07/06/2011
Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A ex-ministra do Meio Ambiente
Marina Silva lançou hoje (7), durante reunião
do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e
do Desenvolvimento Sustentável, uma campanha
que pretende coletar 1 milhão de assinaturas
contrárias ao texto do novo Código
Florestal, na forma como foi aprovado pela Câmara
dos Deputados.
“A mentalidade dos brasileiros é melhor do
que a do Congresso que votou esse projeto. Devemos
sair daqui para ir além da agenda de conversas
com líderes, partidos e com a presidenta
Dilma Rousseff, para cumprir a agenda Um Milhão
contra a Devastação”, disse Marina.
Segundo a ex-ministra, o esforço de coletar
1 milhão de assinaturas contra o código
e de organizar manifestações públicas
será fundamental para dar respaldo àqueles
que decidirão sobre a forma como o novo código
será aprovado. “Tudo depende de uma sustentabilidade
ética e política. Devemos fazer um
esforço para dar sustentabilidade política
aos senadores para que mudem o projeto. E se não
der, vamos dar sustentabilidade política
para que a presidenta Dilma o vete”, enfatizou Marina.
A atriz Christiane Torloni, que representa o Movimento
Amazônia para Sempre, lembrou da época
da campanha Diretas Já, pela redemocratização
do país, movimento do qual participou. “Na
época, conseguimos colocar mais de 1 milhão
de pessoas nas ruas. Acho isso perfeitamente viável,
para convencer aqueles que têm de ser convencidos
e de constranger aqueles que têm de ser constrangidos”,
disse a atriz.
“Estamos em algo semelhante ao movimento Diretas
Já porque trata-se de decidir o que fazer
com a democracia. Temos de avançar e não
retroceder nas conquistas que já tivemos”,
avaliou Marina Silva. Ela ressaltou que o Código
Florestal não trata de uma questão
puramente ambiental. “É o encontro da economia
com ecologia”, disse a ex-ministra pouco antes de
classificar a Semana do Meio Ambiente como “uma
das mais tristes da história”.
Ela reiterou as críticas à violência
contra lideranças rurais que há tempos
é praticada na Região Norte. “Essas
pessoas morreram em nome dessa legislação
que corre o risco de ser revogada [caso o Senado
aprove o Código Florestal assim como passou
na Câmara]. [Se aprovado o projeto] acabaremos
com a base legal que defende as populações.
As pessoas estavam vulneráveis, mas pelo
menos a lei estava do lado delas”, argumentou a
ex ministra.
Integraram o Comitê Brasil em Defesa das Florestas
e do Desenvolvimento Sustentável entidades
como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs
do Brasil (Conic), a Associação Brasileira
de Imprensa e a SOS Amazônia.