29/09/2011
- Carine Corrêa - A Comissão Nacional
de Combate à Desertificação
reuniu-se nesta quinta-feira (29/9), no auditório
do Ibama, em Brasília, para discutir os desafios
e prioridades para combater o processo de degradação
do solo no semiárido brasileiro. No encontro,
foram apresentadas ações internacionais
e atividades de fomento que estão em curso
para conter o fenômeno.
De acordo com o secretário
de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável
do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Vizentin,
não será possível progredir
e combater devidamente a desertificação
sem o fortalecimento de uma estratégia de
ações conjuntas, que deve ser adotada
por todas as entidades que atuam na região.
Para o diretor de Combate à
Desertificação do MMA, Francisco Campello,
deve haver um "esforço concentrado"
da Comissão para a implementação
do Plano Nacional de Combate. "Estamos dando
prosseguimento a uma estratégia de gestão
participativa nos níveis federal e estadual,
que deve ser replicada nas ações do
Plano Nacional,que ainda não foi implantado",
esclarece. A comissão é presidida
pelo MMA e foi criada para ajudar no processo de
articulação e na definição
de diretrizes para a implementação
do Plano Nacional de Combate à Desertificação.
O representante da ONG Articulação
do Semiárido(ASA), Paulo Pedro Andreas, afirmou
que a pobreza do semiárido brasileiro está
ligada também ao processo de desertificação,
e que a região já está sendo
afetada pelo aumento da temperatura e pela diminuição
das precipitações.
Participaram da reunião
representantes da sociedade civil e dos governos
de estados brasileiros do Nordeste, Espírito
Santo e Minas Gerais, dos ministérios do
Desenvolvimento Social, do Desenvolvimento Agrário,
da Agricultura, de Ciência e Tecnologia, Confederação
Nacional da Indústria, e de ONGs que atuam
no Nordeste.
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Governo vai investir na produção
de carvão e lenha sustentáveis
20/09/2011 - Maria Borba - Pela
primeira vez na história do país o
Governo Federal decide investir recursos financeiros
na melhoria do uso dos fornos de carvão e
de lenha para combater a desertificação
e promover a recuperação de áreas
degradadas na região do semiárido
do Nordeste brasileiro. Serão investidos
mais de R$ 6 milhões em atividades relacionadas
à fabricação de tijolos para
a construção civil em fornos industriais
e caseiros. A informação é
do analista ambiental do Departamento de Desertificação
da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento
Rural Sustentável (SEDR) do Ministério
do Meio Ambiente (MMA), Ricardo Padilha.
Segundo ele, além da produção
de tijolos, cerca de 35% da matriz energética
do Nordeste brasileiro usa, como forma de energia
e de combustível, a queima do carvão
e da lenha. "Mas é a primeira vez que
o governo trata esse setor de forma objetiva, direta
e sintética com o intuito de transformá-lo
em setor produtivo sustentável", disse.
Padilha informou que o diretor de Desertificação
da SEDR do MMA, Francisco Campello, e técnicos
da Caixa estão reunidos em Recife desde segunda-feira
(19/9) para qualificar projetos do Fundo Nacional
do Meio Ambiente que vão receber os recursos
financeiros do Fundo Socioambiental da Caixa para
esse setor.
Os projetos deverão atender
a três temáticas ligadas à eficiência
energética dos setores industriais (polos
gesseiro e ceramista), porém, combinadas
com o manejo sustentável da caatinga. Esses
planos, resultado de um convênio firmado entre
MMA e Caixa, são destinados à melhoria
dos fornos industriais e à construção
de fornos caseiros (fogões ecológicos)
para fabricação de tijolos nas regiões
da Chapada do Araripe, situada entre os Estados
de Pernambuco, Piauí e Ceará; no entorno
da Barragem do Xingó, localizada no rio São
Francisco, e que atinge regiões de Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Bahia; e o Vale do Jaguaribe,
Ceará.
A construção dos
fogões ecológicos está condicionada
ao uso da lenha e ao manejo sustentável da
caatinga, bem como ao protagonismo das mulheres
que atuam nesse setor da construção
civil. Padilha explica que, além de atender
às demandas da agenda ambiental, a concepção
dos fornos ecológicos pressupõe o
empoderamento do setor por parte das mulheres e
visa à proteção da saúde
feminina para diminuir e até mesmo erradicar
a incidência de câncer entre elas. O
fogão ecológico tem um sistema de
isolamento térmico que evita o aquecimento
acima da temperatura ambiente e, isso, previne a
instalação da doença.
No âmbito do Fundo Nacional
de Mudanças Climáticas os investimentos
serão ampliados. "Mais de R$ 15 milhões
serão destinados a projetos nas áreas
afetadas por degradação e desertificação,
sobretudo no semiárido, para execução
de plano de manejo e prevê, dentre outras
ações, a criação de
jardins etnobotânicos", disse ele. Tudo
isso está incluído no Programa de
Mudanças Climáticas e no de Combustíveis
do Plano Plurianual (PPA) de 20122015 do governo
federal.
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Diversidade de árvores
do Brasil é registrada em xiloteca do Serviço
Florestal
23/09/2011 - Uma coleção
com quase 5 mil amostras de madeiras do Laboratório
de Produtos Florestais do Serviço Florestal
Brasileiro (LPF/SFB) está sendo usada para
conhecer e registrar informações sobre
as árvores do país.
As amostras de madeiras, para
serem usadas cientificamente, precisam estar registradas
em uma coleção oficial conhecida como
xiloteca. Estas coleções são
usadas para auxiliar no levantamento da diversidade
das espécies que existem no Brasil, diz a
bióloga e pesquisadora do LPF/SFB, Vera Rauber
Coradin.
A coleção de madeiras
do LPF é voltada principalmente para espécies
encontradas na Amazônia. Em torno de 50% delas
vieram desse bioma e foram coletadas em estados
como Rondônia e Pará, e também
na porção mais oriental da floresta
amazônica. O restante das espécies
vem dos outros biomas e de intercâmbios com
xilotecas de outros países.
Segundo Vera, a coleção
funciona não só como uma coleção
de espécies madeireiras, mas também
como material de referência para estudos.
"Todo trabalho científico é feito
com material de coleções ou de coleta
em campo que precisam ser registrados nesses bancos
de dados", diz.
O uso de amostras de xilotecas
proporciona ao pesquisador a certeza de que ele
tem em mãos a espécie que se propôs
a estudar. Se a madeira não estiver corretamente
identificada, todo o resultado pode se tornar sem
credibilidade ou mesmo ser invalidado, diz Vera.
A xiloteca do LPF têm dado
suporte para pesquisas do próprio Laboratório,
como estudos de descrição das características
anatômicas das madeiras. Em 2010, informações
de 157 espécies foram reunidas em um software
que pode ser usado em ações de fiscalização
contra o transporte ilegal de madeira. Este trabalho
está disponível gratuitamente no site
do Serviço Florestal Brasileiro.
Em outros estudos, por exemplo,
com o objetivo de determinar os parâmetros
de secagem e de resistência mecânica
de madeiras, também pode ser usado, como
referência, o material da xiloteca.
A coleção do LPF,
chamada de Xiloteca Dr. Harry van der Slooten em
homenagem ao fundador do Laboratório, conta
ainda com mais de 4 mil lâminas de madeiras
para as análises feitas por microscópio.
O banco de madeiras do Laboratório começou
a ser montado em 1977 e está cadastrado no
Index Xylariorum, da Associação Internacional
dos Anatomistas de Madeira (IAWA, em inglês),
que faz o registro das xilotecas do mundo. O Brasil
tem 16 coleções reconhecidas pela
IAWA.
A do LPF está entre as que têm maior
diversidade de material.