Florestal determina ser protegidas: margens de rios,
encostas com alta declividade, áreas nos
topos de morros, montanhas e serras. "A constatação
é que as áreas protegidas são
as que oferecem riscos quando ocupadas. O estudo
demonstra que a intervenção antrópica
contribuiu para os resultados que ocasionaram em
perdas humanas e patrimoniais", disse.
Schaffer contou que as áreas
de agricultura consolidadas em APPS também
foram muito atingidas. Além da perda da lavoura,
da safra e do solo, houve ainda a morte de cerca
de 40 agricultores que construíram suas casas
dentro de APPs.
O livro mostra, ainda, imagens
comparativas das áreas avaliadas antes e
depois da tragédia, e demonstra que nos trechos
onde as APPS foram preservadas não houve
perdas significativas econômicas, de infraestrutura
e de vidas humanas.
Pagamentos por Serviços
Ambientais
A outra publicação
lançada ontem, sobre Pagamentos por Serviços
Ambientais (PSA), aborda as 78 iniciativas nas áreas
de carbono, biodiversidade e água que já
estão em curso na Mata Atlântica. Os
projetos contribuem, por exemplo, para a restauração
de matas ciliares, proteção e conservação
da biodiversidade e ações de conservação
e manutenção de recursos hídricos.
Além disso, são uma alternativa para
complementar a renda de produtores rurais da região,
evitando atividades econômicas que comprometam
o bioma.
Para Ana Cristina Barros, representante
da TNC no Brasil, os pagamentos por serviços
ambientais apresentam um potencial de recuperação
de 15 milhões de hectares da Mata Atlântica.
E ainda podem contribuir para a regularização
ambiental dos produtores.