Panorama
 
 
 

JURISTAS DEFENDEM QUE CÓDIGO FLORESTAL SEJA
CLARO, APLICÁVEL E TRAGA SEGURANÇA JURÍDICA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2011

14 Setembro 2011 - A importância das áreas de proteção permanente, a anistia a desmatamentos e a transferência da competência de legislar para estados tiveram peso na apresentação de juristas durante audiência pública sobre a reforma do Código Florestal. Os juristas ressaltaram a necessidade de uma lei clara, que não deixe dúvidas sobre sua interpretação e que evite questionamentos jurídicos.

A concorrida audiência pública realizada nesta terça-feira (13/09) no Senado Federal, envolvendo quatro comissões, teve como convidados o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Antonio Dias Toffoli, o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Herman Benjamin, o ex-ministro da Defesa e do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim, o subprocurador-geral da República Mário José Gisi e a promotora de Justiça do Ministério Público do estado de São Paulo Cristina Freitas.

O ex-ministro do STF, Nelson Jobim, destacou o peso que a chamada norma geral tem em orientar as decisões nos estados e incentivou os senadores a se debruçarem sobre o efeito da norma. “Deixar que as leis suplementares se sobreponham, nos estados, à norma geral pode gerar uma concorrência predatória entre as unidades da federação”, avaliou Jobim. “A norma geral é um vínculo à necessidade de regras que assegurem uma uniformidade nacional, evitando o conflito interestadual”, afirmou.

Na opinião do professor de Direito Ambiental e Pós-Doutor pela Universidade de Limoges, na França, Paulo Affonso Leme Machado, o estabelecimento das normas gerais deve buscar o mínimo de uniformidade legal para o País e evitar o conflito constante das normas estaduais. “A competência suplementar dos estados visa fazer cumprir as normas gerais. É ir no mesmo caminho dessa norma geral e, não, tomar um rumo diferente ou contrário à ela”, disse.

Princípios
O juiz Herman Benjamin destacou três princípios que deveriam orientar a reforma do Código Florestal: a determinação de que as mudanças propostas não visem ampliar ou estimular o desmatamento de florestas nativas no Brasil; a separação entre o passivo e as florestas que ainda estão preservadas; e a diferenciação, já prevista na Constituição Federal, entre o grande e o pequeno produtor. “Nós não devemos temer fazer essa diferenciação também no Código Florestal, porque estaremos em sintonia com o texto da Constituição, disse.

Sobre a anistia a desmatamentos, Benjamin recomendou que o texto seja aperfeiçoado a fundo, com atenção e olhar diferenciado para pequenos proprietários. “Será que alguém que, de sã consciência, conhecendo a lei, conhecendo a ciência que está por trás da lei, desmata mil hectares de mata nativa com tratores e com correntões deve ser tratado da mesma maneira? Alguém que desmatou 15 mil hectares de mata nativa ontem - não foi antes de 2008 - merece uma sanção penal, uma resposta do Parlamento brasileiro? Como cidadão, não como juiz, eu me inclino a acreditar que sim”, afirmou.

Reduzindo a proteção
A redução das áreas de proteção permanente (APPs) ao longo dos rios, em topos de morro e encostas, proposta no projeto de reforma do Código Florestal, foi criticada pelos palestrantes. Paulo Affonso Leme Machado defendeu que as áreas de preservação permanente existem por uma necessidade natural de busca do equilíbrio ecológico. “As florestas não são protegidas somente pelo seu próprio valor, mas porque são protetoras das águas e da estabilidade dos solos. Com um mínimo de conhecimento, cada pessoa sabe que eliminar a área de preservação permanente é abrir a porta para o deserto”, ponderou.

Cristina Godoy de Araújo Freitas, promotora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, destacou os ecossistemas de restinga e mangue. “São ecossistemas importantíssimos, porque têm uma alta produtividade, diversidade biológica, e constituem-se em áreas de criação e refúgio para diversas espécies, mas que foram retirados da proteção no projeto de reforma”, lembrou.

Compromissos internacionais
Os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, a proximidade da Convenção Rio+20, que será realizada em 2012, e a exposição da imagem do País também foi tema recorrente na audiência pública.

Mário José Gisi, subprocurador-geral da República, lembrou os inúmeros compromissos e destacou a Convenção do Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. “O Brasil assumiu o compromisso de reduzir as emissões em 36, 38, quase 39% até 2020. Estamos andando em sentido contrário. A descaracterização da reserva legal com [espécies] exóticas, a redução das APPs, a anistia da recuperação, enfim, todos esses fatos atingem essa convenção”, afirmou.

O coordenador do programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, Carlos Rittl, lembra que a Presidente Dilma Roussef já manifestou publicamente que não vai deixar de cumprir os compromissos firmados internacionalmente.

“É hora de a Presidente estimular a bancada do governo no Senado a conquistar um acordo consistente e justo em torno da reforma do Código Florestal. Estão em jogo as riquezas naturais do Brasil – o que nos torna diferentes e competitivos, inclusive na agricultura -, e também a liderança global que o Brasil pode e deve exercer na nova economia verde”, afirmou Rittl.

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Mosaico da Amazônia Meridional facilitará gestão de áreas protegidas

05 Setembro 2011 - Área abrange unidades de conservação nos estados de Amazonas, Mato Grosso e Rondônia, correspondendo ao território da Irlanda. Decisões serão avalizadas por conselho, que terá representantes de governos, movimento social e populações tradicionais.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, assinou, dia 25 de agosto, portaria que reconhece o Mosaico da Amazônia Meridional. A área é composta por 40 unidades de conservação contíguas nos estados de Rondônia, Mato Grosso e Amazonas (ver mapa), que abrange um território de 7 milhões de hectares, similar ao tamanho da Irlanda. Funcionará como ferramenta para consolidar a gestão das áreas protegidas, buscando melhorar a conservação de ecossistemas e da biodiversidade e a condição de vida das populações locais.

Para Mauro Armelin, coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil, o mosaico institui um modelo de gestão baseado em uma visão mais ampla e sistêmica de toda a região. “Trata-se de um instrumento com grande potencial para otimizar recursos e criar processos compartilhados de tomada de decisão, com objetivo de gerenciar toda uma paisagem de maneira integrada” resume.

Um importante aspecto que contribuirá para uma administração participativa do mosaico será a instituição de um conselho consultivo, composto por gestores de unidades de conservação da área e representantes dos governos estaduais, de organizações não-governamentais do segmento socioambiental, do movimento social local, de empresários que atuam na área e de povos indígenas da região. O conselho vai propor diretrizes sobre usos da terra, acesso, fiscalização, monitoramento de planos de manejo, pesquisa científica e emprego de recursos destinados às UCs do mosaico.

O WWF-Brasil apoiou diretamente os estudos que subsidiaram a criação do mosaico, além de ter organizado reuniões e oficinas nas comunidades da região. Além disso, promoveu um evento na Conferência das Partes da sobre Diversidade Biológica (COP-10), realizada em outubro de 2010 no Japão, com objetivo de divulgar a importância socioambiental da área e angariar apoio para a iniciativa.

As seguintes áreas protegidas fazem parte do Mosaico da Amazônia Meridional: Floresta Nacional de Jatuarana, Parque Estadual do Sucunduri, Parque Estadual do Guariba, Reserva de DesenvolvimentoSustentável Bararati, Reserva de Desenvolvimento Sustentável Aripuanã, Reserva Extrativista do Guariba, Floresta Estadual de Manicoré, Floresta Estadual de Aripuanã, Floresta Estadual de Sucunduri e Floresta Estadual de Apuí, no Amazonas; Reserva Biológica do Jaru, Parque Estadual Igarapés do Juruena, Parque Estadual Tucumã, Reserva Ecológica de Apiacás, Estação Ecológica do Rio Madeirinha, Estação Ecológica do Rio Roosevelt e Reserva Extrativista Guariba-Roosevel, em Rondônia; Reserva Extrativista Roxinho, Reserva Extrativista Seringueiras, Reserva Extrativista Garrote, Reserva Extrativista Mogno, Reserva Extrativista Piquiá, Angelim, Reserva Extrativista Itaúba, Reserva Extrativista Ipê, Reserva Extrativista Jatobá, Reserva Extrativista Massaranduba, Reserva Extrativista Maracatiara, Reserva Extrativista Sucupira, Reserva Extrativista Castanheira, Reserva Extrativista Aquariquara, Reserva Extrativista Freijó, Reserva Extrativista Rio Preto-Jacundá, Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Cedro, Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Mutum, Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Gavião, Floresta Estadual de Redimento Sustentado Araras e Floresta Estadual de Rendimentos Sustentado Tucano, em Rondônia, além de Parque Nacional do Juruena (MT e AM) e Parque Nacional dos Campos Amazônicos (RO, AM e MT).

A portaria 332, que reconhece o Mosaico da Amazônia Meridional, foi publicada no Diário Oficial da União no dia 26 de agosto de 2011.


 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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