13/09/2011
Paulenir Constâncio
Estudos do Ibama, com base em imagens de satélite,
demonstram que entre 2009/2010 o desmatamento no
Cerrado voltou a apresentar queda.
A perda de vegetação nativa no período
foi 6,4 mil quilômetros quadrados, contra
7,6 mil quilômetros quadrados em 2008/2009.
O Plano de Ação
de Prevenção e Combate às Queimadas
e ao Desmatamento no Cerrado completa um ano na
próxima quinta-feira (15/09), com uma boa
notícia. A área desmatada no Cerrado
caiu 16% entre junho de 2009 e julho de 2010. Levantamentos
com base em imagens de satélite, registram
a perda de 6,4 mil quilômetros quadrados de
cobertura vegetal, contra 7,6 quilômetros
quadrados no mesmo período de 2008/2009.
Se forem consideradas as médias anteriores,
que começaram em 2002, o desmatamento diminuiu
40% . "A dinâmica de redução
do desmatamento vem se confirmando", afirmou
a ministra do meio ambiente Izabella Teixeira.
Os dados analisados pelos técnicos
de geoprocessamento do Ibama foram divulgados nessa
terça-feira (13/09) em Brasília. No
bioma é possível desmatar legalmente
até 80% das propriedades, por isso, reduzir
de 0,37% para 0,32% no total da área desmatada
é considerado um resultado bastante expressivo.
"Com a economia do Cerrado em crescimento,
a pressão por novas áreas poderia
ter puxado para cima as taxas de desmatamento, o
que não ocorreu", avalia o diretor de
políticas para o combate ao desmatamento
do MMA, Mauro Pires.
Ao contrário da Amazônia,
onde esse controle gerou dados acumulados capazes
de permitir uma análise mais detalhada, no
Cerrado a falta deles faz com que se utilizem médias
que vem desde 2002. A ministra Izabella anunciou,
para breve, sistemas de monitoramento baseados no
modelo que o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe),
emprega para vigiar a Amazônia em todos os
biomas brasileiras, a começar pelo Cerrado.
Izabella esclareceu que não
é possível separar a parcela de desmatamento
ilegal no Cerrado da supressão da vegetal
autorizada, feita de acordo com a lei . Porém,
o estudo do Ibama indica que parte do cerrado, nesse
período, foi alvo do desmatamento secundário.
Isso quer dizer que áreas utilizadas no passado
e em avançado estágio de recuperação
natural foram novamente desmatadas.
As atividades agropecuárias
e a produção de carvão para
alimentar a siderurgia são apontadas como
causas tradicionais do desmatamento, mas o crescimento
desordenado das áreas urbanas também
devem ser considerados, alertam os técnicos.
Quem vai definir o conjunto de fatores responsáveis
pelo desmatamento é o trabalho de campo do
Ibama. Independente disso, a redução
por dois períodos consecutivos já
está sendo considerada um bom indicativo
de que é possível controlar o desmatamento,
mesmo com crescimento econômico.
O Maranhão e o Piauí,
que desmatou em um ano o equivalente a 1% de todo
o seu território, foram responsáveis
pelas maiores áreas de desflorestamento.
Somados, os dois estados derrubaram mais de 2,3
mil hectares de mata nativa. A perda é equivalente
a 25 mil campos de futebol.
+ Mais
Ambientalistas propõem
lei para o Cerrado
14/09/2011
Carine Corrêa
Rpresentantes do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), da Frente Parlamentar Ambientalista, associações
de meio ambiente e ONG´s ambientais defenderam
nesta quarta-feira (14/9), durante encontro na Câmara
dos Deputados, em Brasília, a criação
de uma lei específica para o Cerrado, em
caráter emergencial, para conter a devastação
do segundo maior bioma do País.
Os parlamentares ambientalistas
pretendem propor uma legislação nos
mesmos moldes da Lei da Mata Atântica, para
que haja um marco regulatório em relação
às atividades de exploração
econômica no Cerrado. A região, chamada
de savana brasileira, tem se destacado por apresentar
atualmente a maior produção de grãos
do Brasil.
As queimadas, desmatamento, mineração,
exploração carvoeira, agricultura
ostensiva e irrigação indevidas ameaçam
as bacias hidrográficas do Cerrado, considerado
berço das águas, alertou a Frente
Parlamentar.
De acordo com o coordenador da
Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney
Filho (PV-MA), a contradição do processo
está no fato de que o bioma é encarado
por muitos apenas como fronteira de expansão
agrícola, mas a produção de
água desse ecossistema, que abrange pelo
menos três das principais bacias brasileiras,
já é avaliada em estado crítico.
Estiveram presentes ao encontro
o representante do MMA, secretário de Extrativismo
e Desenvolvimento Rural Sustentável, Roberto
Vizentin; o diretor da SOS Mata Atlântica,
Mário Mantovani; e o deputado distrital Joe
Valle (PSB-DF).
Também participaram do
evento integrantes do Programa Colmeia, localizado
em Barreiras (BA), que integra treze projetos de
geração de rendas em comunidades tradicionais.
A organização apresentou produtos
elaborados a partir de matérias-primas típicas
do Cerrado, como capim-dourado, palha-de-coco, algodão
e sementes.