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CHEVRON: SUA SUJEIRA, NOSSO PROBLEMA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2011

Transparência e providência. Esses são os dois principais pedidos endereçados à petroleira Chevron sobre o vazamento de óleo que, há mais de uma semana, atinge a Bacia de Campos, no norte do Estado do Rio de Janeiro.

Com banners que diziam “Chevron: sua sujeira, nosso problema”, os ativistas do Greenpeace realizaram, na manhã desta sexta-feira, um protesto diante do prédio onde ficam os escritórios da petroleira, no centro do Rio. Eles despejaram barris de “petróleo” – na verdade uma substância produzida com tinta atóxica – para lembrar que as causas do vazamento e os planos da empresa para contê-lo e reduzir seu impacto na biodiversidade da costa fluminense continuam muito mal explicados.

“O Greenpeace quer transparência da Chevron e dos órgãos do governo a respeito do acidente. As informações que se tem até agora são contraditórias. A empresa minimiza o problema. Mas a mancha de óleo pode ultrapassar 160 quilômetros quadrados de extensão”, afirma Leandra Gonçalves, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.

“Surpreende que a empresa não tenha se prontificado a levar a imprensa e organizações da sociedade civil até o local do acidente e até agora tenha se limitado a soltar comunicados vagos sobre o que está acontecendo na costa do Estado do Rio”, diz ela. “Tanto segredo é um sinal de que a Chevron não tem um plano de segurança adequado. O Brasil não pode virar o Golfo do México.”

Dona da marca Texaco no Brasil, a norte-americana Chevron detém uma concessão para explorar três poços de petróleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos, localizado a 370 km da costa do Rio. O vazamento foi detectado no dia 8 de novembro e desde então, nem a Chevron, nem a Agência Nacional do Petróleo (ANP) souberam indicar suas causas reais.

O tamanho inicial do vazamento foi estimado pela ANP em 330 barris por dia, ou 50 mil litros de óleo. Mas imagens de satélite obtidos pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) indicam um vazamento dez vezes maior. A extensão da mancha vista do espaço levam a um cálculo de 3,7 mil barris de óleo por dia – quantidade próxima a identificada no início do vazamento do Golfo do México.

O triste episódio da exploração de petróleo em alto-mar que pôs a Chevron no radar dos brasileiros, espalhou óleo por uma área que serve de rota migratória para uma longa lista de espécies de baleias – bryce, piloto, minke-anil, cachalote, francas e jubartes. E é um duro alerta para a necessidade do país de proteger suas jóias de biodiversidade marinha como os Abrolhos, na costa da Bahia.

Maior recife de corais do Hemisfério Sul, Abrolhos é tão importante como recurso natural que foi transformado em Parque Nacional em 1983. É ele que garante a riqueza da pesca e os benefícios do turismo para grande parte do litoral nordestino. E a exploração de petróleo está chegando lá. “O acidente o poço da Chevron é um recado eloquente em favor de uma moratória na exploração petrolífera nos Abrolhos”, diz Leandra.

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O tamanho do estrago

Completada uma semana desde que veio a público o derrame de petróleo da empresa Chevron no Campo de Frade, na Bacia de Campos, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) finalmente se pronunciou e estima que o vazamento possa chegar a mais de 330 barris, ou mais de 50 mil litros de petróleo a cada 24 horas. Primeiro vazamento desse tipo no Brasil, o acidente reproduz a história do Golfo do México. Por sinal, a plataforma SEDOC 706, que perfura os três poços da Chevron de onde saiu o vazamento, é da mesma empresa que operava com a BP no triste episódio mexicano, a Transocean.

A área da mancha de óleo avistada em alto-mar, e que já foi detectada pelos satélites da Nasa, foi estimada pela Chevron no último domingo em 163 quilômetros quadrados. No entanto, após ver as imagens divulgadas pela Nasa, o geógrafo John Amos, diretor do site SkyTruth, especializado em interpretação de fotos de satélites com fins ambientais, concluiu que o derrame pode chegar a 3.738 barris por dia, mais de dez vezes o que a ANP afirmou. Com isso, não se pode confiar em mais nada.

“A causa ainda é desconhecida. A Chevron declara que o vazamento é resultado de uma falha natural na superfície do fundo do mar, e não no poço de produção no campo de Frade. Mas essa falha natural não aparecia no Estudo de Impacto Ambiental (EIA). O que aconteceu em Frade para a ‘falha natural’ começar a jorrar petróleo? Onde está o EIA de Frade, para que a população possa acessá-lo?”, questiona Leandra Gonçalves, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.

A ANP aprovou, no último domingo, o Plano de Abandono apresentado pela Chevron para o poço 9-FR-50DP-RJS, onde ocorreu o vazamento. O plano prevê usar lama pesada para fechá-lo. Em seguida será usado cimento para extinguir o poço de forma definitiva. Segundo o cronograma previsto, o vazamento deverá ser controlado nos próximos dias e o procedimento deve ser concluído até a próxima semana.

Na semana passada, logo que o vazamento veio à tona, a presidente Dilma Rousseff determinou “atenção redobrada e uma rigorosa apuração das causas do acidente, bem como de suas responsabilidades”.

“A declaração da presidente indica alguma preocupação do país com casos como esse, mas ainda falta seriedade, agilidade e transparência à ANP, que apenas ontem divulgou qualquer tipo de informação sobre o vazamento à população. Esperamos agora que as autoridades públicas cumpram sua ordem e sejam transparentes com as informações”, afirmou Leandra.

Enquanto isso, a população se pergunta se a ANP recebeu as imagens da mancha, e se continua a considerá-la um “pequeno vazamento”. A foto da Nasa é uma prova de que não são apenas umas gotas inofensivas, mas uma imensa mancha negra de óleo no meio do oceano.

Em nota, a ANP responsabiliza inteiramente a Chevron pelo acidente e pela contenção do vazamento. No entanto, a Petrobras detém 30% da produção, e mesmo assim não foi nem sequer perturbada. Além de não ter oferecido à população informações claras sobre o caso e suas possíveis conseqüências, a petroleira possui uma estrutura de contenção insuficiente, e por isso está sendo socorrida por outras empresas do ramo.

“Vazamentos como este mostram que a exploração de petróleo em alto-mar não é segura nem no Golfo do México, nem no Brasil”, afirma Leandra. “Isso apenas reforça a necessidade urgente de uma moratória para a exploração do petróleo na região de maior diversidade do Atlântico Sul, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos”, conclui.


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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