Brasília (24/06/2011) -
Cerradomys goytaca ou ratinho-goytacá. Estes
são os nomes científico e popular
dados pelos pesquisadores da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) a uma nova espécie
de mamífero descoberta no Parque Nacional
Restinga de Jurubatiba, unidade de conservação
fluminense gerida pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O nome se deve ao fato de a espécie
estar restrita à região litorânea
do norte fluminense, antigamente habitada pelos
índios Goytacazes. Estudos morfológicos
e genéticos conduzidos pelos pesquisadores
William Correa Tavares, Leila Maria Pessôa
e Pablo Rodrigues Gonçalves, da UFRJ, logo
mostraram que as espécies mais aparentadas
ao ratinho-goitacá estão no cerrado
(por isso, “Cerradomys” = rato do Cerrado).
Com a descoberta dessa espécie,
novos estudos estão sendo desenvolvidos para
entender sua origem evolutiva, ecologia, comportamento
e como as transformações regionais
causadas pelo homem poderão afetar as populações
do animal.
A descoberta contrariou as expectativas
de que toda a fauna das restingas teria fortes conexões
com a fauna da Mata Atlântica. Apesar das
distinções de temperatura, salinidade
e umidade entre restingas e florestas atlânticas,
as pesquisas científicas realizadas até
então mostravam que as espécies de
mamíferos das restingas eram as mesmas encontradas
nas florestas atlânticas adjacentes.
Mas tal hipótese, de que
a restinga seria apenas um subconjunto da biota
da Mata Atlântica, caiu por terra com a descoberta
dessa nova espécie de roedor exclusiva das
restingas de Jurubatiba. Os pesquisadores descreveram
recentemente a espécie, e derrubaram a tese
até então corroborada, em um artigo
publicado no fascículo de junho da revista
internacional Journal of Mammalogy.
O ratinho-goitacá habita
preferencialmente as moitas de Clusia, a árvore
mais comum na parte mais aberta da restinga, ao
contrário de outros mamíferos de pequeno
porte que preferem as matas mais úmidas.
Durante o dia ele permanece em
seu ninho em meio às bromélias ou
mesmo nos galhos da Clusia. Já à noite
ele sai para realizar suas atividades, dentre elas,
um delicioso banquete com coquinhos do guriri ou
juruba, famosa palmeirinha que deu nome ao Parque.
O ratinho-goitacá é um dos principais
consumidores e dispersores.
Segundo o chefe do parque, Carlos
Alexandre Fortuna, a consolidação
do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e o
progressivo fortalecimento da UFRJ em Macaé
têm contribuído para um avanço
científico sem precedentes no conhecimento
sobre a biodiversidade preservada nas restingas
da região. “Alguns avanços são
representados pelo crescente reconhecimento das
restingas como berçários de novas
espécies na Mata Atlântica, especialmente
de pequenos mamíferos, reforçando
a necessidade de preservá-las”, frisou Fortuna.
Ascom/ICMBio
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CENAP lança guia de predadores
e animais silvestres
Brasília (29/06/2011) -
O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação
de Mamíferos Carnívoros (Cenap), centro
vinculado ao Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio) acaba de lançar
o Guia Prático de Convivência: Predadores
Silvestres e Animais Silvestres, baseado no Guia
de Convivência: Gente e Onça, que já
está na segunda edição. O guia
foi elaborado pelos pesquisadores Sílvio
Marchini, Sandra Cavalcanti e Rogério de
Paula.
O guia reúne, em linguagem
acessível à população,
questões relacionadas à predação
e técnicas preventivas, recomendações
para se evitar acidentes com grandes felinos, informações
a respeito da ecologia e conservação
de carnívoros e dicas sobre o manejo de animais
domésticos, sendo uma referência para
os interessados no tema.
O guia, que se constituiu numa
ampliação do projeto original, contou
com a colaboração de diversos pesquisadores.
O objetivo foi levantar o tema “conflitos com carnívoros”,
apresentar casos de predação envolvendo
outras espécies de animais silvestres e,
de forma inédita, tratar dos acidentes envolvendo
pessoas e esses grandes felinos, com foco na prevenção
para que não ocorram.
Além da inclusão
de outras espécies de carnívoros,
tratadas no guia em capítulos separados por
tipo de predação (predadores de peixes,
aves domésticas, animais domésticos
de maior porte, entre outros), a edição
incorporou fotos e diversas ilustrações
de folhetos explicativos, que são utilizados
pelo Cenap em campanhas educativas.
O guia estará disponível
no site do Cenap no endereço: www.icmbio.gov.br/cenap.
As Unidades de Conservação que tiverem
interesse em adquirir a versão impressa podem
entrar em contato com o centro pelo telefone: (11)
4411-6633 ou e-mail: cenap@icmbio.gov.br