Panorama
 
 
 

RETROCESSOS MANTIDOS NO TEXTO QUE VAI A PLENÁRIO

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Novembro de 2011

24 Novembro 2011 Problemas principais dizem respeito à anistia a desmatamentos ilegais e à definição de áreas de preservação permanente. Polícia do Senado reprime, novamente, estudantes que se manifestavam de maneira pacífica
Bruno Taitson, de Brasília
A Comissão de Meio Ambiente do Senado aprovou nesta quinta (24/11), as últimas emendas ao substitutivo que propõe mudanças ao Código Florestal antes da votação pelo plenário da Casa. O documento, embora contenha avanços pontuais em relação ao substitutivo aprovado na Câmara dos Deputados, continua a anistiar desmatamentos ilegais realizados até julho de 2008 e flexibiliza os critérios para definição de áreas de preservação permanente (APPs).

Para o senador Randolfe Rodrigues PSOL-AP), único integrante da Comissão a votar contra a matéria na quarta-feira (23/11), o plenário do Senado precisa representar os interesses da sociedade brasileira e rejeitar o substitutivo. “O texto continua sendo uma séria ameaça às florestas brasileiras. Vamos à luta agora no plenário”, declarou. Ainda não há data marcada para a votação, mas os ruralistas pretendem aprovar a matéria no Senado e em segundo turno na Câmara , bem como obter a sanção da presidente Dilma Rousseff ainda este ano.

Repressão a estudantes

Os presentes no plenário onde acontecia a votação das emendas presenciaram mais um episódio de truculência protagonizado pela Polícia do Senado. Dois estudantes de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília ergueram, em absoluto silêncio, cartazes protestando contra a aprovação das mudanças ao Código Florestal. Foram imediatamente abordados por integrantes da Polícia do Senado, que tomaram os papéis das mãos dos estudantes e retiraram um deles do plenário, dizendo que qualquer tipo de manifestação era proibida.

Curiosamente, em todos os dias em que a matéria foi discutida e votada nas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), Ciência e Tecnologia (CCT), Argicultura e Reforma Agrária (CRA) e Meio Ambiente (CMA), representantes dos ruralistas levantavam cartazes e bandeiras e frequentemente vaiavam senadores contrários às mudanças no Código. Porém, em nenhum momento foram sequer abordados pela Polícia do Senado.

O senador Randolfe Rodrigues pediu a palavra e manifestou-se contrário à agressão contra os estudantes. Entretanto, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), que preside a CMA e coordenava os trabalhos, determinou, no microfone, que a Polícia do Senado tomasse os cartazes dos estudantes. Após o episódio atrair a atenção da imprensa presente e manifestações de indignação por parte de várias pessoas que assistiam a tudo, os estudantes puderam permanecer, embora sem alguns dos cartazes que haviam sido confiscados pelos policiais.

Ligia Boueres, aluna do sexto semestre de Engenharia Florestal, participava do protesto pacífico e foi ameaçada por um dos policiais. Ela afirmou ser favorável a uma reforma do Código Florestal, mas não da maneira como tem sido conduzida pelo Congresso. “O atual texto vai estimular novos desmatamentos e ameaçar espécies que dependem das florestas para sobreviver”, afirmou.

Liberdade de expressão

A estudante considera inaceitável a sociedade não poder se expressar no Senado. “Estão votando algo com que não concordamos, não podem nos impedir de mostrar, de forma pacífica, nosso ponto de vista”, criticou.

O senador Randolfe Rodrigues classificou como extremamente preocupantes os repetidos atos de repressão a estudantes e representantes do movimento social pela Polícia do Senado. “A livre manifestação do pensamento está garantida pela Constituição Federal e não pode ser coibida. Esses excessos são atentatórios à nossa Constituição”, criticou.

No dia 8 de novembro a Polícia do Senado agrediu covardemente, inclusive com uso de arma de choque, estudantes que protestavam pacificamente contra as mudanças no Código Florestal.

+ Mais

Manifestações continuam apesar da votação que prejudica o Código Florestal

24 Novembro 2011 A campanha #florestafazadiferenca promove nesta semana a 3ª Vigília pelas Florestas e acompanha, ao vivo pelo site www.florestafazadiferença.org.br, a votação na Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado Federal do PLC 30/2011.

Desde segunda-feira (21), as audiências dos senadores têm sido tumultuadas, por causa das divergências e do prazo mínimo de 48h – entre a leitura e a votação do relatório do senador Jorge Viana (PT-AC) – para discussão dos temas de extrema relevância sobre o meio ambiente, mostrando que não houve o debate ambiental suficiente prometido anteriormente pelos relatores do substitutivo do Código Florestal.

O fato é que o substitutivo, que propõe mudanças ao Código Florestal, lido na Comissão de Meio Ambiente (CMA) pelo relator da matéria, senador Jorge Viana, não alterou pontos essenciais como a anistia a crimes ambientais, permitindo a não recuperação de áreas de preservação permanente e de reserva legal ilegalmente desmatadas.

Marina reclamou da pressa na aprovação do relatório. "Foi aprovado de forma açodada, 201 emendas foram apresentadas ao relatório do senador Jorge Viana e foram apreciadas em menos de duas horas. Então foi uma votação açodada. O relatório foi apresentado na segunda-feira, com um dia só de intervalo [para a votação] e foi aprovado com anistia para desmatadores", disse.

Também conscientes da gravidade da situação, estão pressionando e marcando presença importantes organizações da sociedade civil que se uniram e criaram o Comitê em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento, que atualmente conta com quase 200 integrantes incluindo CNBB, CUT, Via Campesina, OAB, Greenpeace, WWF-Brasil, ISA, IDS, SOS Mata Atlântica, entre outros.

Além disso, mesmo com dificuldades para entrar no Senado e, ainda, sofrendo confronto com a polícia legislativa, estudantes da UnB e integrantes do Comitê Universitário protestam, nesta quinta-feira (24), contra as mudanças na legislação ambiental e chamam atenção para a causa. Eles também alertam contra a construção da Usina de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará.

Marina Silva pressionará Dilma

Em seu blog, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirma que o texto apresentado na CMA "é bom, para quem desmatou. Se os ajustes não forem incorporados, restará somente a pressão sobre a presidente Dilma Rousseff, para que cumpra o compromisso assumido durante as eleições de 2010 e vete os dispositivos que anistiem desmatamentos ilegais ou reduzam áreas protegidas”.

Após a votação na quarta-feira (23/11), Marina anunciou que fará campanha para pressionar a presidenta Dilma Rousseff a vetar o projeto aprovado pelas comissões do Senado e que irá para o plenário antes de voltar para nova análise na Câmara dos Deputados antes de ter sanção ou veto presidencial. "Diante do que aconteceu aqui, só nos resta a campanha para que a presidente Dilma cumpra com o acordo que assumiu com a sociedade brasileira de que vetaria qualquer anistia para desmatador", afirmou Marina.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) também afirmou que vai tentar impedir a aprovação do texto no plenário da Casa, e caso não consiga, pedirá à presidente Dilma Rousseff que vete a proposta. "Vamos ao plenário continuar a resistência porque esse texto vai na contramão do mundo, que pensa em preservar as florestas e o meio ambiente para as gerações futuras. No Brasil estamos institucionalizando o desmatamento. Vamos pedir à presidente que vete o texto".

Para o Comitê Brasil, o cronograma, apressado e insuficiente para as discussões que um tema de tamanha importância demanda, atende apenas aos interesses dos ruralistas, que pretendem que o texto passe com o mínimo de alterações possíveis e seja finalizado ainda neste ano.

A mobilização continua e o site #florestafazadiferenca segue na coleta de assinaturas contra as mudanças. Participe! Faça você também a diferença nesta campanha em defesa das florestas e da biodiversidade.


 

Fonte: WWF-Brasil
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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