27/07/2011
Cristina Ávila
O Brasil tem a matriz energética mais limpa
do mundo. E esse padrão deve ser mantido,
mesmo com o desenvolvimento econômico previsto
para os próximos anos. Para isso, o Governo
Federal incentiva projetos de energia solar para
aquecimento da água, aproveitamento dos ventos,
da biomassa e das ondas do mar.
"É importante montar
estratégias de consumo energético
que também contribuam para mitigar as emissões
de gases de efeito estufa, mantendo o crescimento
econômico", observa o secretário
de Mudanças Climáticas do MMA, Eduardo
Assad.
As alternativas energéticas
à produção são importantes
para evitar o aumento da participação
das fontes fósseis de energia. O esforço
nacional é chegar a 2020 com o mesmo padrão
de emissões de 2005. "Há potencial
de redução do consumo de energia elétrica
em até 17% nos horários de pico, com
aquecimento da água do banho por energia
solar. Estamos buscando esse caminho", afirma
Eduardo Assad.
Opções populares
- Por meio da Portaria 238, de 21 de junho de 2009,
o MMA criou um grupo de trabalho para incentivar
o uso de Sistemas de Aquecimento Solar de Água,
incluindo os conjuntos habitacionais do Programa
Minha Casa Minha Vida.
A meta estipulada é de
15 milhões de m² de áreas com
coletores solares até 2015. Hoje são
6,24 milhões de m². "Para tanto,
as linhas de atuação são políticas
públicas que incluam gestões junto
a programas governamentais como o Minha Casa Minha
Vida e o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), além do foco na criação
de 'empregos verdes' e inovação tecnológica,
por exemplo", explica o secretário.
Já foi alcançada
a primeira meta de 40 mil unidades habitacionais
com os sistemas de aquecimento solar. Para a segunda
fase, deve se atingir outras 260 mil. "Acho
que os coletores solares para aquecimento de água
são viáveis, e podem reduzir o consumo
de energia elétrica, com bom resultado na
conta de luz", diz Assad. "O Minha Casa
Minha Vida é um programa que está
adotando a energia solar, e o Fundo Clima está
apoiando. Na área de inovação
tecnológica também. Sem ciência
e tecnologia, o País não cresce."
O secretário enfatiza a
importância da conscientização,
que é uma das soluções, aliada
a fortes campanhas educativas, além da apresentação
de projetos factíveis. "E a energia
solar é fundamental."
Infraestrutura - O Ministério
do Meio Ambiente firmou contrato com o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
para a aplicação de R$ 233.727.463,00
previstos no Orçamento da União, por
meio do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima,
para incentivar a economia de baixo carbono no País.
As primeiras chamadas públicas e editais
já foram publicados.
O BNDES vai operar linhas de crédito
reembolsáveis a governos, empresas públicas
ou privadas para a redução de emissões
de gases-estufa e também de adaptações
a situações provocadas por mudanças
climáticas. Entre os temas prioritários
estão projetos para a geração
de energia renovável.
Há previsão para
o desenvolvimento tecnológico e cadeia produtiva
de energia solar para todo o Brasil. Mas, especialmente
para as regiões sem acesso ao sistema integrado
de energia elétrica (como áreas do
Norte, Nordeste e Centro-Oeste), existem recursos
a serem liberados para geração e distribuição
local de energias eólica, de biomassa e marés.
"Existem no Fundo Clima dois
tipos de financiamentos: não reembolsáveis
e reembolsáveis. No primeiro tipo, serão
estimulados estudos de potencial de utilização
e incentivo à busca de novos materiais, incluindo
a geração de energia por células
fotovoltaicas (onde a energia solar é transformada
em energia elétrica). O segundo incentiva
a ampliação do uso de coletores solares,
principalmente para aquecimento de água",
detalha o secretário Assad.
O Fundo Clima possibilita, inclusive,
acesso a crédito para indústrias que
invistam na compra de máquinas e equipamentos
de melhor eficiência energética. E
ainda para o setor de energia com uso de resíduos
sólidos nas 12 capitais metropolitanas que
sediarão os jogos da Copa do Mundo em 2014.
Sustentabilidade - Um dos maiores
desafios do planeta é o desenvolvimento com
sustentabilidade. Estudos científicos indicam
um limite de aumento de 2° C na temperatura
mundial. "A partir desse patamar, será
muito difícil voltar à situação
de, por exemplo, 350 ppm de CO² na atmosfera.
Hoje estamos chegando a 400 ppm. O limite seria
algo próximo de 450 a 500 ppm", enfatiza
Eduardo Assad.
Os reflexos poderão ser
reduções na produção
agrícola, aumento da vulnerabilidade das
regiões costeiras e mais riscos de desastres
naturais, com consequente impacto na saúde.
A meta é deixar de emitir até 1,2
bilhão de toneladas de CO² até
2020, com reduções de até 38%.
O secretário, que há
25 anos trabalha com mudanças climáticas,
afirma que os impactos ainda são controláveis,
mas já se observam eventos extremos de temperatura
e de chuva, que podem estar diretamente influenciados
pelo aquecimento global.