25 Novembro 2011 Relatório
da Organização das Nações
Unidas divulgado no dia 23 de novembro mostra que
os esforços globais para reduzir as emissões
de gases de efeito estufa estão fora dos
trilhos no que diz respeito à necessidade
de os líderes globais fazerem progresso real
nas negociações de clima que começam
esta semana em Durban, África do Sul, de
acordo com o WWF.
O relatório Bridging the Emissions Gap (Reduzindo
as lacunas de emissões) foi publicado pela
autoridade mundial em temas ambientais, o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), e chega a conclusões graves sobre
a situação dos esforços de
redução das emissões globais,
além de apontar caminhos para resolver o
problema.
Samantha Smith, líder da Iniciativa Global
Clima e Energia do WWF, afirmou: "Esse relatório
deveria servir como um choque de realidade para
os negociadores que estão indo a Durban para
as negociações de clima. O relatório
mostra claramente que o mundo está se dirigindo
a níveis muito perigosos de mudanças
climáticas a menos que sejam tomadas medidas
decisivas imediatamente. A boa notícia é
que o PNUMA confirma que ainda podemos voltar para
o caminho correto se agirmos rápido para
acabar com o desmatamento e adotarmos fontes renováveis
de energia. As lacunas não são técnicas
ou econômicas – são lacunas de vontade
política e liderança".
"De forma realista, ninguém espera que
os governos eliminem essas lacunas completamente
em Durban, mas eles devem ao menos evitar que essas
lacunas sejam ampliadas por acordos que enfraqueçam
as regras de contabilização de carbono.
Nós já estamos no fundo do poço
e agora é hora de parar de cavar cada vez
mais fundo".
O relatório aponta que as emissões
globais até 2020 devem ser reduzidas a 44
GtCO2e – bem abaixo dos níveis atuais – para
que tenhamos alguma chance de manter o aumento da
temperatura na terra abaixo dos 2oC.
No entanto, ainda que as promessas mais ambiciosas
dos governos sejam plenamente implementadas, as
emissões ficarão 6 GtCO2e acima desse
nível – quase o equivalente às emissões
anuais dos Estados Unidos. Na prática, essa
diferença é ainda maior – de até
11 GtCO2e – por causa dos fracos compromissos e
das brechas na contabilidade de carbono nas metas
dos países desenvolvidos.
O PNUMA também conclui que ainda é
possível diminuir essas lacunas até
2020 e manter os níveis de aquecimento entre
1,5oC e 2oC, por meio da eficiência energética,
da promoção da energia renovável,
da redução do desmatamento e do aprimoramento
das práticas de agricultura. Ações
para diminuir emissões da aviação
internacional e de navios, que atualmente não
são reguladas, também poderiam ajudar.
Com base no relatório, todos os países
podem e devem fazer mais para diminuir essas lacunas,
de acordo com o WWF. A prioridade deve ser ampliar
a credibilidade das ações dos países
desenvolvidos ao eliminar as falhas na contabilidade
de carbono e nivelar as ambições de
combate às mudanças climáticas
com as evidências científicas. Por
exemplo, a União Europeia deve aceitar que
seu compromisso atual de cortar suas emissões
em apenas 20% até 2020 está ampliando
as lacunas. Os Estados Unidos, que ainda não
têm um plano factível nem mesmo para
alcançar sua fraca meta de redução,
precisam adotar um.
Notas aos editores
O WWF acredita que nas negociações
de clima de Durban, que começam no dia 28
de novembro, os governos podem adotar ações
concretas para começar a eliminar essas lacunas:
a. Devem acordar regras estritas para a contabilidade
de emissões provenientes do uso da terra
e do manejo de florestas e estabelecer limites para
o uso das permissões de emissões extras
obtidas no primeiro período dos compromissos
do Protocolo de Quioto.
b. Devem eliminar claramente a contagem dupla de
créditos de carbono, tanto para as metas
dos países desenvolvidos, quanto para as
metas voluntárias dos países em desenvolvimento.
Devem também eliminar balanços de
emissões que não representam reduções
reais e não promovam o desenvolvimento sustentável.
c. Devem fazer acordo sobre a necessidade de que
as emissões globais atinjam seu pico em 2015
e que em 2050 sejam 80% menores do que os níveis
globais de 11000.
d. Devem acordar novas e inovadoras fontes de financiamento
(como um mecanismo internacional para aviação
e navegação) que possam ajudar a financiar
esforços de redução de emissões
e adaptação aos impactos do clima
em países em desenvolvimento.
e. Devem fazer acordo sobre um segundo período
de compromisso com o Protocolo de Quioto e estabelecer
um mandato claro para um acordo com força
de lei e um cronograma que não elimine a
possibilidade de um pico de emissões cedo.