22 Dezembro 2011 - O Brasil
é o segundo país com maior área
de floresta no mundo e tem a maior área de
floresta tropical contínua. Isso significa
uma enorme responsabilidade na manutenção
do clima global, afinal estoca uma grande quantidade
de carbono em suas florestas, e um potencial considerável
para exploração econômica de
produtos das florestas, sejam elas plantadas ou
nativas, tais como energia, papel e madeira.
Um estudo lançado pelo
Serviço Florestal Brasileiro e o Instituto
de Pesquisa Ambiental (Ipam) indica que o investimento
em produção madeireira sustentável
em florestas públicas pode ser a solução
tanto para o crescimento econômico como para
a conservação das nossas florestas.
O estudo Florestas Nativas de
Produção Brasileiras indica que a
média da demanda por madeira proveniente
de florestas nativas existente hoje exigiria uma
área de 36 milhões de hectares em
um ciclo de 30 anos. O estudo ainda ressalta que
a produção em áreas particulares
– cada vez menor resultante de ações
de fiscalização e controle - e em
unidades de conservação de uso sustentável
– não é suficiente para suprir essa
demanda.
Para os autores da pesquisa, a
saída é aproveitar as florestas em
áreas públicas tanto federais como
estaduais que não tem destinação,
ou seja, não tem um uso especifico definido,
e transformá-las em florestas nacionais e
estaduais, categorias de unidades de conservação
onde é possível utilizar os recursos
de maneira sustentável e com grande produtividade.
De acordo com o estudo, a Amazônia brasileira
conta com cerca de 64 milhões de hectares
de terras públicas não destinadas.
Em uma análise de quanto dessa área
poderia ser destinada à criação
de florestas públicas – excluindo áreas
muito povoadas, menores de 15 hectares, proximidade
de estradas e de áreas desmatadas – chegou-se
à conclusão que aproximadamente 40
milhões de hectares poderiam ser transformados
em florestas públicas federais e estaduais
com capacidade de produção madeireira
a partir de manejo.
“Propiciar o acesso a fontes legais e sustentáveis
de madeira é fundamental para o desenvolvimento
de uma economia florestal forte, com escala de mercado,
benefícios sociais e esforços de conservação”,
afirmou Paulo Moutinho, diretor executivo do Ipam.
Para o coordenador do programa
Amazônia do WWF-Brasil, Mauro Armelin, que
participou da mesa de discussão do lançamento
do estudo, esse trabalho é muito importante
para trazer à tona a discussão do
nosso potencial de produção madeireira
em florestas públicas. “O Brasil tem uma
enorme capacidade que não está sendo
aproveitada. Além de destinar áreas
para florestas públicas, é preciso
permitir que as florestas que já existem
cumpram seu papel. E para isso o país tem
que ser mais efetivo em muitos aspectos, como por
exemplo, nos processos de concessões para
exploração da madeira nessas áreas”,
afirmou Armelin.