Das dez
empresas com blocos de exploração
de petróleo em Abrolhos, só cinco
se pronunciaram sobre a proposta de moratória
do Greenpeace. Nenhuma apoiou a ideia.
Quando, em 1983, o Brasil criou seu primeiro parque
nacional marinho, o dos Abrolhos, ainda haviam poucas
informações sobre a real extensão
do que hoje é considerada a área de
maior biodiversidade do Atlântico Sul.
Hoje, a ciência diz que
é necessário estabelecer na região
uma área de segurança de aproximadamente
93 mil quilômetros quadrados livre da exploração
de petróleo para evitar que, em caso de vazamentos,
o óleo afete a riqueza natural da região.
Foi com essa proposta que o Greenpeace
Brasil enviou cartas às dez empresas com
blocos de exploração na região
de Abrolhos. Nelas, explicava a necessidade de estabelecer
uma moratória da atividade petrolífera
por 20 anos, tempo para o país rediscutir
sua matriz energética e os riscos que esta
indústria representa para Abrolhos.
As cartas foram enviadas em 26
de julho. Algumas semanas depois, apenas Shell e
Sonangol tinham respondido ao Greenpeace. Depois,
veio a resposta da Petrobras. Nenhuma delas declarou
apoio à moratória.
A Repsol respondeu mais tarde.
Curiosamente, sua carta chegou no dia em que o Greenpeace
fez uma manifestação nos escritórios
da Perenco, no Rio de Janeiro. A OGX, do mesmo modo,
mandou uma resposta atrasada que saiu à fórceps,
depois que nossos ativistas se acorrentaram na entrada
da empresa, também no Rio, para exigir sua
adesão à moratória. A carta
da OGX é vaga. Por isso, os manifestantes
resistiram por nove horas no local, até serem
retirados à força pela Tropa de Choque
da Polícia Militar.
Sem compromissos
Todas as cinco empresas que responderam
às cartas do Greenpeace fugiram da discussão
mais importante: o estabelecimento de uma moratória
da exploração de gás e óleo
da região de Abrolhos.
A Petrobras afirma que não
explora petróleo em um raio de 50 km em torno
do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, assumindo
este como o limite legal da área de proteção
ambiental.
Já a Shell saiu pela tangente.
Afirmou não ter o controle de nenhum dos
três blocos em que participa como sócia
e, por isso, não pode decidir pelo destino
das operações.
Atitude parecida teve a angolana Sonangol. Por ter
concessões em terra, a empresa disse não
ter nada a ver com Abrolhos, que está no
meio do mar. Trata-se de uma grossa bobagem, já
que seus blocos ficam em cima de bacias hidrográficas
do sul da Bahia, cujas águas correm para
o mar. Em caso de vazamentos, o óleo inevitavelmente
seria levado em direção ao oceano.
A posição dos blocos
foi também a desculpa da OGX. A empresa alegou
que suas operações não representam
riscos a Abrolhos, já que estão a
uma distância de 150 km do Parque Nacional.
Sem escutar os argumentos da ciência, a empresa
ignora a presença de correntes marítimas
que, em caso de acidente, arrastarão óleo
por uma longa extensão.
Mapa interativo:
O mapa interativo abaixo apresenta
a área que o Greenpeace pede que seja declarada
livre da exploração de petróleo.
Levando em consideração as correntes
marítimas da região, os cientistas
concluíram que um vazamento dentro desta
zona pode atingir longas distâncias, afetando
a maior biodiversidade do Atlântico Sul. Confira
o mapa a seguir, saiba quem são as empresas
com blocos de exploração de petróleo
e entenda melhor a proposta de moratória.