20/09/2011 - As empresas brasileiras
dispõem agora de um guia prático para
fazer a gestão da biodiversidade no âmbito
dos seus negócios. O Manual
de Gestão de Empresas para a Biodiversidade,
divulgado na segunda-feira (dia 19) em São
Paulo, já está disponível no
endereço eletrônico: Movimento Empresarial
pela Biodiversidade (MEB), responsável pela
difusão de práticas sustentáveis
entre empresários brasileiros.
O documento elaborado pelo governo
alemão, traduzido com o apoio do Ministério
do Meio Ambiente (MMA) e difundido a partir de agora
pelo MEB, traz casos de empresas que já incorporaram
o uso sustentável da biodiversidade ao seu
dia-a-dia. Entre elas, encontram-se as brasileiras
Centroflora, que usa extratos botânicos provenientes
da flora nacional; a Native, que produz açúcar
orgânico em São Paulo e Minas Gerais;
e a Klabin, produtora de papel e celulose.
Em comum, essas empresas perceberam
que o uso adequado da biodiversidade e dos recursos
naturais podem gerar lucros e oportunidades em um
mercado cada vez mais atento às práticas
sustentáveis.
É o caso da Native, que
mantém em Sertãozinho (SP) a usina
São Francisco, responsável pelo processo
de 1,3 milhão de toneladas de cana-de-açúcar
por ano. Em geral, uma usina precisaria moer três
vezes mais cana para ser viável economicamente.
Como a usina produz açúcar orgânico,
com alto valor agregado, ela se viabiliza e gera
lucro.
De acordo com a gerente de sustentabilidade
da Centroflora, Vânia Cunha Rudge, a incorporação
dos aspectos ambientais revelou ser possível
entrar em segmentos diferenciados que valorizam
a biodiversidade e que estão dispostos a
ajudar a manter essa cadeia sustentável.
"Os investimentos iniciais são compensados
pelos ganhos no médio e longo prazos",
diz Vânia.
Manual - Para o consultor de empresas
em sustentabilidade Marcos Vaz, o mérito
do novo manual é divulgar medidas pragmáticas
para os empresários começarem incluir
a sustentabilidade aos sistemas de gestão.
Ele ressalta, no entanto, que antes de consultar
o manual, a empresa precisa tomar a decisão
estratégica de seguir no caminho das boas
práticas.
Representante do Instituto Ethos
no MEB, Caio Magri, defende ser necessário
"tropicalizar" o manual, uma vez que o
documento foi formulado para empresários
alemães. Segundo Magri, o Brasil tem dificuldades
particulares que precisam ser identificadas e discutidas
para que se tenha um manual adaptado ao País.
Fonte: MEB
+ Mais
Serviço Florestal lança
cadastro para práticas sustentáveis
no Cerrado
19/09/2011 - Divulgar práticas
sustentáveis de uso do Cerrado e contribuir
para a replicabilidade dessas ações
estão entre os objetivos do cadastro de iniciativas
e negócios no bioma que o Serviço
Florestal Brasileiro lança nesta segunda-feira
(19/9).
O cadastramento é voluntário
e aberto às instituições interessadas
em compartilhar ações bem-sucedidas.
Podem participar órgãos governamentais,
empresas públicas e privadas, fundações,
organizações não governamentais,
associações indígenas, comunidades
tradicionais ou agroextrativistas e instituições
de ensino, pesquisa e tecnologia.
Para fazer parte do cadastro,
a iniciativa deve compreender uma das cinco categorias
de atividades, que são: (1) produção
sustentável, (2) beneficiamento e comercialização
eficientes, (3) tecnologias socioambientais, (4)
políticas públicas para o Cerrado
e (5) turismo sustentável. As iniciativas
mais inspiradoras poderão fazer parte de
uma publicação e devem ser cadastradas
até 13 de novembro.
A diretora de Fomento e Inclusão
do Serviço Florestal, Claudia Azevedo Ramos,
diz que o registro das ações ajudará
a conhecer práticas exitosas de uso e conservação
no bioma e a aproximar interessados - produtores
e compradores, turistas e empresários, por
exemplo. "Uma das formas de estimular essas
ações é apresentar aquelas
com caráter demonstrativo", afirma.
As informações serão
úteis principalmente para aqueles que querem
mudar sua forma de trabalhar, mas não sabem
como fazer isso. "Muitas vezes, produtores
rurais, entre outros profissionais, querem mudar
sua forma de produção. Porém,
não conhecem iniciativas que gerem renda
e conservem o Cerrado", afirma o gerente de
Capacitação e Fomento do Serviço
Florestal, João Paulo Sotero.
De acordo com Sotero, o desafio
é estimular o uso integrado e múltiplo
dos recursos florestais - por exemplo, unir produção
de mel com extrativismo e ecoturismo - para que
o bioma seja conservado acima do que a legislação
obriga. A reserva legal no Cerrado é de 20%
ou 35% (para a propriedade rural situada em área
de Cerrado localizada na Amazônia Legal).
O uso sustentável do bioma
contribui para a manutenção de serviços
ecossistêmicos como a provisão de alimentos
e de água e a regulação climática.
Sua conservação é também
uma forma de manter sua riqueza biológica.
Estima-se que 50% das espécies de abelhas
e mais de 40% das plantas lenhosas sejam endêmicas,
ou seja, só ocorram nas savanas brasileiras,
e também que em torno de 5% da biodiversidade
do planeta esteja no Cerrado.