27/12/2011 - 9h19
Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O mundo está “perigosamente”
despreparado para lidar com futuros desastres naturais,
advertiu a agência de desenvolvimento internacional
da Grã-Bretanha. A
agência britânica informou que o despreparo
é causado pela ausência de contribuição
dos países ricos ao fundo de emergência
mundial.
O fundo de emergência é
uma iniciativa da Organização das
Nações Unidas (ONU), criada como resposta
a tsunamis, com o objetivo de auxiliar regiões
afetadas por desastres naturais.
De acordo com informações
de funcionários da ONU, o fundo emergencial
sofre com um déficit equivalente a R$ 130,5
milhões para 2012.
A escassez do fundo, segundo especialistas,
tem relação direta com a série
de tragédias naturais que ocorreram ao longo
de 2011, como o tsunami seguido por terremoto no
Japão; a sequência de tremores de terra
na Nova Zelândia, enchentes no Paquistão
e nas Filipinas e fome no Chifre da África.
Ontem (26) peritos japoneses e
estrangeiros concluíram que medidas de precaução
adequadas poderiam ter evitado os acidentes radioativos,
na Usina de Fukushima Daiichi, no Nordeste do Japão,
em 11 de março deste ano. Na ocasião,
um terremoto seguido por tsunami causou danos nos
reatores da usina provocando explosões e
vazamentos.
A conclusão foi divulgada
durante um painel de peritos no Japão. Nos
debates, os especialistas disseram que os acidentes
demonstraram a necessidade de ampliar as medidas
de prevenção referentes às
ações de emergência relativas
à usina. Segundo eles, houve falhas no que
se refere às influências de terremotos
e tsunamis na estrutura física da usina.
+ Mais
Nível do mar sobe cada
vez mais rápido no litoral norte de São
Paulo ameaçando cidades costeiras
28/12/2011 - 15h56
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Sobe cada vez mais rápido
o nível do mar no litoral norte de São
Paulo, aponta pesquisa coordenada pelo professor
do Departamento de Engenharia Hidráulica
e Ambiental da Universidade de São Paulo
(USP), Paolo Alfredini. Com base nos registros feitos
de 1944 a 2007 pela Companhia Docas do Estado de
São Paulo, em Santos, Alfredini constatou
uma elevação do mar de 74 centímetros
por século. Também foi analisada a
documentação de outras instituições
em Ubatuba, São Sebastião e Caraguatatuba
.
Nas últimas décadas,
no entanto, o avanço das águas marítimas
foi mais rápido. “Nos últimos 20 anos,
analisando esses dados, a gente nota que tem havido
uma aceleração. Isso aparentemente
está ligado ao fato que as temperaturas têm
aumentado mais nesse período”, ressaltou
o professor. Com isso, a estimativa de Alfredini
é que neste século o nível
do mar suba cerca de 1 metro.
Um aumento desse nível
significa, segundo Alfredini, a perda de 100 metros
de praia em áreas com declividades suaves.
Essa aproximação das águas
pode colocar em risco construções
à beira-mar. “A quebra da onda vai ficar
muito mais próxima das avenidas, onde existem
ocupações urbanas. Vai começar
a solapar e erodir muros”, disse. “Tubulações
que passem perto da praia, como emissários
de esgoto, interceptores de águas pluviais,
podem vir a ser descalçados e eventualmente
até romper”, completou.
Outro fator que ameaça
as construções costeiras, verificado
no estudo, é o aumento da altura das ondas
nas ressacas e tempestades marítimas, além
do aumento da frequência desses fenômenos.
“Havendo um recrudescimento das ondas, isso também
vai provocar mais erosões [nas praias]”,
alertou o pesquisador.
A elevação do nível
do mar poderá ainda, segundo Alfredini, causar
problemas para o abastecimento de água em
algumas cidades. Segundo ele, esse processo tende
a causar um aumento no volume de água que
se infiltra nos rios. “ Portanto, as tomadas de
água para abastecimento público e
industrial poderão começar a receber
água com maior teor de salinidade. E isso
pode começar a complicar ou inviabilizar
o tratamento da água”.
Para amenizar esses problemas,
o pesquisador aponta a necessidade de preparação
das cidades afetadas, com a construção,
por exemplo, de obras de defesa costeira. “Tem que
ter nesses governos municipais, principalmente,
que estão em áreas de extremo risco,
consciência de que isso é uma realidade”.