Panorama
 
 
 

FLORESTAS BRASILEIRAS DERROTADAS NA COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2011

23 Novembro 2011 Substitutivo apresentado pelo senador Jorge Viana e aprovado às pressas pela CMA confirma anistia a desmatadores e outros retrocessos. Apenas senador do PSOL votou contra

Bruno Taitson, de Brasília
A Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado impôs mais uma derrota às florestas brasileiras e aos recursos naturais do país. Foi aprovado, nesta quarta-feira (23/11), o texto substitutivo apresentado pelo senador Jorge Viana (PT-AC), relator da matéria, por ampla maioria na CMA. Apenas o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) votou contra a matéria.

O texto mantém, em sua essência, uma série de retrocessos advindos do substitutivo aprovado na Câmara dos Deputados, sob relatoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), como a anistia a crimes ambientais e a desobrigação de recompor áreas desmatadas em APPs e reservas legais.

Segundo a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, o Brasil sofreu uma derrota fragorosa na Comissão. “É mentira dizer que o texto é bom e que houve consenso entre ambientalistas e ruralistas, chegando-se ao chamado caminho do meio. Na verdade, foi trilhado o caminho da ampliação das devastações e do retrocesso, com patrocínio do Governo Federal e a omissão do Ministério do Meio Ambiente”, protestou.

Marina Silva ainda manifestou desapontamento com o relator da matéria na Comissão de Meio Ambiente, senador Jorge Viana. “Uma coisa é sermos derrotados pelo Aldo Rebelo, outra é ver os ruralistas celebrando um texto do nosso companheiro Jorge Viana. Fiquei por 16 anos no Senado e nunca vi uma unanimidade ruralista tão grande, hoje foi um dia muito difícil para mim”, lamentou a ex-senadora.

João Paulo Capobianco, ex-secretário de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, também criticou o texto aprovado. “Trata-se muito mais de um código agrícola do que de um código florestal. Foi uma grande decepção, especialmente porque o relator é uma pessoa que tinha um compromisso com o meio ambiente”, analisou.

Um dos pontos que mais despertou desconfiança em relação ao processo foi a pressa com que a matéria tramitou. O senador Jorge Viana leu o substitutivo na segunda-feira (21/11) e foram dadas menos de 48 horas para que as mais de 200 emendas apresentadas fossem analisadas, discutidas e votadas. Até poucos minutos antes da votação os senadores ainda não haviam recebido cópias de todas as emendas.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) lembrou que, quando o texto tramitou nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Ciência e Tecnologia (CCT) e Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado, não foi dado espaço para discutir o mérito do substitutivo, sob a promessa de que os debates mais aprofundados aconteceriam na Comissão de Meio Ambiente. Isso não aconteceu. “Não há motivo para tanto atropelo, não podemos votar algo de tamanha importância dessa forma. Estamos votando no escuro”, protestou.

O senador Randolfe Rodrigues pediu por reiteradas vezes que a votação fosse adiada, para que o texto e as mais de 200 emendas apresentadas pudessem ser avaliados e discutidos pelos senadores encarregados de votar a matéria. “O substitutivo lido pelo senador Jorge Viana anteontem já sofreu mudanças estruturais, muitos problemas persistem no texto. Não podemos votar desta maneira”, disse. Porém, o presidente da Comissão, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), ignorou o pedido de Randolfe Rodrigues e o regimento interno do Senado, determinando o andamento da votação.

Segundo o parlamentar do PSOL, é fundamental que a sociedade se envolva com o tema e exija que os senadores rejeitem o texto em plenário. A votação deve acontecer nas próximas semanas. Os ruralistas pretendem, ainda este ano, aprovar o substitutivo no Senado, em segundo turno na Câmara e obter a sanção da presidente Dilma Rousseff.

Dentre as mais de 200 emendas apresentadas, 77 foram destacadas para votação nesta quinta (24/11). Segundo Kenzo Jucá, analista de políticas públicas do WWF-Brasil, a maior parte delas tem o potencial de tornar o texto ainda pior do que o que foi aprovado nesta quarta. “Isso demonstra que o calendário adotado pelas comissões do Senado inviabilizou a formulação de um texto que proteja as florestas”, concluiu.

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Academia debate metas para biodiversidade

23 Novembro 2011 Enquanto a reforma do Código Florestal - que trará impactos profundos nos diversos ecossistemas brasileiros - tramita no Senado, mais de 60 professores e pesquisadores brasileiros, representando o setor acadêmico, participaram do encontro Diálogos sobre Biodiversidade: construindo a estratégia brasileira para 2020. O papel da ciência, os impactos das mudanças no Código Florestal na conservação da biodiversidade e a oportunidade do Brasil na nova economia verde dominaram o debate.

Entre as críticas dos pesquisadores está a de que caso seja aprovado nos moldes atuais o projeto de reforma do Código Florestal não garantirá a conservação das florestas e de ecossistemas sensíveis e não evitará novos desmatamentos, o que pode comprometer avanços realizados pelo Brasil e novas metas de conservação da biodiversidade.

Rubens Onofre Nodari, doutor em Ciências Agrárias e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, foi contundente ao afirmar que a reforma do Código Florestal coloca em risco o meio ambiente e todas as conquistas do Brasil nos últimos anos.

“As faixas de mata em áreas de preservação permanente ao longo dos rios existentes hoje, por exemplo, já não são suficientes pra proteger nossos rios contra os contaminantes como agrotóxicos. E vão diminuir essa faixa de proteção ainda mais? Não há cabimento nisso”, afirmou.

Na avaliação de Rute Maria Gonçalves Andrade, secretaria-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a academia não poderia ficar ausente do debate sobre biodiversidade.

"A pesquisa em biodiversidade no Brasil é rica e temos que brigar pelo espaço e investimento para ampliar nossa atuação. Temos que aproveitar esse momento para mostrar o conhecimento produzido pela academia e o quanto poderemos interferir no progresso que se quer para o futuro do nosso país e para o futuro global", lembrou.

Riqueza ambiental
O Brasil é o detentor da maior biodiversidade do planeta, com grandes porções de florestas tropicais, diversos tipos de ecossistemas e a terceira maior extensão de área protegida do mundo, além de cerca de 12% do total de água doce disponível no planeta. Como economia emergente em um mundo que passa por transformações profundas, a riqueza natural deve ser vista como uma oportunidade para colocar o país como liderança na nova economia verde, sustentável e que considere o seu capital natural como diferencial competitivo.

O diretor executivo da Conservação Internacional, Fabio Scarano, provocou os participantes afirmando que novos campos de estudo e de geração de modelos desafiam a ciência a ser inovadora, com o olhar no futuro que deve ser construído com base na sustentabilidade dos ecossistemas.

“O Brasil terá de migrar o sucesso alcançado nas mesas de negociação internacionais para o chão, para o campo, construindo e colaborando para novas bases de conhecimento e desenvolvimento. E a ciência brasileira tem muito a contribuir”, afirmou.

Para Carlos Alberto de Mattos Scaramuzza, doutor em ecologia e superintendente de Conservação do WWF-Brasil, os Diálogos sobre a Biodiversidade são espaços de discussão fundamentais para colher as contribuições de diversas áreas da ciência.

“Esse momento deve ser valorizado por sua perspectiva histórica no estabelecimento de metas de conservação da biodiversidade e mecanismos que permitam grande participação da academia e de outros setores na governança das políticas públicas ambientais. A academia é o fiel da balança e traz uma contribuição essencial nesse debate”, afirmou.

Rio+20
Os Diálogos sobre a Biodiversidade são uma série de encontros setoriais promovidos pelo Ministério do Meio Ambiente, União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), WWF-Brasil e Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), para elaborar de forma participativa um marco legal e plano de ação para garantir a implementação das metas globais de conservação da biodiversidade para 2020 no Brasil.

O Brasil, assim como outros 193 países, tem o desafio de propor metas para a conservação da biodiversidade até 2020 e colocar em prática o Plano Estratégico da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), aprovado na 10ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica (COP-10), realizada em Nagoya, no Japão, em outubro de 2010.

Próximo encontro
O debate com representantes da comunidade científica foi realizado nos dias 17 e 18 de novembro, no Ministério do Meio Ambiente, em Brasília. Já foram promovidos encontros com o empresariado brasileiro, organizações da sociedade civil, comunidades locais e povos indígenas. A iniciativa Diálogos sobre Biodiversidade: construindo a estratégia brasileira para 2020 conta também com o apoio financeiro do Ministério do Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais do Reino Unido (Defra) e do Probio II, programa do Ministério do Meio Ambiente.

O próximo e último encontro será com o setor governamental nos dias 6 e 7 de dezembro. Em seguida, as contribuições dos diversos setores serão consolidadas e encaminhadas pelo governo à consulta pública.


 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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