Panorama
 
 
 

ELES APROVARAM O DESMATAMENTO

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Novembro de 2011

Depois de muitos acordos às escuras e nem tantos debates às claras, terminou hoje o enterro do Código Florestal nas Comissões do Senado. A rejeição à emenda que previa uma moratória de dez anos para o desmatamento na Amazônia desvendou as verdadeiras intenções do texto.

A emenda do desmatamento zero foi rejeitada primeiro pelo relator e representante do governo, Jorge Viana (PT-AC), e depois pelos senadores. Apenas Aloysio Nunes (PSDB-SP), Pedro Taques (PDT-MT), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Valdir Raupp (PMDB-RO) votaram a favor. Este último, autor da emenda, lembrou que, durante todo o debate, até a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) se disse contra novos desmatamentos, e mesmo assim, todos se opuseram à medida.

“O senador Randolfe afirmou que a emenda era a chance de colocar o bonito discurso de que não precisa mais desmatar no papel, mas é exatamente isso o que não acontece. No discurso, eles falam em salvar as florestas, mas na prática, votam a sua destruição. Com isso, cai a máscara: ruralista gosta é de ver floresta no chão, não em pé”, afirmou Marcio Astrini, da Campanha Amazônia do Greenpeace.

O acordo feito entre ruralistas e o governo para a aprovação do relatório foi mantido na votação das emendas e ficou explícito que estava tudo resolvido: o governo já tinha acatado o que o agronegócio exigiu, e as tentativas de diminuir os efeitos desastrosos do texto seriam derrotadas.

“Nada mudou. O texto continua ruim e a rejeição do desmatamento zero simboliza tudo. As exigências feitas pelo agronegócio de mudança do relatório foram todas rapidamente acordadas e acatadas pelo relator”, disse Astrini.

Outra emenda rejeitada foi uma que previa que as Reservas Legais deveriam continuar sendo registradas em cartório junto com os imóveis, pois a falta de registro dificultará o controle sobre as propriedades. A rejeição agrada aos desmatadores, que querem ficar invisível aos olhos do Estado.

A pressa em agradar os desejos ruralistas e votar a toque de caixa o texto do Código foi tamanha que acabou gerando uma grande confusão na reunião. Até os ruralistas ficaram surpresos com uma emenda que dificultava parte das anistias já concedidas. Mas os senadores Jorge Viana e Luiz Henrique (PMDB-SC) prontamente os tranquilizaram, afirmando que resolveriam o mal-entendido no plenário da Casa.

A votação no plenário do Senado está prevista para a próxima semana. Depois disso, ela retorna à Câmara e em seguida vai à sanção presidencial. Mas a presidente parece já ter esquecido suas promessas verdes de campanha.

Ontem, enquanto o Senado acabava com a lei ambiental, Dilma foi ao evento dos 60 anos da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). A aliança feita entre os ruralistas e o governo foi selada num abraço entre a presidente e a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). Dilma deveria lembrar da promessa que fez a seus eleitores, que não permitiria mais desmatamento. Ainda dá tempo.

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Madeira, crime e violência

O Porto de Caen, na França, amanheceu nesta segunda-feira com uma de suas partes isoladas. Com uma fita amarela onde se lia “Cena do crime contra floresta”, ativistas do Greenpeace chamaram atenção para um carregamento de madeira vindo da floresta tropical da República Democrática do Congo, na África. As enormes toras, retiradas pela empresa Siforco – braço madeireiro do grupo alemão Danzer no país africano –, guardam uma sequência de crimes ambientais e de desrespeito aos direitos humanos.

A história foi levada à tona por meio do documento “Futuro roubado: conflitos e extração de madeira no Congo – o caso Danzer”, que o Greenpeace divulgou ao mesmo tempo em que acontecia a ação. O relatório conta casos da comunidade africana Yalisika, no vilarejo de Bosanga, que há anos sofre com a extração de madeira em sua área. A atividade sempre foi permeada por conflitos e violência contra os locais.

Foi o que aconteceu, por exemplo, no dia 2 de maio passado. Com o dia raiando, cerca de 60 policiais e militares chegaram ao vilarejo de Yalisika para inibir qualquer tentativa de resistência às madeireiras. Muitas pessoas foram espancadas, uma casa acabou completamente queimada e vários pertences foram retirados. Uma pessoa morreu.

Numa investigação, o Greenpeace descobriu que a Danzer tinha participação na violenta operação. “O que descobrimos é que a empresa está diretamente envolvida nessas violações de direitos humanos”, afirma Olivia Langhoff, diretora de campanhas do Greenpeace África. “A Siforco, pertencente ao Grupo Danzer, foi quem providenciou a logística, incluindo um caminhão e um motorista, e pagou os policiais que participaram dessa represália.”

O envolvimento da Danzer nesse tipo de incidente, porém, não é novidade por ali. Extraindo madeira no local desde 1993, a empresa já esteve relacionada a outros problemas. Em 2005, por força da legislação, acabou assinando um “termo de responsabilidade social” com os líderes locais, como forma de compensar os prejuízos que sua atividade deixa pelo caminho. Prometeram a construção de uma escola e assistência médica. Nunca cumpriram o compromisso, apesar de não terem parado nem um instante a exploração predatória da floresta. Do outro lado da linha, países como França e Alemanha também alimentam essa indústria, com dinheiro e subsídios.

“Esses casos terríveis de Yalisika mostram que a indústria madeireira não pode ser vista como solução, nem para a floresta, tampouco para a população que vive nela. Os países doadores devem parar de usar dinheiro público para financiar essa indústria e, em vez disso, apoiar um cenário alternativo de economia verde”, defende Irene Wabiwa, do Greenpeace África. “Essa triste história mostra como funciona a indústria madeireira no Congo.”

O envolvimento da Danzer nesse tipo de incidente, porém, não é novidade por ali. Extraindo madeira no local desde 1993, a empresa já esteve relacionada a outros problemas. Em 2005, por força da legislação, acabou assinando um “termo de responsabilidade social” com os líderes locais, como forma de compensar os prejuízos que sua atividade deixa pelo caminho. Prometeram a construção de uma escola e assistência médica. Nunca cumpriram o compromisso, apesar de não terem parado nem um instante a exploração predatória da floresta. Do outro lado da linha, países como França e Alemanha também alimentam essa indústria, com dinheiro e subsídios.

“Esses casos terríveis de Yalisika mostram que a indústria madeireira não pode ser vista como solução, nem para a floresta, tampouco para a população que vive nela. Os países doadores devem parar de usar dinheiro público para financiar essa indústria e, em vez disso, apoiar um cenário alternativo de economia verde”, defende Irene Wabiwa, do Greenpeace África. “Essa triste história mostra como funciona a indústria madeireira no Congo.”


 

Fonte: Greenpeace-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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