22/09/2011 - 8h10
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para cumprir as recomendações
do Dia Mundial sem Carro, os brasileiros teriam
que deixar 38,9 milhões de veículos
na garagem hoje (22). O número
corresponde à quantidade de automóveis
de passeio que trafegam no país, segundo
dados de agosto do Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran). A frota total – que inclui motocicletas,
caminhões, ônibus, utilitários,
tratores e outros veículos – já supera
68,5 milhões de unidades.
Passar um dia sem carro nas cidades brasileiras
implica enfrentar pelo menos dois desafios: o transporte
público, que não está preparado
para atender à demanda com qualidade, e o
planejamento nas cidades, que não privilegia
a locomoção a pé ou de bicicleta.
“As pessoas precisam se locomover. E do jeito que
são planejadas, nossas cidades não
oferecem condições para que as pessoas
não precisem usar um meio não motorizado.
O trabalho, os serviços públicos,
as escolas e os locais de lazer estão longe
da casa das pessoas”, avalia Oded Grajew, da Rede
Nossa São Paulo, movimento que reúne
mais de 600 organizações da sociedade
civil.
A dependência do automóvel fica evidente
nas estatísticas da frota do país,
que mostram o aumento do transporte individual.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), nos últimos 15 anos, a frota
de automóveis cresceu 7% ao ano e a de motocicletas,
15%.
“Temos um grau de dependência
do automóvel muito grande. Usar o serviço
coletivo não é fácil, porque
a qualidade não é boa. E também
falta infraestrutura para o transporte não
motorizado”, pondera o professor do programa de
pós-graduação em transportes
da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César
Marques.
Uma pesquisa da Rede Nossa Paulo concluiu que 60%
dos paulistanos estão dispostos a deixar
o carro em casa e usar o transporte público,
desde que o serviço seja de qualidade. “As
pessoas podem continuar comprando carro. Não
é esse o problema. O problema é comprar
e ter que usá-lo diariamente”, avalia Grajew.
Além dos problemas do transporte público
e de cidades pouco sustentáveis do ponto
de vista da mobilidade, há um elemento cultural
da valorização do automóvel,
que, segundo Grajew, pode ser chamado de “superglamourização”
do carro. “É uma questão cultural.
As pessoas têm vontade de ter um carro”, resume
Marques, na UnB.
Apesar dos desafios, a mudança para um modelo
de mobilidade urbana mais sustentável – com
menos carros nas ruas e mais investimentos em transporte
público e meios alternativos de locomoção
– será inevitável, segundo Grajew.
“Não há muitas opções.
A mudança vai acontecer pelo agravamento
da situação nas cidades ou pela conscientização.”
Para o professor da UnB, que troca o carro pela
bicicleta sempre que possível, a sociedade
tem que pressionar o Poder Público para a
mudança de foco dos investimentos em transporte.
“A prioridade das políticas públicas
têm sido o transporte individual, não
o coletivo. Mas o fato de as pessoas começarem
a experimentar o quanto é agradável
andar a pé ou de bicicleta ajuda a desenvolver
a crítica e elas passam a cobrar dos governos”.
+ Mais
Ibama vai reforçar proteção
de árvore que nasceu de semente enviada à
Lua
21/09/2011 - 6h47
Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Para comemorar o Dia da Árvore,
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) vai reforçar
hoje (21) a proteção de um exemplar
especial do bosque da sede da entidade em Brasília:
a árvore da Lua. A Liquidambar styraciflua
plantada no Ibama, conhecida popularmente como sweet
gum, liquidâmbar ou árvore do âmbar,
nasceu de uma semente que viajou à Lua na
missão espacial norte-americana Apollo 14,
em 1971.
O exemplar do Ibama foi plantado em 1980 e é
uma das centenas de árvores da Lua espalhadas
pela Terra, a maioria nos Estados Unidos, inclusive
uma plantada na Casa Branca. As sementes – mais
de 400 – foram levadas ao espaço pelo astronauta
Stuart Roosa para avaliar o efeito da gravidade
zero e da alta radiação sobre as árvores
que cresceriam a partir delas.
Na volta da missão, as sementes foram germinadas
pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos
e distribuídas por cidades americanas e alguns
países, entre eles o Brasil, a Suíça
e o Japão. Além da liquidâmbar
do Ibama em Brasília, há outra árvore
da lua em solo brasileiro: um pau-brasil plantado
no município de Santa Rosa, no Rio Grande
do Sul.
A árvore da Lua do Ibama será declarada
imune ao corte, conforme prevê o Artigo 7°
do Código Florestal Brasileiro, que garante
a proteção incondicional a uma arvore
reconhecida por ato do Poder Público, “por
motivo de sua localização, raridade,
beleza ou condição de porta-sementes”.