22/08/2011
- Grupo diverso e representativo para a região
amazônica, as samambaias ainda são
pouco estudadas no Brasil. E foi para tentar cobrir
esse hiato na pesquisa que a mestranda Ana Carla
Feio dos Santos fez sua dissertação,
no âmbito do Programa de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas – área
de concentração Botânica Tropical,
mantido pela parceria do Museu Emílio Goeldi
(MPEG/MCTI) e a Universidade Federal Rural da Amazônia.
A dissertação pretendia
subsidiar estudos taxonômicos do gênero,
estabelecendo comparações entre as
espécies. Isso porque, segundo a nova mestra,
o gênero Elaphoglossum é o que mais
necessita de revisão dentre os gêneros
de samambaias. A pesquisa teve início em
2007 e foi orientada pela pesquisadora Raimunda
Potiguara, do Museu Goeldi.
“A flora de samambaias e mais
especificamente do gênero Elaphoglossum ainda
é pouco conhecida [no Pará] quando
comparada com a dimensão do estado, mas principalmente
pela quantidade de regiões ainda inexploradas”,
afirma a nova mestra.
Nos últimos anos, a flora
de samambaias no estado do Pará vem sendo
conhecida com trabalhos realizados principalmente
em áreas de conservação, como
na Ilha de Mosqueiro, na Flona de Caxiuanã,
nas Áreas de Proteção Ambiental
da Ilha do Combu e, mais recentemente, no Parque
Ecológico de Gunma (PEG), de onde os espécimes
estudados por Ana Carla foram coletados.
+ Mais
Muito conhecidas, admiradas e
cultivadas, mas pouco estudadas
Dissertação de mestrado
traz estudo inédito na identificação
de espécies de samambaias
Agência Museu Goeldi – Grupo bastante diverso
e representativo para a região amazônica,
as samambaias ainda são pouco estudadas no
Brasil. Os primeiros estudos sobre o grupo datam
de 1898, com Huber, e seguem com poucos trabalhos
acerca de sua anatomia e identificação.
E foi para tentar cobrir esse hiato na pesquisa
que Ana Carla Feio dos Santos fez sua dissertação
de mestrado, no âmbito do Programa de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas – área
de concentração Botânica Tropical,
mantido pela parceria do Museu Emílio Goeldi
e a Universidade Federal Rural da Amazônia.
Defendida em fevereiro de 2011,
a dissertação de Ana Carla tinha como
objetivo caracterizar a anatomia de folhas estéreis
e rizomas (tipo de caule) do gêneroElaphoglossum
Schott ex J. Sm (Dryopteridaceae) - pertencentes
ao grupo das samambaias. Também era intuito
do estudo encontrar os locais de produção
e/ou acumulação dos compostos bioativos
(químicos) da lâmina foliar de três
espécies do gênero, para identificar
as principais características que distinguem
as espécies.
Assim, pretendia-se subsidiar
estudos taxonômicos do gênero, estabelecendo
comparações entre as espécies.
Isso porque, segundo a nova mestra, o gênero
Elaphoglossum é o que mais necessita de revisão
dentre os gêneros de samambaias. A pesquisa
teve início em 2007 e foi orientada pela
pesquisadora do Museu Goeldi, Raimunda Potiguara.
O foco do estudo - De acordo com
a bibliografia utilizada por Ana Carla, o gênero
estudado é o segundo maior em representatividade
na região amazônica, sendo ainda um
gênero pantropical e sul-temperado com grande
concentração de espécies nas
regiões montanhosas da América do
Sul. O centro de diversidade é a América
Tropical, mas também ocorre na África,
em Madagascar e na Ásia e apresenta mais
de 600 espécies.
A maioria das espécies
habita formações primárias
e são sensíveis às modificações
das condições do ambiente, ocupando
habitats diversos e sendo essencialmente um gênero
epifítico, embora alguns representantes sejam
terrestres ou rupícolas (que vive sobre paredes,
muros, rochedos ou afloramentos rochosos).
No Brasil, há registros
de 76 espécies na flora brasileira, com destaque
para as florestas primárias. Já no
Pará, “a flora de samambaias e mais especificamente
do gênero Elaphoglossum ainda é pouco
conhecida quando comparada com a dimensão
do estado, mas principalmente pela quantidade de
regiões ainda inexploradas”, afirma a nova
mestra.
A pesquisa - Nos últimos
anos, a flora de samambaias no estado do Pará
vem sendo conhecida com trabalhos realizados principalmente
em áreas de conservação, como
na Ilha de Mosqueiro, na Flona de Caxiuanã,
nas Áreas de Proteção Ambiental
da Ilha do Combu e, mais recentemente, no Parque
Ecológico de Gunma (PEG) - de onde os espécimes
estudados por Ana Carla foram coletados.
O Parque é um dos poucos
referenciais da flora da Região Metropolitana
de Belém, da qual restam cerca de 20% da
cobertura original, e está sob proteção
integral, apresentado quatro tipos de vegetação
que vão da floresta ombrófila densa
de terra firme a floresta inundada de igapó
e várzea.
Durante o estudo, foram realizadas
sete excursões ao PEG (duas em 2009, 4 em
2010 e 1 em 2011) nas quais foram coletados indivíduos
completos e bem desenvolvidos das espécies
Elaphoglossum discolor, E. flaccidum e E. laminarioides.
Parte do material foi destinada à confecção
de exsicatas (fragmento ou exemplar vegetal dessecado)
e incorporada como testemunho ao Herbário
João Murça Pires do Museu Paraense
Emílio Goeldi; e a outra parte (rizoma e
folhas estéreis) foi processada e submetida
às técnicas usuais em anatomia.
Contribuição científica
- A partir deste estudo, Ana Carla ressalta que
foi possível observar a importância
dos caracteres estruturais das folhas e dos rizomas
bem como os histoquímicos (constituição
química das células e tecidos) da
lâmina foliar para delimitação
das espécies de samambaiais do estudo. Um
destaque durante a pesquisa foi a espécie
E. laminarioides, que apresentou maior variação
estrutural e histoquímica.
O estudo de Ana Carla é
inédito pelo inventário dos caracteres
estruturais e histoquímicos nunca antes realizado
na Amazônia e nas regiões Norte e Nordeste,
e contribui agora para o conhecimento do gênero
e das espécies estudadas. A nova mestra aguarda
publicação de sua pesquisa na American
Fern Journal, publicação de renome
internacional com ênfase no estudo de samambaiais,
e se prepara para o doutorado mantendo o grupo como
foco de estudo.
Parque Ecológico de Gunma
O Parque Ecológico do Gunma
(PEG) está localizado na rodovia PA-391,
no município de Santa-Bárbara, Região
Metropolitana de Belém, situada no nordeste
do Estado do Pará. O Parque possui aproximadamente
540 hectares, das quais 400 ha são de floresta
nativa e os 140 hectares restantes são utilizados
com experimentos.